Economia

Demanda por crédito avança e saldo das operações acumula R$ 580 bilhões em Minas

Investimentos em operações empresariais e consumo de bens duráveis, como veículos e imóveis ampliam demanda por crédito, tanto por empresas, quanto pessoa física
Demanda por crédito avança e saldo das operações acumula R$ 580 bilhões em Minas
Entre as pessoas físicas, a busca por crédito está concentrada no consumo de bens duráveis, como veículos e imóveis | Crédito: Reprodução Adobe Stock

O saldo das operações de crédito em Minas Gerais encerrou 2024 em R$ 580 bilhões, apresentando um crescimento real de 14,6% em 12 meses. Fatores como a alavancagem no segmento pessoa jurídica e investimentos em bens duráveis estão entre os principais motivos para o avanço.

A análise foi realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) a partir dos dados do Banco Central. O levantamento detalha que, no ano passado, houve um avanço real de 17,5% nas operações destinadas à pessoa física e de 15,1% para a pessoa jurídica.

Em dezembro, a demanda por crédito em Minas Gerais apresentou alta de 6,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior e de 4,7% no acumulado anual. O avanço foi superior ao registrado na média nacional, que obteve alta de 5% e 2,3%, respectivamente.

De acordo com o analista da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg, Aguinaldo de Lima Assunção, a demanda por crédito em Minas Gerais, tanto para as empresas quanto para as pessoas físicas, tem apresentado crescimento nominal constante nos últimos anos.

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Entre as pessoas físicas, o analista pontua que a busca por crédito está concentrada no consumo de bens duráveis, como veículos e imóveis. Além disso, uma parcela considerável utiliza o montante para o refinanciamento de dívidas, impulsionada pelo aumento do custo de vida no Estado.

Já as empresas, segundo ele, necessitam de crédito para sustentar as operações, com demanda contínua por capital de giro. O valor também é empregado para a realização de investimentos em modernização e expansão, principalmente no segmento industrial.

O segmento de micro e pequenas empresas registrou a maior demanda por crédito, com um aumento de 5,4% em dezembro em relação ao ano anterior. “A maior procura por crédito entre micro e pequenas empresas no final do ano se deve à necessidade de reposição de estoque e ao pagamento do 13º salário, enquanto as grandes empresas, com maior capacidade de planejamento, buscam crédito para estratégias de longo prazo”, destaca Assunção.

Setores de serviços e comércio apresentam resultados contrastantes na procura por crédito

No período, o setor de serviços registrou o maior crescimento na demanda por crédito no País, com alta de 9,5% em dezembro e de 3,8% no acumulado anual. Segundo o analista, segmentos como turismo, hotelaria e eventos – que seguem em recuperação pós-pandemia – foram impulsionados a captar maior crédito para cobrir despesas operacionais, contratações e pagamento de salários.

Além disso, a transformação digital tem exigido investimentos massivos em tecnologia, serviços digitais, inteligência artificial e automação. “Essa necessidade de modernização e inovação segue ampliando a busca por financiamentos no setor”, ressalta.

A indústria (4,1%) e outros segmentos (3,4%) também apresentaram alta na demanda em dezembro e avançaram 1% e 10%, respectivamente, no ano. Por outro lado, o comércio (-0,5%) apresentou ligeira retração no mês, apesar do crescimento de 0,4% no acumulado anual.

O setor, cuja participação é significativa no Produto Interno Bruto (PIB), enfrenta um cenário desafiador. Segundo Assunção, o comércio segue impactado pelo endividamento crescente das famílias, bem como pelas taxas de juros elevadas, que restringem o consumo e reduzem a necessidade de financiamento para estoques e capital de giro.

Apesar das altas recorrentes na taxa básica de juros (Selic) – que atualmente está em 13,25% ao ano e pode chegar a 15% até junho –, a expectativa é que o mercado de crédito continue aquecido nos próximos meses. “Esse cenário gera incertezas sobre o comportamento das empresas e das famílias, que mantêm demandas constantes por crédito, seja para investimentos empresariais, seja para consumo familiar”, finaliza Assunção.

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