Empresa avalia ativos da Mubadala na Bahia

São Paulo – A Petrobras afirmou na sexta-feira (22) que avaliará aquisição de participação acionária em ativos de refino e biorrefino da Mubadala Capital na Bahia, assim como parcerias estratégicas no segmento. O anúncio reacendeu as especulações sobre a possibilidade de a Petrobras recomprar a refinaria de Mataripe, que vendeu sob gestão anterior à Mubadala em 2021 por US$ 1,65 bilhão.
Desde que Luiz Inácio Lula da Silva se tornou presidente em janeiro, membros de seu governo sugeriram que a Petrobras recompraria alguns ativos de refino para aumentar sua produção de combustíveis. Um estudo sobre o assunto foi reportado pela Reuters em agosto de 2022, ainda no período eleitoral.
A Mubadala Capital, de Abu Dhabi, controla por meio da Acelen a Refinaria de Mataripe (ex-Rlam), adquirida da Petrobras, e a Acelen Energia Renovável. A Petrobras não detalhou se as negociações incluíam a recompra total de Mataripe, que responde por mais de 10% da capacidade de refino de petróleo do Brasil.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, apoiou a recompra da Mataripe em setembro, enquanto o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, disse no mês passado que era “uma possibilidade’.
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A informação foi divulgada em nota ao mercado pela Petrobras na sexta-feira após a empresa ter recebido comunicação da Mubadala propondo “a formalização de discussões recentes sobre a formação de potencial parceria estratégica para o desenvolvimento do downstream no Brasil”. A iniciativa tem como escopo negócios voltados ao refino tradicional, bem como o desenvolvimento de uma biorrefinaria, ambas na Bahia, segundo a Petrobras.
A estatal disse que a correspondência do grupo de Abu Dhabi traz os principais termos e condições da eventual parceria. “A proposta ainda será objeto de avaliação interna pela Petrobras”, afirmou a empresa, reforçando que eventuais decisões de investimentos deverão passar pelos processos de planejamento e aprovação previstos nas sistemáticas aplicáveis, ficando em linha com seu Plano Estratégico 2024-2028.
A Refinaria de Mataripe, situada em São Francisco do Conde, possui capacidade de processamento de 333 mil barris/dia, e seus ativos incluem quatro terminais de armazenamento e um conjunto de oleodutos que interligam a refinaria e os terminais totalizando 669 quilômetros de extensão, segundo nota da Petrobras.
Já o projeto de biorrefino integrado contempla instalações de produção de diesel renovável e querosene de aviação sustentável a partir de óleo vegetal oriundo de culturas nativas, com operação nos estados da Bahia e Minas Gerais.
O projeto de biorrefino da Acelen envolve investimentos de R$ 12 bilhões. (Reuters)
Petroleira vende participação em 2 campos
A Petrobras assinou, na quinta-feira (21), os contratos de cessão de sua participação nos campos de Uruguá e Tambaú, localizados em águas profundas no pós-sal da Bacia de Santos. Os ativos foram comprados pela Enauta Energia, que tem entre suas principais atividades a operação do campo de Atlanta, em Santos, e participação de 45% em Manati, na Bahia.
A Petrobras receberá até US$ 35 milhões com a venda da totalidade de sua participação nos dois campos, que ficam entre 140 e 160 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, em lâminas d’água de 1.000 a 1.500 metros de profundidade.
A produção diária dos dois campos, dos quais a Petrobras detinha 100% de participação, era de 5,4 mil barris de óleo e de 353 mil metros cúbicos de gás. Isso representa menos de 1% da produção da estatal na Bacia de Santos.
Segundo a empresa, a decisão de vender os campos é parte de um processo de avaliação constante em relação aos seus ativos e às estratégias da companhia. “A transferência dos ativos para um novo operador representa uma alternativa ao seu descomissionamento, com perspectiva de extensão de sua vida produtiva, ao mesmo tempo em que possibilita à Petrobras direcionar os investimentos no segmento de E&P [exploração e produção] em ativos mais aderentes à estratégia da companhia, que envolve entre outros a descarbonização crescente das operações”, disse em nota a empresa. (Agência Brasil)
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