Economia

Passagens de avião impulsionam inflação em Belo Horizonte em novembro

Variação de 0,04% é influenciada pelos feriados de novembro e pela demanda maior em viagens
Passagens de avião impulsionam inflação em Belo Horizonte em novembro
Foto: Marco/Adobe Stock

Impulsionado, principalmente, pela alta dos preços das passagens aéreas, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo de Belo Horizonte (IPCA-BH), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou aumento de 0,04% em novembro deste ano, contra 0,57% de novembro do ano passado. O índice foi o quinto menor resultado mensal entre as 16 áreas pesquisadas. No País, a variação foi de 0,18%, a menor para o mês desde 2018.

O coordenador da pesquisa do IBGE em Minas Gerais, Venâncio da Mata, comenta que a inflação na RMBH tem oscilado no segundo semestre. No ano, apenas os meses de agosto (-0,26%) e outubro (-0,15%) registraram queda. “O que a gente pode observar da diferença do índice da RMBH para a média nacional é que o grupo Alimentação e Bebidas registrou uma queda maior na RMBH. Enquanto por aqui o índice caiu 0,15%, no Brasil a queda foi de 0,01%. Isso tem um peso”.

Em novembro, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), cinco grupos apresentaram variações positivas: Transportes (0,45%), Vestuário (0,43%), Despesas pessoais (0,15%), Saúde e cuidados pessoais (0,12%) e Habitação (0,10%). Por outro lado, quatro grupos apresentaram deflação: Artigos de residência (-1,73%), Comunicação (-0,37%), Alimentação e bebidas (-0,15%) e Educação (-0,03%).

Transportes puxam alta

No grupo Transportes, a passagem aérea (15,51%) provocou o maior impacto individual positivo no índice em novembro: 0,08 ponto percentual (p.p.). “As passagens aéreas oscilam conforme a demanda. A gente observa que, em períodos de maior procura, elas aumentam. E em novembro tivemos os feriados da Proclamação da República e da Consciência Negra, que podem ter impactado”, comenta.

Ainda no grupo Transportes, o analista do IBGE destaca os aumentos do ônibus intermunicipal (5,78%) e do conserto de automóvel (2,28%), impactando o índice em 0,02 p.p. e 0,05 p.p., respectivamente. Do lado das quedas, o destaque foi a gasolina (-0,92%).

Em Vestuário (0,43%), as roupas foram os itens que mais subiram (0,61%), impactando o índice geral em 0,02 ponto percentual. Já em Habitação (0,10%), o aluguel residencial subiu 0,73%; por outro lado, o gás de botijão caiu 1,66%.

No grupo Alimentação e bebidas (-0,15%), os destaques foram as quedas do tomate (-17,30%), arroz (-4,85%), leite longa vida (-3,77%) e café moído (-2,07%). Pelo lado das altas, houve reajustes importantes, como o da banana-prata (4,86%) e o das carnes (2,19%).

A alta de novembro contribuiu para que a variação acumulada em 12 meses alcançasse 3,81% na RMBH, configurando o quarto menor resultado entre as áreas de abrangência da pesquisa.

Inflação no Brasil é a menor para novembro desde 2018

No Brasil, no acumulado do ano, a inflação teve alta de 3,92% e, nos últimos 12 meses, de 4,46%. No mês de novembro, no entanto, o índice de 0,18% foi o menor desde 2018, quando houve queda de 0,21%.

Conforme avalia a economista da SulAmérica Investimentos, Mariana Rodrigues, o resultado veio alinhado ao que o mercado esperava, com um quadro ligeiramente mais favorável em serviços.

“O dado refletiu a queda nos preços de bens industriais, influenciada pelos descontos da Black Friday, somada à alimentação no domicílio, que continuou em trajetória deflacionária e ainda não registrou a pressão sazonal típica do fim do ano. Esse fator pode contribuir para manter a inflação abaixo da meta”, explica.

De forma geral, na avaliação de Mariana Rodrigues, foi um número sem novidades relevantes na composição, reforçando a continuidade do processo de desinflação gradual — mas com pontos de atenção, como o elevado patamar da inflação de serviços intensivos em mão de obra.

Para a política monetária, a economista afirma que o IPCA não altera o panorama. “Seguimos projetando cortes a partir de março”, informa.

Perspectivas

O economista-chefe da Fiemg, João Gabriel Pio, comenta que, para dezembro, o fim das promoções da Black Friday deve levar a alguma alta de preços de bens industriais. “No entanto, a definição da bandeira tarifária amarela pela Aneel trará algum alívio para os preços da energia elétrica e, por consequência, para o grupo de preços administrados”, detalha.

Por sua vez, conforme Pio, o início de 2026 será marcado pelo aumento do ICMS sobre a gasolina. Ato do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) determinou a elevação do imposto estadual a partir de janeiro, o que deve levar a repasses para o preço final no começo do próximo ano.

Além disso, o economista da Fiemg acredita que o preço da carne bovina provavelmente terá alta relevante em 2026, devido ao estágio atual do ciclo pecuário, com forte participação de fêmeas no abate. “Soma-se a isso a expectativa de uma safra de grãos mais fraca em 2026, que pode trazer alguma pressão de alta nos preços de alimentos”, ressalta Pio.

Nesse sentido, ele explica ainda que deve haver um movimento adicional de desinflação no próximo ano, que dependerá de um desaquecimento do mercado de trabalho e da consequente queda da inflação de serviços, em função do impacto contracionista da política monetária.

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