Economia

Pnad analisa trabalho remoto e renda média dos trabalhadores 

Em Minas Gerais, a Pnad mostrou que a renda média do trabalho remoto é mais que o dobro da renda dos presenciais. Entenda o motivo
Pnad analisa trabalho remoto e renda média dos trabalhadores 
No Brasil, número foi de 9,5 milhões de trabalhadores, e na RMBH de 353 mil | Crédito: Adobe Stock

A pandemia de Covid-19 fez com que o trabalho remoto e o teletrabalho ficassem mais evidentes. Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), em Minas Gerais, o total de pessoas que realizaram trabalho remoto, em 2022, representou 7,3% do total de ocupados no Estado. Já em Belo Horizonte, o índice foi maior, chegando a 13%. No Brasil, o índice ficou em 9,8%. Um destaque da pesquisa é que a renda média dos trabalhadores remotos é mais que o dobro da renda dos presenciais. 

O coordenador da Pnad Contínua do IBGE-MG, Humberto Sette, explica que a Pand Contínua – Teletrabalho e trabalho por meio de plataformas digitais 2022, é o primeiro levantamento feito sobre o assunto. A pesquisa foi criada para levantar os dados sobre a modalidade, que é um tema emergente e que tem tendência de crescer nos próximos anos. 

“É um levantamento experimental. Porém, o tema é emergente, novo, do ponto de vista temporal, e teve um crescimento grande e de forma não natural, acelerado pelos impactos da Covid. Ainda não temos uma metodologia internacional, mas já existem vários grupos desenvolvendo. A pesquisa é importante porque a tendência é de crescimento daqui para frente. Nosso objetivo é fazer o levantamento e criar uma série histórica”.

Conforme os dados do IBGE, o total de pessoas que realizaram trabalho remoto em Minas representou, em 2022, 7,3% dos ocupados, ou 740 mil pessoas. Já para na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) a proporção ultrapassa a registrada no País (9,8%) e no Estado, chegando a 13% dos ocupados ou 353 mil pessoas.

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Conforme o IBGE, dentro do trabalho remoto, existe o subgrupo de teletrabalhadores, pessoas estas que estão em trabalho remoto e fizeram uso de equipamento de tecnologia da informação e comunicação para trabalhar.  Assim, em Minas Gerais, havia cerca de 593 mil pessoas em teletrabalho, entre as 740 mil em trabalho remoto. Já na RMBH, das 353 mil em trabalho remoto, 315 mil pessoas foram classificadas como teletrabalhadoras.

De acordo com o coordenador do IBGE, o maior índice de trabalhadores remotos na RMBH se deve à natureza dos trabalhos e pela concentração populacional.

Segundo Pnad, renda é mais que o dobro no trabalho remoto

Um dos destaques da pesquisa é referente à renda média. Enquanto no Brasil, o rendimento médio mensal real das pessoas ocupadas foi de R$ 2.714, para as que realizaram teletrabalho, o valor alcançou R$ 6.479. Já a renda das pessoas que trabalharam presencialmente foi de R$ 2.398, ou seja, o valor pago pelo remoto foi 2,7 vezes maior. O padrão de disparidade foi visto também em Minas Gerais. Enquanto o trabalhador remoto recebe, em média, R$ 5.493 mil, o presencial recebe R$ 2.179.

“A pesquisa mostrou que a renda dos que trabalham remoto é mais que o dobro do valor geral. Isso acontece pela diferença do grau de instrução. No trabalho remoto, a natureza do serviço demanda maior grau de instrução, por isso, a renda é maior. Além do grau de instrução, há ainda a capacidade de adaptar-se ao trabalho, o que exige estrutura e equipamentos, como cômodos a mais na residência, computadores, celulares”, explicou Humberto Sette.

Quanto à natureza da ocupação, o trabalho remoto é mais adotado por trabalhadores dos setores de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas. Então, destes grupos, 25,8% dos trabalhadores realizaram teletrabalho. No sentido contrário, houve baixa adesão nos Serviços doméstico (0,0%); Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (0,4%); Construção (2,5%); Alojamento e alimentação (2,8%); e Transporte, armazenagem e correio (2,8%).

Trabalho por meio de plataformas digitais

Além do trabalho remoto, a pandemia de Covid-19 também acelerou o crescimento dos serviços de transporte e entregas por plataformas digitais. Considerando, então, as plataformas digitais de serviços, em Minas Gerais, 1,5% da população ocupada no setor privado ou 138 mil pessoas trabalharamm por meio dos aplicativos.

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a proporção é bem maior, representando 3,4%. Assim, o índice corresponde a 83 mil pessoas dos trabalhadores ocupados no setor privado que exerciam o trabalho por meio de plataformas digitais de serviços.

No Brasil, foram cerca de 1,5 milhão de pessoas (o que equivale a 1,7% da população ocupada no setor privado) trabalhando por meio desses aplicativos em 2022. 

Segundo o coordenador da Pnad Contínua do IBGE-MG, Belo Horizonte, por ser uma região metropolitana, concentra maior número de pessoas e, consequentemente, apresenta mais demanda tanto para transporte quanto para entregas. Por isso, o percentual de trabalhadores por meio de aplicativos é maior.

“Em Belo Horizonte, o percentual dos trabalhadores por meio de aplicativos chegou a 3,4% e quase dobra frente às demais comparações. Isso aconteceu por natureza do trabalho, que visa o deslocamento de pessoas ou entregas. Dessa forma, a demanda é mais forte em regiões com maior concentração populacional”, disse. 

Considerando dados nacionais, que também refletem o quadro em Minas, segundo o coordenador do IBGE, o levantamento mostrou que nas plataformas, houve maior predominância dos homens (81,3%) frente às mulheres (18,7%). No setor privado, a predominância foi de 59,1% de homens e 40% de mulheres.

“Olhando as plataformas, há uma mudança drástica, que chama a atenção. Isso está ligado à natureza do trabalho, que é mais precário e difícil”, comentou.

Renda média

Em Minas Gerais, o rendimento médio mensal ficou em R$ 2.459 entre os plataformizados e em R$ 2.244 entre os trabalhadores que não utilizavam plataformas digitais de serviços em seu trabalho principal.

Quanto às horas trabalhadas por semana, os trabalhadores que atuavam por meio de plataformas digitais de serviço, faziam uma média de 45,1 horas em Minas. Já a média da população ocupada em geral de 40,2 horas, uma diferença de 12,18% a mais para quem trabalhava pelos aplicativos.

“As pessoas que trabalham por meio das plataformas, seja para transporte de pessoas ou mercadorias, têm um rendimento médio um pouco maior que o restante da população em geral. Mas, precisam trabalhar mais horas”, explica Humberto Sette. 

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