Economia

Com Plano Diretor defasado, Belo Horizonte apresenta queda de 40% nos lançamentos imobiliários

Atuais políticas municipais limitam ações como a verticalização de empreendimentos e a ampliação de projetos, como o Minha Casa Minha Vida.
Com Plano Diretor defasado, Belo Horizonte apresenta queda de 40% nos lançamentos imobiliários
Apartamentos e prédio em Belo Horizonte | Foto: Diário do Comércio/Leonardo Leão

Com forte impacto dos desafios na legislação urbanística, Belo Horizonte registrou queda de 40,9% no lançamento de unidades de imóveis no primeiro semestre de 2025 na comparação com o mesmo período do ano anterior. O recuo do mercado imobiliário está atrelado às atuais políticas municipais que limitam ações como a verticalização de empreendimentos e a ampliação de projetos de interesse social, como o Minha Casa Minha Vida.

Os dados constam no relatório Indicadores Imobiliários Nacionais e foram apresentados nesta terça-feira (9), pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Além do recuo nos lançamentos, o documento também aponta queda de 31,7% na venda de empreendimentos na capital mineira – a maior dentre as capitais da região Sudeste.

Segundo o sócio da Brain Inteligência Estratégica e responsável pelo levantamento, Guilherme Werner, Belo Horizonte destoou do desempenho do Sudeste no primeiro trimestre, região que registrou um crescimento de 22%. Apesar do cenário, o executivo avalia que a queda nas vendas foi menos acentuada do que nos lançamentos, um fator positivo atrelado ao perfil da oferta na cidade. “Mesmo com o recuo, a cidade vendeu mais unidades do que lançou no primeiro semestre”, acrescenta.

O avanço regional foi sustentado pela cidade de São Paulo, que avançou 29,3% em lançamentos de imóveis no período. Rio de Janeiro (-2,5%) e Vitória (-53,6%) também registraram queda – efeito que se repete ao analisar os resultados de venda no primeiro semestre deste ano.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


A defasagem do Plano Diretor, que define as diretrizes para o crescimento e desenvolvimento da cidade, é considerada um importante entrave para o desenvolvimento do mercado de imóveis em Belo Horizonte. Apesar de ser a sexta cidade mais populosa do Brasil, a capital mineira ocupa apenas a 15ª posição no ranking de verticalização, um reflexo direto das restrições impostas pelo Plano Diretor.

Cenário em Belo Horizonte destoa do observado em outros estados

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Raphael Lafetá, destaca que o atual modelo do Plano Diretor inviabiliza, por exemplo, projetos ligados à construção de imóveis de interesse social pela outorga e coeficiente de aproveitamento.

“Cidades como São Paulo já possuem uma legislação amigável que incentiva habitações de interesse social em diversas áreas, resultando em mercado mais aquecido”, pontua.

Na cidade paulistana, por exemplo, o faixa 3 do Minha Casa Minha Vida (MCMV) representa hoje 45% do estoque total de imóveis, enquanto no Rio de Janeiro corresponde a 35%. Belo Horizonte, segundo o levantamento, praticamente não participa deste segmento, respondendo por apenas 1,1% do total, fato que se justifica pelas restrições que inviabilizam terrenos economicamente viáveis para este tipo de empreendimento.

Apesar do recuo, a capital mineira movimentou R$ 2,1 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) para lançamentos de imóveis no primeiro semestre de 2025. Com relação às vendas, o montante citado no levantamento alcança R$ 2,2 bilhões – resultado inferior ao primeiro semestre do ano passado (R$ 2,3 bilhões) e superior ao registrado em 2023 (R$ 2 bilhões).

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas