PIB mineiro pode ter forte recuo com retração na mineração

Os impactos da tragédia da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, continuam sendo medidos. Levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) aponta que a redução da atividade minerária gerada pelo rompimento da barragem pode levar Minas a ter uma perda no PIB de 4% neste ano. Frente a projeção inicial de crescimento de 3,3%, a perda total é de 7,3%.
Além disso, a queda no faturamento na indústria de minério de ferro e de seus fornecedores pode variar de R$ 21,7 bilhões a R$ 35 bilhões, com retração na produção de até 130 milhões de toneladas, o que corresponde a cerca de 70% do produzido atualmente, que é de 186 milhões de toneladas/ano. A perda de postos de trabalho no segmento pode atingir 815 mil. O rompimento da barragem causou aos menos 203 mortes e deixou 105 desaparecidos.
Ontem, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, informou que, com os dados em mãos, a instituição vai atuar para evitar que a tragédia de Brumadinho seja ampliada. Uma das frentes é buscar a reativação de parte das atividades suspensas. “Não estou falando daquelas (atividades) que têm risco, mesmo que remoto. Estou falando das que não têm risco. Por excesso desse movimento, estamos ampliando a tragédia de Brumadinho”, disse.
Para tal, o presidente da Fiemg deve participar, na próxima semana, de encontro na Agência Nacional de Mineração (ANM). Ele acredita que as avaliações feitas num primeiro momento podem ser revisadas. Além disso, a federação atuará para conscientizar a população sobre a importância da atividade minerária. Por fim, será levada ao governo federal uma relação de projetos de infraestrutura que estão em condições de serem executados em Minas e que podem minimizar as perdas sofridas pelo Estado.
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“O momento é complexo, com várias variáveis. Não podemos matar o tecido econômico. A mineração é imprescindível. Não é só o minério. Não vivemos sem cal, sem fertilizantes”, disse.
Uma das atividades que o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, considera que pode ser retomada é a de pelotização. Ele explica que a atividade é desenvolvida pela Vale, em duas unidades que estão paralisadas, e pela Vallourec Mannesmann.
“O minério está saindo de Minas, indo ao Espírito Santo para pelotização e retornado a Minas”, diz.
Ele explica que produto resultante da pelotização é de grande importância para a atividade siderúrgica, pois é primordial para o blend, ou seja, para a mistura da mercadoria final.
“Há siderúrgicas totalmente dependentes do produto da Vale que podem parar”, alerta.
Com isso, os impactos negativos chegariam a setores como o de autopeças e automobilístico. Roscoe pondera ainda que a produção atual da atividade extrativa mineral em Minas é de cerca de 186 milhões de toneladas/ano. Desse total, 90 milhões são para abastecer o mercado interno. Com a redução da atividade, pode faltar matéria-prima para a indústria.
Segundo o levantamento da Fiemg, das atividades ligadas diretamente ao setor minerário, o que sentirá maior impacto é do de transportes terrestres, que podem ter perdas de até R$ 1,74 bilhão. Em seguida estão comércio por atacado e varejo, que pode perder R$ 1,416 bilhão; e atividade imobiliária (- R$ 871 bilhões).
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Cenários – O levantamento Descontinuidade parcial da atividade de extração minerária em Minas Gerias – Impactos Econômicos e Sociais levou em conta três cenários: o atual; o otimista e o pessimista. O que tem maior chance de ocorrer – com 50% de probabilidade –, é o atual. Em seguida estão o pessimista, com 45%, e o otimista, com 5%.
O cenário atual – que leva em conta que a atividade da Vale em 50% – prevê queda na produção da atividade extrativa mineral de 90 milhões de toneladas neste ano, com perdas de R$ 92,6 bilhões: sendo R$ 24,9 bilhões do setor extrativista e R$ 67,7 bilhões dos demais setores industriais. A queda na produção dos demais setores seria de 14%. A arrecadação direta cairia R$ 4,3 bilhões. A queda no PIB do Estado seria de 7,3% e, no PIB Industrial, de 16,7 %, com as perdas de emprego chegando a 851 mil.
Segundo o estudo, no cenário pessimista, com perda na indústria extrativa mineral de 130 milhões de toneladas ao ano, as perdas nos demais setores da indústria chegariam a 25%. Dessa forma, as perdas no faturamento da indústria como um todo chegariam a R$ 155,9 bilhões (R$ 35 bilhões do setor extrativista e R$ 120 bilhões dos demais). A arrecadação direta teria queda de R$ 6 bilhões. O PIB Estadual teria queda de aproximadamente 9% e, da indústria, cairia 26,9%. O desemprego atingiria 1,48 milhão.
Já no cenário otimista, a queda no faturamento é de R$ 70,1 bilhões, sendo R$ 21,7 da indústria extrativa e R$ 48,4 dos demais setores. A queda na produção da indústria extrativa mineral chegaria a 75 milhões de toneladas ao ano, com impacto de 10% nos demais setores. A queda no PIB do Estado seria de 5,6% e, da indústria, de 13%. A projeção de perda de 623 mil postos de trabalho.
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