Perdas com as chuvas em Minas podem chegar a R$ 90 mi por dia

As chuvas que marcaram o início do ano em Minas Gerais não passaram despercebidas na indústria. A paralisação integral de atividades ou redução do potencial produtivo em diversas empresas geraram efeitos negativos a curto e longo prazo, já que muitas atividades devem se recuperar apenas no decorrer do segundo ou terceiro trimestres do ano, conforme avalia o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Marcos Marçal.
Os resultados para a economia das indústrias e dos municípios mais afetados é expressivo. Segundo estudo realizado pela Fiemg sobre os “Impactos econômicos e sociais das chuvas em Minas Gerais”, aquelas localidades que tiveram estradas interditadas, por exemplo, podem registrar prejuízos de até R$ 41 milhões por dia em que a produção foi paralisada apenas no setor industrial. Quando considerada toda a produção de bens e serviços, os municípios podem ter sofrido perdas diárias de até R$ 90 milhões.
Apesar da trégua percebida em alguns municípios que tiveram os últimos dias com sol, as chuvas das duas primeiras semanas terão impactos duradouros. “Alguns efeitos das chuvas podem perdurar porque muitas fábricas tiveram unidades alagadas e ainda temos cargas atrasadas devido às rodovias que foram interditadas em algum momento. A mineração, que chegou a parar totalmente, também está retomando de forma gradual”, afirma Marcos Marçal.
Ainda conforme explica o economista da Fiemg, a expectativa é de que a produção industrial que deixou de ser empenhada em janeiro volte à normalidade já em fevereiro ou março, caso não ocorram precipitações com os volumes recém-registrados. No entanto, ele lembra que em um setor como a mineração, que está mais exposto a acontecimentos sazonais, a compensação da produção costuma ocorrer entre o segundo e o terceiro trimestre do ano.
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Prejuízos em municípios
O levantamento realizado pela Fiemg considerou aqueles municípios em que o acesso foi interditado em meio às más condições ou impossibilidade de trânsito. Nesse sentido, o especialista Marcos Marçal lembra que o estudo não consegue mensurar a gravidade da situação, mas sim apresentar um panorama das perdas no que tange ao Produto Interno Bruto das cidades avaliadas.

“A gente se refere a essas cidades porque são as que mais foram afetadas. Mas o cálculo chega a ser conservador porque existe interação entre os municípios que fazem parte da cadeia industrial. Juatuba, por exemplo, tem integração econômica muito forte com Betim. Mas como Betim não ficou sem acessos e não teve suas atividades totalmente paralisadas, apesar de terem sido muito afetadas, não sabemos qual foi o impacto quando a atividade econômica em Juatuba ficou inoperante”, avalia Marçal.
De acordo com o especialista, é necessário avaliar, ainda, que as chuvas não impactam somente naquilo que é visível. Contudo, os fatores que resultam em prejuízos como os analisados estão na dificuldade de acesso dos funcionários aos postos de trabalho bem como na falta do transporte de carga que deixa a indústria sem rota para o escoamento.
No caso de Juatuba, o economista da Fiemg lembra que, em meio a esse cenário e aos fatores desencadeados pelos alagamentos, o município pode ter registrado perdas de R$ 3 milhões por dia no setor de produção de bens e serviços, sendo que, do montante, R$ 1,5 milhão diz respeito aos resultados da atividade industrial no local.
Já em Nova Lima, região também muito afetada pelas chuvas e que tem a indústria extrativa como principal atividade econômica, os prejuízos do que deixou de ser produzido pela indústria podem chegar a até R$ 17 milhões por dia.
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