PIB estadual cresce 4,2% no acumulado do ano

A Fundação João Pinheiro (FJP) divulgou ontem os dados do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais no terceiro trimestre de 2022. O valor total de bens e serviços produzidos pelo Estado foi de R$ 240,2 bilhões, o que representa 9,4% do montante nacional. O resultado aponta queda de 2,8% se comparado ao trimestre imediatamente anterior. Apesar do recuo, houve crescimento de 3,9% em relação ao mesmo período do ano passado e expansão de 4,2% no acumulado do ano até setembro, chegando a R$ 691,4 bilhões.
No histórico do índice, a maior apuração registrada pela instituição foi no primeiro trimestre de 2014. Após isso, ocorreu uma desaceleração até 2016, com recuperação iniciada no primeiro trimestre do ano seguinte. Em seguida, houve uma estagnação. Já no segundo trimestre de 2020, com o efeito pandêmico, veio o pior momento da economia mineira nas últimas décadas. No entanto, a retomada foi rápida, logo no trimestre posterior. Quem analisa é o pesquisador da FJP, Raimundo Leal.
Segundo ele, ao longo de 2021, a forte recuperação de crescimento desacelerou e no decorrer deste ano voltou a acelerar, com altas de 0,5% entre janeiro e março, e 6,6% entre abril e junho. Mas o resultado negativo do último trimestre fez com que a atividade econômica do Estado perdesse fôlego. Sendo assim, os últimos três meses do ano tendem a ter uma expansão do PIB mais tímida.
“Isso é visível na economia brasileira e no caso da economia de Minas ficou mais destacado. Tivemos uma combinação de fatores que explicam o segundo trimestre de 2022 excepcional: nossa (indústria) extrativa mineral teve um desempenho muito bom, nossa agropecuária e parte da indústria de transformação. De uma certa forma isso foi devolvido agora no terceiro trimestre. Há uma sinalização de desaceleração em curso, o que não quer dizer que se espera que tenha no quarto trimestre uma segunda queda consecutiva do PIB real. Mas esperamos um crescimento bem mais lento do que foi observado na metade de 2021 até o segundo trimestre de 2022″, diz.
Setor agropecuário puxou o resultado
Um dos motivos para o recuo do último trimestre contra o anterior foi o desempenho negativo dos setores da agropecuária (-5,7%) e indústria (-2%). Dentre os subsetores, o pior índice foi da indústria extrativa mineral (-7,3%), seguido por energia e saneamento (-1,3%), indústria de transformação (-1,2%) e transporte (-0,5%). Em direção oposta, o setor de serviços (2%) apresentou resultado positivo. O maior índice dos subsetores ficou com a atividade de outros serviços (2,3%), seguido por construção (0,9%), comércio (0,5%) e administração pública (0,5%).
Embora não tenha apresentado uma boa performance no último trimestre, o setor agropecuário foi o que mais produziu em Minas Gerais tanto em relação ao terceiro trimestre do exercício passado (14,9%) quanto na comparação do acumulado anual (14,1%). O segmento de outros serviços aparece na sequência (9,7% e 11,7%, respectivamente), estimulado pela queda do desemprego e pela expansão no volume dos serviços prestados às famílias e dos serviços de informação e comunicação.
Do lado oposto, apenas dois subsetores apresentaram quedas nas bases comparativas: indústria extrativa mineral (-5,3% e -3,4%) e indústria de transformação (-2,1% e -2,2%). A redução da atividade relacionada à mineração pode ser explicada pela retração no volume de produção de minério de ferro no complexo de Itabira da Vale e na produção da Anglo American frente ao terceiro trimestre do ano anterior. Além disso, houve recuo de arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) de Minas Gerais no mesmo período comparativo, o que contribuiu para o decréscimo.
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