Petrobras busca “meio-termo” nos reajustes

Rio – A nova gestão da Petrobras manteve a maneira de gerenciar ajustes de preços dos combustíveis e busca praticar valores em níveis competitivos, evitando repassar volatilidade internacional ao mercado interno, disse na sexta-feira (14) o diretor-executivo de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella.
Ele ressaltou ainda ser “muito importante” que não haja data marcada para que os reajustes sejam realizados e que a companhia busca um meio termo na frequência de alterações de valores em relação aos últimos anos, sem detalhar.
“A gente tem praticado nos últimos anos diversas abordagens de frequência de precificação, desde baixíssima frequência, até altíssima frequência – diária inclusive. Hoje a gente está em um nível intermediário, o que nos parece adequado”, afirmou Mastella, em conferência com analistas e investidores.
“Na prática, (isso significa) não repassar imediatamente oscilações do mercado externo ou do câmbio para o consumidor interno, e ao mesmo tempo manter os nossos preços em nível competitivo com os nossos competidores.”
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
O executivo também ressaltou que a petroleira manteve a busca por um alinhamento com a paridade de importação na média anual, “o que não significa que a gente vai deixar de olhar no dia a dia a nossa defasagem de preços em relação a mercado”.
Uma forte elevação dos preços dos combustíveis neste ano pela estatal, na esteira da alta do petróleo no mercado internacional, foi o que resultou na decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar Roberto Castello Branco por Joaquim Silva e Luna, que tomou posse em 19 abril na presidência da estatal.
Desde então, a companhia realizou apenas um reajuste de preços, em 30 de abril. Antes disso, neste ano, a Petrobras reajustou os valores duas vezes em janeiro, duas vezes em fevereiro, quatro vezes em março e outras duas vezes em abril.
“Não vejo necessidade hoje de uma alteração nessa frequência, é muito importante para a gente que não seja com data marcada…, mas é muito importante que ela mantenha um alinhamento suficiente para que nosso produto continue seguindo competitivo em um mercado cada vez mais competitivo.”
O tema da política de preços tradicionalmente traz bastante polêmica nas discussões sobre Petrobras, uma vez que tem grande potencial para impactar nos resultados da empresa e também na inflação do País.
O presidente Luna não participou da conferência com analistas e apenas gravou um vídeo de cerca de sete minutos, onde apresentou um discurso de continuidade em relação ao que vinha sendo executado na companhia, em um aceno para o mercado financeiro.
Os executivos da Petrobras não responderam a questionamentos de jornalistas sobre falas recentes do presidente Jair Bolsonaro, incluindo declaração de que trabalharia juntamente com a Petrobras para reduzir o valor do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) na origem.
Desinvestimentos – Durante a conferência, o diretor-executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Rodrigo Araujo, ressaltou que o atual plano estratégico da companhia é sólido, com diretrizes consistentes, e que o time busca acelerar a sua execução.
“Nossa proposta é manter o foco em geração de valor e alocação eficiente de capital, esse é nosso grande direcionamento”, afirmou.
“Anualmente, a gente tem nosso processo de revisão do plano estratégico, a gente não tem nenhuma perspectiva de mudança nos nossos pilares fundamentais, especialmente na questão de gestão de portfólio.”
Araujo destacou que não houve alteração em ofertas de vendas de ativos e que as negociações de desinvestimentos ocorrem normalmente. Também está mantida meta de reduzir a dívida bruta da companhia para US$ 67 bilhões em 2021 e US$ 60 bilhões em 2022.
A Petrobras informou na sexta-feira que os desinvestimentos neste ano até 11 de maio somaram US$ 2,5 bilhões, registrando ainda entrada de caixa das vendas de ativos de US$ 472 milhões.
A principal venda fechada foi da refinaria Landulpho Alves (Rlam) e seus ativos logísticos associados, para a Mubadala Capital, por US$ 1,65 bilhão (Reuters)
Ouça a rádio de Minas