Pedidos de recuperação judicial aumentam 38% em Minas

Os pedidos de recuperação judicial continuam subindo em Minas Gerais. Conforme dados da Serasa Experian, entre janeiro e maio deste ano, foram registrados 47 requerimentos no Estado, volume 38% superior ao apurado no mesmo período do ano passado, quando foram 34 processos.
Do mesmo modo, o número de solicitações de falências segue em uma crescente. No acumulado dos primeiros cinco meses de 2023, foram protocolados 50 pedidos, montante 35% maior que o assinalado em igual intervalo de tempo do exercício anterior (37).
O mesmo cenário foi visto nos dados específicos de maio, inclusive, com significativos incrementos. No mês, os registros apontam 18 pedidos de recuperação judicial, uma alta de 300% frente ao mesmo período de 2022 (seis) e de 600% em relação a abril deste ano (três).
Nesse caso, porém, o volume de requerimentos de falências, cujo total em maio foi de seis, não teve uma expansão tão expressiva, uma vez que subiu 20% frente ao mesmo intervalo do ano anterior (cinco). E, além disso, teve uma queda de 45% ante o quarto mês deste ano (11).
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Juros elevados segue como o grande vilão
Segundo o coordenador do curso de Ciências Contábeis do Ibmec, Walter Morais, alguns fatores estão contribuindo para a alta nas solicitações de recuperação judicial e falência, não só em Minas, como no Brasil. Um dos principais, conforme ele, são os juros, que se mantêm em um patamar elevado, impactando, principalmente, as pequenas e médias empresas.
“Em maio, no Brasil, foram 119 pedidos de recuperação judicial para pequenas e médias empresas. Somando as duas, tem um total de 106, contra 13 de empresas de grande porte. E essas empresas são mais suscetíveis ao custo de capital, pois não têm acesso a juros mais baixos. O custo de capital efetivamente se torna mais caro para aqueles que possam ter um capital de giro mais viável para pagar as contas correntes”, salienta.
Morais ainda destaca que, nacionalmente, os setores de serviços e comércio, nessa ordem, foram os que mais entraram com requerimentos de recuperação judicial e falência no quinto mês do ano. Ou seja, os negócios que demandam efetivamente mão de obra, estão enfrentando dificuldades econômicas para manter seus recursos.
Reflexo da expansão da inadimplência das empresas
Na avaliação do economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, o aumento no volume de pedidos de recuperação judicial e falência é um reflexo da expansão da inadimplência das empresas, com início em meados do segundo semestre de 2021.
Segundo ele, a partir desse período até o começo deste ano, os negócios do Estado e do País acumularam uma grande quantidade de dívidas vencidas e não pagas, em um fenômeno de insolvência ou situação pré-falimentar, na qual não se vê outra forma de continuar existindo a não ser recorrer aos pedidos à Justiça para tentar fazer acordo financeiro junto aos credores.
De acordo com Rabi, o motivador para esse movimento de inadimplência também trata-se da elevada taxa de juros, que, segundo ele, afeta as empresas de duas formas.
“Primeiro, porque encarece todas as dívidas. Todos os custos financeiros ficam mais caros. Quando a empresa precisa de capital de giro, o custo fica mais elevado, então ela terá despesas financeiras maiores. Se ela precisa de financiamento, o custo está mais caro e as prestações ficam mais caras, mesmo que a quantidade de dívida seja igual. Há uma pressão sobre as despesas financeiras das empresas quando os juros aumentam”, diz.
“A outra forma é que os juros altos significam vendas menores e um crescimento econômico menor, ou pelo menor do que deveria ser. Isso prejudica a geração de caixa das empresas, porque com juros elevados, as empresas produzem e vendem menos. O crediário fica mais caro, então as pessoas compram menos, e consequentemente, as empresas também vendem menos. O aumento dos juros tem esse efeito negativo duplo nas empresas”, complementa.
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