Pequenas empresas esperam crescer com vendas de final de ano

A maioria das micro e pequenas empresas (MPE) do comércio mineiro espera um crescimento de 20% do faturamento com as vendas de final de ano. É o que mostra pesquisa realizada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas) com 731 microempreendedores individuais (MEI) e MPEs do Estado. O aumento da receita do setor será impulsionado pelas datas comemorativas, como Black Friday e Natal, o pagamento do décimo terceiro salário e das férias. Além disso, o consumo das famílias começou a voltar à normalidade após a pandemia.
O especialista em varejo do Sebrae Minas, Victor Mota, explica que o mercado de trabalho aquecido aumenta o consumo das famílias, que estão mais seguras para fazer compras. E com a recuperação econômica pós-pandemia, a população tem conseguido, aos poucos, diminuir o endividamento e a inflação geradas naquele período.
“Isso faz com que as pessoas fiquem um pouco receosas, mas elas já estão trazendo a sua vida para a normalidade. Já está tudo voltando a um fluxo normal de consumo, com pessoas buscando presentear, aproveitar o décimo terceiro, para um consumo um pouquinho maior nessa época do ano”, comenta Mota.
Entre micro e pequenos empreendedores impactados pelas datas comemorativas, 60% declarou que as vendas de final de ano vão aumentar o faturamento. Apenas 17% disse que diminuirá a receita e para 10%, não terá nenhum impacto.
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Entre os que esperam aumento no faturamento, 59% afirmam que o crescimento será de até 20%, quase um terço (31%) espera crescer entre 21% a 50% e apenas 5% dos respondentes esperam aumento superior a 50%. Os mais esperançosos entre os otimistas, que esperam crescimento de 80% a 100%, e até mesmo mais do que dobrar o faturamento, representam 3% cada.
“É uma época sazonal que as vendas aumentam naturalmente. Tem uma injeção de dinheiro na economia com o 13º salário, o pagamento das férias, muitas pessoas tiram férias nesse período”, comenta Mota.
Para o especialista, ainda não é o melhor momento, mas pode ser o recomeço de um mercado aquecido. “A perspectiva é de vender um pouquinho mais do em anos anteriores, com aumento de um, dois pontos percentuais, no máximo. Não tem otimismo muito grande em relação aos anos anteriores. Pode ser o começo de uma melhora, mas ainda não vai ser aquela melhora, que tem aquela percepção muito clara de que foi muito melhor do que o ano anterior”, aponta.
Planejamento
O especialista em varejo considera o planejamento dos pequenos negócios como fundamental neste fim de ano. Com uma concorrência maior de promoções e divulgação, é preciso abaixar a margem de lucro por produto, e, ao mesmo tempo, aumentar o volume. “Se não planejou e não reforçou o estoque, para ter um volume maior para vender nesse período, corre o risco de ficar sem produto. Corre o risco de fazer uma promoção, acaba o produto, e ao invés de lucro, vai dar prejuízo”, afirma.
Mota ressaltou que o planejamento de comunicação com o cliente também precisa ser construído. “Se não fiz um plano de marketing para saber como vou comunicar com o cliente, por qual canal, qual tipo de oferta, corre risco de não conseguir fazer essa mensagem chegar até ele, e não ter esse aumento de fluxo de cliente na loja, que outras empresas vão ter”, finaliza.
Mais e-commerce, menos funcionários
O levantamento realizado pelo Sebrae Minas mostra o que é apontado pelo especialista de varejo da entidade, Victor Mota, apontou como uma tendência: o crescimento do e-commerce nos pequenos negócios tem retirado funcionários do atendimento presencial das lojas.
Para quase metade do setor (49%), os investimentos para as vendas de final de ano estão focados em marketing digital e canais de vendas on-line. Os principais meios de divulgação de vendas apontados são redes sociais (88%), WhatsApp (77%) e site da empresa (20%). Apenas 11% preferem TV, rádio, jornais e revistas.
Mota esclarece que o marketing digital é o caminho mais acessível para MPEs, onde conseguem ter mais assertividade no investimento, ao se comunicar com um público mais definido. E pelos canais digitais, como o WhatsApp, o vendedor consegue atender os clientes de costume, que são mais fáceis de consumir do que os novos consumidores.
“Eu consigo dimensionar melhor minha verba de publicidade. Quando vou para canais tradicionais de marketing, não consigo esse direcionamento, são canais de massa. Se faço propaganda de rádio, outdoor, anúncio no jornal, vai para uma quantidade de pessoas muito grande, mas nem sempre são meu público alvo. Por isso micro e pequena empresas têm migrado para o marketing digital, por causa dessa assertividade do investimento”, disse.
Contratações na pequenas empresas no final de ano
Se há investimento no digital, por outro lado o número de empregados nas lojas tende a diminuir. Segundo a pesquisa, 82% dos pequenos negócios não irão contratar nenhum funcionário. E dos 18% que pretendem contratar, 29% contratarão apenas um funcionário, e 39% contratarão apenas dois.
O especialista conta que o e-commerce registra crescimento de dois dígitos há duas décadas. Boa parte dos consumidores se habituou a comprar on-line e não vai mais às lojas físicas. “Isso realmente tira clientes das lojas físicas, é inegável. Tira clientes e atendentes, porque se tenho fluxo menor de pessoas dentro da loja, preciso de menos pessoas para atendê-los. Consigo otimizar meu tempo. Então isso faz com que tenha um fluxo menor de pessoas, de clientes, e consequentemente exija uma quantidade menor de vendedores para atender esses clientes”, finaliza.
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