Petroleiros aprovam estado de greve

Os petroleiros de Minas Gerais se mobilizaram e entraram em estado de greve na sexta-feira (24). A mobilização tem como objetivo sinalizar uma posição contrária da categoria em relação à retomada do processo de privatização da Petrobras, encaminhado pela diretoria da empresa.
Na manhã de sexta foi organizado, pelos petroleiros, um ato na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, que contou com a presença de representantes de movimentos sociais e também com uma assembleia da categoria para avaliar a decisão nacional de estado de greve. A decisão acabou sendo aprovada.
Durante essa reunião também foi decidido que outras quatro assembleias ainda deverão ser realizadas com a participação dos trabalhadores da Regap e da Usina Termelétrica de Ibirité, às 7h, na portaria da Regap nos dias 27, 29, 31 de março e no dia 4 de abril, para seguir com a avaliação sobre a proposta de greve.
O diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG), Guilherme Alves, revela que as principais reivindicações são a interrupção do processo de privatizações e a saída da diretoria executiva e do conselho de administração da Petrobras, pois eles ainda são formados por pessoas indicadas pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro.
Em decisão da diretoria executiva da Petrobras, publicada no dia 17 de março, a empresa pretende prosseguir com a venda dos projetos que já tiveram pré-contrato assinado: Polo Norte Capixaba, Polos Golfinho e Camarupim (ES), Polos Pescada e Potiguar (RN) e Lubnor (CE). O documento enviado pela diretoria ao Conselho aconteceu duas semanas após o Ministério de Minas e Energia (MME) pedir à Petrobras a suspensão, por 90 dias, da venda de ativos da petroleira, para análise e reavaliação.
Alves reforça ainda que essa decisão de seguir com o processo de privatização, tomada pelos membros da diretoria, vai contra a vontade do governo federal e do próprio presidente da empresa Jean Paul Prates, que defendem a suspensão ou o cancelamento desse processo.
Vale lembrar que esse ato que está ocorrendo em Minas faz parte de uma paralisação nacional na base da Federação Única dos Petroleiros (FUP). Os trabalhadores da Petrobras cobraram o cumprimento do projeto de reconstrução da empresa, que, segundo eles, foi aprovado nas urnas. Em nota, o sindicato que representa a categoria no Estado declarou que “a categoria deu o recado aos bolsonaristas que ainda seguem entranhados na gestão da Petrobras: tá na hora de já ir embora”‘.
A FUP tem realizado diversas ações políticas e jurídicas para que a União cumpra o seu papel de acionista controlador da estatal e oriente os indicados no conselho de administração a votarem pela suspensão das privatizações.
O diretor do Sindipetro-MG afirma que esse movimento dos petroleiros serviu para demonstrar que a categoria está mobilizada para impedir que a atual gestão da Petrobras continue com o processo de privatização da empresa.
Quanto a possíveis riscos ao abastecimento de combustíveis no Estado, Alves afirmou que não haverá nenhum impacto, já que essa não é a intenção do movimento de petroleiros. Ele também reiterou que, assim como o abastecimento, a produção e os preços também não serão afetados, “é do nosso interesse, da categoria petroleira, que haja uma redução nos preços e que termine a política de paridade de importação, que tanto penaliza a população brasileira”, declara.
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