Australiana Pilbara planeja investir quase R$ 1,8 bi no projeto de lítio do Norte de Minas

A Pilbara Minerals planeja investir cerca de US$ 313 milhões (quase R$ 1,8 bilhão) para desenvolver o Projeto de Lítio Salinas, no Norte de Minas Gerais, segundo a empresa. A australiana fez uma oferta para a Latin Resources, envolvendo troca de ações no valor de cerca de US$ 370 milhões (R$ 2 bilhões), para adquirir o futuro ativo, e prevê concluir a transação até dezembro. Uma vez concluída, os investimentos serão divididos em duas fases: US$ 253 milhões na primeira e US$ 60 milhões na segunda.
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Conforme previsto no cronograma da atual proprietária, as licenças prévia e de instalação do empreendimento devem ser concedidas ainda neste ano para que a construção seja iniciada em janeiro de 2025. A estimativa é que a primeira produção ocorra entre abril e junho de 2026.
Salinas promete trazer benefícios econômicos e sociais significativos para a região do Vale do Lítio. A expectativa é que o projeto possa criar aproximadamente mil empregos na etapa de obras e mais de 500 quando o ativo estiver operando, sendo a maior parte da mão de obra local.
O empreendimento tem potencial para se tornar uma das dez maiores operações mundiais de lítio de rocha dura em termos de produção. A base de recursos minerais dos depósitos da Latin no município mineiro é de classe global e possui 77,7 milhões de toneladas de espodumênio.
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“Essa jurisdição de Minas Gerais é a melhor da América Latina e talvez do mundo”, destacou o diretor executivo da Latin Resources, Chris Gale, em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (11), na Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram), em Belo Horizonte, para detalhar o acordo de venda de Salinas e os próximos passos da parceria estratégica.
“Cremos que, com o tempo, essa área de Minas Gerais poderá ser uma das maiores produtoras de lítio do mundo”, reiterou o diretor executivo e CEO da Pilbara Minerals, Dale Henderson.
Segundo o executivo, além da qualidade e do potencial promissor de Salinas, as razões para o interesse da companhia em comprá-lo foram o Brasil ser um dos principais países mineradores, o potencial de minerais críticos do País e do Estado e o fato de a Latin ter desenvolvido o projeto. De acordo com ele, a empresa chegou a avaliar mais de 100 projetos em todos os continentes.
Pilbara não descarta novas aquisições no Brasil
A Pilbara é a maior produtora independente de lítio rocha dura do mundo. Conforme Henderson, estima-se que, em 2023, 8% da produção de lítio global foi realizada pela empresa. A companhia planeja aproveitar essa experiência para otimizar Salinas caso se torne proprietária do projeto.
Se a transação for bem-sucedida, será o primeiro investimento internacional da mineradora australiana, mas o CEO não descarta novas aquisições no Brasil. Segundo ele, o foco do momento está em concluir a aquisição, porém, outras oportunidades serão estudadas, já que o grupo crê em um desenvolvimento sem precedentes na região a partir do futuro ativo.

Projeto da Sigma é espelho e queda dos preços do lítio não interferem no interesse
A Sigma Lithium, uma das produtoras do Vale do Lítio, é um espelho para a Pilbara no que diz respeito à expectativa de desenvolver Salinas dentro de um prazo pré-estabelecido. Aos jornalistas, Henderson destacou a agilidade com que o empreendimento Grota do Cirilo, situado entre Araçuaí e Itinga, foi desenvolvido, com o apoio da comunidade e dos governos.
Questionado se os atuais preços do lítio, bem abaixo na comparação com cotações de anos anteriores, podem afetar de algum modo as intenções de investimentos da Pilbara Minerals, o CEO afirmou que aportes específicos podem ser alterados, mas que não influi na intenção de adquirir Salinas.
Na avaliação do executivo, a cotação, hoje na casa dos US$ 700 a tonelada, segundo ele, pode subir para R$ 1.500/t no longo prazo, embora os valores sejam imprevisíveis.
*Correção: Por erro da assessoria de imprensa da mineradora, a reportagem informou incorretamente que o valor do investimento seria de R$ 2,2 bilhões. O valor foi corrigido às 19h de 11.09.2024.
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