Economia

Peugeot e-2008 é de encher os olhos; veja!

Design cativante e dinâmica apurada são virtudes deste SUV elétrico compacto europeu vendido por R$ 259,99 mil
Peugeot e-2008 é de encher os olhos; veja!
Crédito: Amintas Vidal

AMINTAS VIDAL*

Entre as montadoras do grupo Stellantis que atuam no Brasil, a Peugeot saiu na frente quando o assunto é a eletrificação. De cara, ela trouxe três modelos 100% elétricos. Nada de lançar veículos híbridos para, somente depois, chegarem os de emissão zero.

Além da ousadia, ela apostou na diversificação: são dois automóveis, o hatch compacto e-208 GT e o SUV compacto e-2008. Também oferece o furgão médio e-Expert, um veículo comercial leve ideal para transporte urbano de cargas.

Veículos recebeu o Peugeot e-2008 para avaliação. Importado da Espanha, ele é vendido por R$ 259,99 mil, o mesmo valor divulgado em novembro de 2022 em seu lançamento, um longo período sem alteração.

Este preço é válido para a cor laranja da unidade avaliada. As outras cores metálicas custam R$ 1,85 mil e as perolizadas R$ 2,83 mil.

Vendido em versão única, na configuração GT, o e-2008 vem completo de série, sem opcionais. Seus principais equipamentos são: teto solar panorâmico e retrátil; multimídia com tela de 10 polegadas, espelhamento para Apple CarPlay e Android Auto com cabo e GPS integrado; quadro de instrumentos digital com efeito 3D; carregador de celular por indução; volante multifuncional; ar-condicionado automático e digital; chave presencial e partida por botão; retrovisores com rebatimento elétrico; bancos revestidos no padrão canelado vertical; roda diamantada de 18 polegadas com insertos plásticos aerodinâmicos e pneus 215/55 R18 são os principais.

Em termos de segurança, essa versão 100% elétrica tem todos os equipamentos possíveis para o modelo. Seu recurso Adas (Advanced Driver Assistance Systems) é completo.

Ele conta com alerta de colisão eminente com frenagem automática de emergência; alerta de presença no ponto cego; alerta de saída e centralização em faixas de rodagem; controle de cruzeiro adaptativo; reconhecimento de placas de velocidade; comutação automática dos faróis e indicador de fadiga do motorista.

Também estão presentes: seis airbags; controles de estabilidade e tração; assistente de partida em rampas; sensores de aproximação dianteiros e traseiros; câmera de estacionamento com visão 180°; sensores crepuscular e de chuva; faróis e lanternas em full LED e monitoramento de pressão dos pneus.

Motor e câmbio

O Peugeot e-2008 conta com o mesmo motor, câmbio e bateria do e-208. O motor elétrico do tipo síncrono de ímãs permanentes é montado sobre o eixo dianteiro e traciona as rodas dianteiras.

Ele rende 100 kW, o equivalente à 136 cv, e entrega 26,5 kgfm de torque, praticamente, em todo o regime de utilização.

O câmbio é automático com apenas uma marcha. Ele é controlado pelo comando e-Toggle, uma tecla sobre anel giratório que seleciona as tradicionais posições “R”, “N” e “D”.

Dois botões de pressão neste mesmo conjunto, “P” e “B”, ativam “park” e “break”, parada em estacionamento e frenagem por regeneração elevada, respectivamente. O motor é alimentado por um conjunto modular de 216 células de baterias de íons-lítio que tem capacidade de 50 kWh (45 kWh úteis) e 400V de tensão.

Crédito: Amintas Vidal

Para a sua recarga, o sistema usa tomadas CCS Type 2 /AC (corrente alternada) na potência máxima de 7,4 kWh, ou CCS Combo 2 / DC (corrente contínua) que pode atingir até 101 kWh.

Segundo a Peugeot, as baterias do modelo recuperam até 80% da carga em 30 minutos no carregador de 100 kWh e em 53 minutos quando este é de 50 kWh. No walbox residencial são necessárias 6 horas. O carregador de emergência que acompanha a versão pode ser usado em tomadas aterradas de 220 v. Com ele, este tempo de recarga sobe para quase 25 horas.

As baterias têm garantia de oito anos ou 160.000 km, o que ocorrer primeiro. Com este conjunto, o Peugeot e-2008 tem um alcance declarado de até 345 km (ciclo WLTP) com a carga total nas baterias.

Interior

O painel verticalizado, formado por dois níveis faceados e com arestas realçadas, assim como as extremidades finalizadas com saídas de ar trapezoidais são os elementos de design que migraram do 3008 para o 2008, imprimindo o mesmo DNA em ambos.

