Paralisação dos rodoviários afeta comércio e construção

A greve dos rodoviários, suspensa ontem, acabou causando uma série de transtornos para o setor produtivo de Belo Horizonte. Em dois dias de paralisação, o movimento no setor varejista recuou 10%. Na construção civil, que responde por cerca de 10% dos usuários do transporte público na capital mineira, 50% dos funcionários foram afetados.
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) estima um recuo de 10% nas vendas nesses dois dias de greve dos rodoviários. Segundo o presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, houve um impacto significativo para o setor. “Em uma estimativa geral, o comércio da Capital movimenta R$ 81 milhões por dia, e sem a movimentação na região Central esse valor geral é impactado, especialmente na semana de Black Friday”, explica.
A estratégia de alguns lojistas, de acordo com a CDL-BH, é criar alternativas de transporte para os funcionários. “Registramos que alguns empresários estão contratando vans e outros estão autorizando o transporte por meio de veículos de aplicativos. Os funcionários são reembolsados com esses gastos”, esclarece Marcelo de Souza e Silva.
Com a suspensão da greve, o presidente da CDL-BH disse que “prevaleça o bom senso e todas as partes façam um acordo para terminar definitivamente com a greve. E reiteramos a necessidade da participação da Prefeitura como mediadora desse processo”.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
O diretor da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Renato Ferreira Machado Michel, conta que a greve dos rodoviários impactou fortemente o serviço da construção civil. “Isso porque todo o serviço é interligado, ou seja, um depende do outro. Se falta um funcionário, toda a cadeia produtiva fica comprometida”, explica.
Renato Michel ressalta que, para diminuir a falta dos funcionários, muitas construtoras adotaram o vale-combustível e a carona solidária. “Adotamos essa prática no pico mais grave da pandemia da Covid-19. Para quem tem veículo próprio e mora próximo de outros colegas de trabalho, estamos pedindo a carona solidária. E tudo isso será reembolsado para o trabalhador”.
O diretor da Federação do Comércio de Bens, Serviço e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Rony Rezende, comemorou a suspensão da greve pelos rodoviários. “Vamos garantir que os funcionários e os clientes consigam participar da liquidação da próxima sexta-feira (26) e esperamos que a situação da greve seja definitivamente resolvida”, opina.
Segundo dia de greve
Ontem, o Sindicato dos Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTRBH) suspendeu a greve até sexta-feira (26), data em que está marcada a próxima audiência entre os representantes dos trabalhadores e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH).
“Suspendemos a greve em respeito aos comerciantes que estão programados com o dia de ofertas da Black Friday e com a população que depende do transporte público. Porém, não vamos desistir dos nossos direitos trabalhistas. Esperamos que o sindicato patronal entregue uma proposta de reajuste salarial”, explica o presidente do STTRBH, Paulo César da Silva.
A assessoria de imprensa do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT) informou que o sindicato patronal deverá trazer uma proposta salarial nesse prazo. O prefeito Alexandre Kalil participou da reunião na tentativa de ajudar a conciliar as partes.
Nesse segundo dia de greve, os trabalhadores rodoviários não cumpriram com a liminar que determinava 60% da frota em circulação na cidade e muitos passageiros tiveram dificuldade em acessar os principais pontos comerciais da região do hipercentro da Capital.
Segundo o TRT, uma nova reunião está marcada para sexta-feira entre o sindicato patronal e o sindicato dos rodoviários para tentar chegar a um acordo a respeito do reajuste salarial da categoria.
Ouça a rádio de Minas