Economia

Petrobras mantém o controle em dois blocos

Petrobras mantém o controle em dois blocos
Petrobras deve receber US$ 6,45 bilhões pelos investimentos anteriores realizados nos dois campos leiloados na sexta-feira | Crédito: REUTERS/Pilar Olivares

A Petrobras obteve a operação em consórcio dos dois blocos ofertados em leilão dos excedentes da cessão onerosa nesta sexta-feira (17), após ter recorrido ao seu direito de preferência garantido por lei para integrar grupo que venceu a disputa pelo maior ativo: Sépia.

Com a negociação de Sépia e Atapu, o governo irá arrecadar em bônus de assinatura de R$ 11,138 bilhões, além dos percentuais do chamado óleo lucro que tiveram ágios expressivos e definiram os vencedores.

Com o resultado, a Petrobras destacou em nota que “confirma sua posição de liderança no pré-sal brasileiro, de forma consistente com a sua estratégia de concentrar-se na exploração e produção de ativos em águas profundas e ultraprofundas”.

A Petrobras deve receber US$ 6,45 bilhões por investimentos anteriores realizados nos dois campos, enquanto terá que pagar um valor total de R$ 4,2 bilhões em bônus de assinatura.

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Mas a francesa TotalEnergies terminou como o grande destaque do leilão, figurando nos dois consórcios. Em nota, o presidente global da multinacional, Patrick Pouyanné, disse que, com o resultado, a empresa “expande ainda mais sua presença e produção no pré-sal da Bacia de Santos, uma área de crescimento chave para a companhia”.

O consórcio integrado por TotalEnergies, Petronas e Qatar Petróleo arrematou o bloco Sépia, com oferta de óleo lucro de 37,43%, ante percentual mínimo de 15,02%, batendo oferta da Petrobras, de 30,30%.

Após o anúncio da proposta vencedora, a Petrobras exerceu seu direito de atuar como operadora, com 30% de participação no consórcio vencedor. Com isso, a TotalEnergies terá 28%, Petronas 21% e Qatar 21%.

Ao arrematar o bloco de Sépia, o consórcio pagará um bônus de assinatura R$ 7,138 bilhões à União.

Para Atapu, por sua vez, o consórcio integrado por Petrobras como operadora e 52,5% de participação, em parceria com Shell (25%) e TotalEnergies (22,5%), fez a única oferta e arrematou o ativo, com oferta de óleo lucro de 31,68%, ante percentual mínimo de 5,89%.

Ao arrematar o bloco, o consórcio pagará um bônus de assinatura R$ 4 bilhões à União.

Lances agressivos – O leilão foi visto como um teste para checar a disposição de grandes petroleiras continuarem gastando muitos recursos em ativos tradicionais.

As autoridades brasileiras, que estavam ansiosas para atrair grandes companhias estrangeiras, consideraram o resultado um sucesso, enquanto analistas disseram que as ofertas apresentadas foram relativamente altas.

“Tivemos um resultado extraordinário para nosso Brasil, que superou as nossas expectativas”, afirmou o diretor-geral da reguladora ANP, Rodolfo Saboia, destacando que o leilão destravou investimentos “de dezenas de bilhões”.

“A grande notícia é que conseguimos obter competição, elevando o percentual de excedente em óleo (à União)”, disse ele, pontuando que o ágio em Sépia atingiu quase 150% e em Atapu 438%. “Com isso garantimos mais recursos que serão destinados à sociedade brasileira no longo prazo.”

Os lances “foram altos, o que reduz os retornos”, disse o chefe de pesquisa upstream para a América Latina da Wood Mackenzie, Marcelo de Assis, destacando que os investidores “foram mais agressivos” do que o esperado.

O sócio da prática de Infraestrutura e Energia do Mattos Filho, Giovani Loss, disse que houve pouca concorrência, mas algo já esperado para o tamanho das áreas ofertadas. No entanto, destacou que a negociação dos blocos, com os valores envolvidos, demonstrou o interesse de grandes petroleiras na indústria do Brasil.

“Foi um resultado positivo… É um sinal muito positivo de que vamos continuar sendo um país muito relevante no cenário de óleo e gás global”, disse Loss.

Ambas as áreas já haviam sido ofertadas em leilão anterior em 2019, mas não houve interesse. À época, questões jurídicas complexas e altos valores cobrados pelas áreas afastaram o interesse de investidores.

Desta vez, os termos da licitação foram considerados mais atraentes, disseram várias fontes do setor à Reuters, em grande parte devido aos grandes cortes nos bônus de assinatura. O Brasil também cortou significativamente valor do óleo lucro mínimo exigido.

“Nós eliminamos as incertezas para que as empresas pudessem participar, com maior segurança jurídica e regulatória e também com previsibilidade”, disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Os campos são considerados atrativos, pois já foram declarados comerciais e estão em produção, eliminando risco exploratório. Na véspera, a ANP informou Atapu produziu em novembro 157.793,84 barris de óleo equivalente por dia (boe/d), enquanto Sépia produziu 43.403,11 boe/d.

“Estas são oportunidades únicas de acesso a reservas gigantes de petróleo de baixo custo e baixas emissões, em linha com a nova estratégia da TotalEnergies”, disse em nota o CEO da TotalEnergies.

Sépia e Atapu podem aumentar a produção brasileira de petróleo em 12% na próxima década, segundo o governo.

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