A continuação da linha do painel para as portas ficou até melhor no 2008, mas o console central do 3008 é assimétrico, muito diferenciado, enquanto o do 2008 é mais convencional.

No mais, a cabine tem ótimos materiais de acabamento, mesmo não sendo tão sofisticados quanto os do 3008. O revestimento que imita fibra de carbono e cobre a parte central do painel e das portas é acolchoado, macio ao toque, assim como é o emborrachado da porção superior destas mesmas peças.
O revestimento dos bancos e encostos de braço é, segundo a Peugeot, em couro natural. O padrão canelado na vertical deste acabamento, juntamente com um design muito elaborado dos bancos, dão ao interior do e-2008 uma ambientação de carro esportivo premium.

Crédito: Amintas Vidal

Detalhes em cromado, alumínio fosco e preto brilhante combinam com diversas peças internas diferenciadas, como as teclas de comando inspiradas em elementos aeronáuticos, o conjunto de operação do câmbio automático que é construído parcialmente em metal e os botões que operam o freio de estacionamento e o seletor dos modos de condução.

Arrematando, o teto e colunas cobertas por materiais na cor preta, a mesma dos outros revestimentos, adorna o teto solar panorâmico e cria uma ambientação no interior do e-2008 muito equilibrada, esportiva e requintada ao mesmo tempo.

O Peugeot e-2008 tem 2,60 metros de entre-eixos (6,7 cm a mais do que o 208). Na prática, essa diferença parece ser bem maior, pois o elétrico francês tem muito mais espaço no banco traseiro do que o hatch.

Em sua cabine, quatro adultos e uma criança têm área de sobra para pernas, ombros e cabeças.
Com 4,30 metros de comprimento, 1,55 metro de altura e 1,77 metro de largura distribuídos proporcionalmente em sua carroceria, como já dissemos, seu interior é mais espaçoso do que sugere o visual externo.

Até o volume do porta-malas surpreende: são 405 litros que podem ser divididos em dois níveis por um fundo removível.

Ergonomia

Além da amplitude, a ergonomia dentro da cabine é muito boa. É possível assentar relativamente baixo no e-2008, condição rara em SUVs.

Essa posição combina com o pequeno volante e o painel que é visto por cima do mesmo, recurso chamado de I-Cockpit.

Banco, pedais e volante ficam alinhados e os demais comandos não exigem grande movimentação dos braços para serem alcançados, acertos que ajudam a vida a bordo.

Mas, o design interno quase minimalista suprimiu botões do ar-condicionado e do multimídia e grande parte dos comandos destes sistemas é realizada por toques na tela deste último.

Como o modelo é repleto de equipamentos, botões no volante, as alavancas satélites e outro comando satélite e de uso cego, dedicado ao ADAS, concentram as operações do painel digital 3D, do computador de bordo, do sistema de áudio e destes auxílios de condução.

Contando com mais teclas de atalho do que o 208, operar o ar-condicionado no 2008 é um pouco mais fácil, mas ainda não é o ideal, pois compartilhar a tela com o espelhamento e fazer operações por toque dificulta a leitura dos comandos e o ajustes dos mesmos.

Em funcionamento ele é eficiente em tempo de resfriamento e manutenção da temperatura, mas poderia ser melhor se houvessem saídas de ar na parte de trás da cabine.

As belas e estreitas saídas de ar frontais tornam a ventilação ruidosa para um carro elétrico, efeito colateral do tipo de motorização, agravado pelo design.

Multimídia

O multimídia é 100% operado por toques, pois existe apenas um botão giratório para o volume.

A base avançada abaixo da tela serve de apoio para a mão, facilitando sua utilização. Além de um grafismo pouco inspirado, o espelhamento do celular exige cabo, limitação inaceitável em um carro moderno e neste valor.

O brilho da tela, a definição da imagem, a sensibilidade ao toque, a estabilidade da conexão e o tempo de processamento das informações estão na média do mercado, é verdade, mas não têm a mesma qualidade superior dos sistemas mais atuais da Fiat e da Jeep.

O sistema de áudio tem mais potência do que o normal para equipamentos sem assinatura de marca especializada em sonorização, mas nos volumes mais altos ocorrem distorções, principalmente nas frequências baixas, pois os graves são mais destacados que os agudos e os médios neste equipamento.
O quadro de instrumentos com efeito em 3D trás todas as informações necessárias para o controle do consumo e do alcance energético, assim como os diversos dados de navegação, comum e semiautônoma.

