Pequenas empresas lideram retomada do emprego em Minas Gerais
O mercado de trabalho formal registrou forte recuperação em Minas Gerais no mês de setembro com protagonismo das Micro e Pequenas Empresas (MPEs). Na comparação com agosto, o saldo de empregos saltou de 677 para 11.897, uma elevação de 1657,3%, impulsionada pelos setores de serviços, comércio e indústria de transformação.
Com os resultados de setembro, a categoria passou a representar 98,9% do saldo total do Estado.
Os dados constam em levantamento realizado pelo Sebrae Minas, a partir do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
No acumulado de janeiro a setembro, as MPEs respondem por 71,7% das vagas criadas (118 mil postos). Segundo a análise, os dados refletem a potência dos pequenos negócios mineiros, mesmo diante de um cenário de juros elevados e crédito restrito.
O salário médio de admissão nas MPEs foi de R$ 2.017,04, valor R$ 24,22 inferior ao salário médio de desligamento (R$ 2.041,26). O diferencial negativo reflete uma tendência já analisada em meses anteriores e pode indicar que as novas contratações seguem ocorrendo em faixas salariais ligeiramente menores.
Quanto ao perfil admitido pelas micro e pequenas empresas em Minas Gerais, o levantamento do Sebrae aponta que mais da metade (57%) foram masculinas, comportamento semelhante ao registrado em agosto (56,5%). Já os jovens de 18 a 24 anos, bem como profissionais com médio completo, seguem como os grupos predominantes nas novas oportunidades de trabalho.
Menor dependência de capital de terceiros favorece setor diante de juros elevados
Para o economista e docente do Centro Universitário UniBH, Fernando Sette Jr, a atual política monetária, caracterizada por taxas de juros elevadas, segue exercendo influência significativa sobre o ritmo das contratações formais em Minas Gerais. Diferente das médias e grandes empresas, que dependem mais intensamente de financiamento bancário, as micro e pequenas empresas (MPEs), tendem a ser menos impactadas por operarem com estruturas mais flexíveis e menor dependência de capital de terceiros.
“Por esse motivo, notamos que esse grupo demonstra maior resiliência e capacidade de reação diante da melhora da demanda agregada”, acrescenta.
Além do menor impacto quanto aos juros elevados, o economista avalia que os pequenos negócios tendem a se beneficiar em períodos de crescimento econômico, aumento da renda e, consequentemente, da demanda por bens e serviços. Nesse cenário, o segmento tem papel essencial na geração de empregos e acompanha de perto as variações da economia mineira.
“O saldo expressivo de vagas em 2025, especialmente no mês de setembro, corrobora essa relação. A melhora do Produto Interno Bruto (PIB) mineiro, sustentada pela expansão do consumo interno e pela estabilidade industrial, tem se traduzido em maior geração de postos formais pelas MPEs”, acrescenta Sette Jr.
Contratação de temporários deve manter ritmo de oportunidades no último trimestre
Para o último trimestre, o levantamento do Sebrae projeta otimismo no setor, em linha com o crescimento observado em setembro. O motivo está atrelado ao ritmo de contratações temporárias, especialmente ligadas aos setores de comércio e serviços. A expectativa é que esse movimento compense, mesmo que parcialmente, o arrefecimento da indústria e da construção, setores mais sensíveis às condições de crédito e aos custos financeiros elevados.
No País, de janeiro a setembro, as MPEs criaram mais de 1,1 milhão de empregos, o que representa 66,8% do total. Em setembro, o destaque foi o setor de serviços, com 72,5 mil contratações, seguido pelo comércio (37,2 mil) e pela construção (27,2 mil).
“Já alcançamos a marca de geração de empregos maior que a do mesmo período do ano passado. E os pequenos negócios respondem rápido ao bom momento da economia, seja nos setores de serviços ou comércio”, finaliza o presidente do Sebrae, Décio Lima.
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