Configurável, é possível optar por mais informações e efeitos dimensionais ou simplificar tudo, um sistema muito completo.

Para um SUV compacto, o e-2008 tem boa visibilidade. Mais baixo do que os seus concorrentes, até para trás é possível visualizar o fluxo nas vias.

Mas as largas colunas “C” criam grandes pontos cegos na visão cruzada. Contudo, o sensor de aproximação traseiro e a câmera 180° são muito úteis.

Este sistema utiliza câmera única que fornece visão ampla apenas quando o carro se desloca, criando uma imagem gravada do trajeto que se apaga logo em seguida. Como o capô é longo e alto, os sensores dianteiros auxiliam bastante nas manobras, também.

O Adas do Peugeot e-2008 é dos mais precisos que já avaliamos. Ele consegue identificar faixas em estradas e avenidas mesmo quando elas estão mal conservadas.

Os desvios da trajetória são sinalizados e a mesma é corrigida automaticamente. Quando o controle de cruzeiro adaptativo está ativado, o sistema centraliza o SUV nas faixas, fazendo as curvas bem ao centro das marcações.

Ao identificar placas de velocidades diferentes em cada trecho do percurso, elas são mostradas no painel e piscam quando o veículo está acima da permitida no local. Luzes de advertência nos retrovisores indicam veículos nos pontos cegos.

Aproximações em alta velocidade a outros veículos são alertadas e, caso o motorista não reaja, os freios atuam automaticamente.

Tecnologias à parte, o que encanta no e-2008 é a sua dinâmica. Entre os elétricos é comum modelos com acelerações bem mais esportivas do que em suas versões à combustão, mas não é o caso do e-2008.
Ele acelera de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos e tem velocidade máxima limitada aos 150 km/h para preservar o conjunto de baterias, evitando o seu superaquecimento.

Se o desempenho não é excepcional, direção, suspensões e ergonomia transformam o e-2008 no SUV compacto de marca não premium mais prazeroso que já avaliamos.

Além dos acertos em altura e posição de dirigir, a direção é muito direta, responde rapidamente ao mínimo esterço, deixando o seu controle direcional parecido ao de modelos mais baixos, semelhante aos hatches e sedans mais esportivos.

O baixo centro de gravidade, os largos pneus e as suspensões bem calibradas, mais firmes, dão um “chão” a este Peugeot que é muito raro em carros não projetados para a esportividade.

Mesmo assim, a rigidez da plataforma, a robustez das suspensões e o ótimo isolamento acústico garantem conforto de marcha e acústico condizente com o refinamento do produto.

Mesmo segurando o pé direito, nem sempre é fácil atingir o alcance indicado pela montadora. Todo elétrico é muito sensível às variações topográficas e, o e-2008, ainda mais.

Com 1.630 kg, relação de 12 kg/cv, ele é bem mais eficiente em circuitos planos. Em cidades acidentadas, como Belo Horizonte, o consumo energético é elevado, derrubando a autonomia.

Existem recursos que ajudam melhorar a eficiência. A frenagem regenerativa é o principal. Tanto no modo normal, como no “one pedal”, quando é possível reter o carro ao aliviar o pé do acelerador, é possível circular alguns quilômetros ganhando carga e, não, gastando.

ambém é possível selecionar modos de condução. O modo ECO deixa as respostas mais lentas ao comando do acelerador, fazendo o e-2008 acelerar da forma mais progressiva possível.
Ao contrário, no Sport, tudo fica rápido e o máximo de desempenho aparece. Já a carga da bateria, diminui bem mais rápido.

Crédito: Amintas Vidal

Consumo

Em nosso teste padronizado de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e outra, 110 km/h, sempre conduzindo economicamente. Na volta mais lenta atingimos 7,1 km/kWh e, na mais rápida, 5,9 km/kWh.

No teste padronizado de consumo urbano, em um circuito de 6,3 km, realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos.
Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso. O Peugeot e-2008 finalizou este exigente teste com 6,4 km/kWh.

Considerando essas médias, o e-2008 com 45 kWh de carga útil da bateria pode atingir até 319,5 km em estradas e 288 km em cidades muito acidentadas.

Em regiões mais planas, que exigem pouco curso do acelerador para manter essas mesmas velocidades, o alcance pode até superar o indicado.

Se a eficiência energética do Peugeot e-2008 não é a melhor entre os elétricos, o custo-benefício é. Seu preço é o mais baixo entre os SUVs elétricos do seu segmento e ele entrega dinâmica, acabamento e design igual ou superior ao destes adversários.

*Colaborador

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