Economia

Viridion inicia construção de centro de refino e reciclagem de terras-raras em Poços de Caldas

A previsão é que a unidade comece a produzir óxidos de terras-raras, em escala semi-industrial, no segundo semestre de 2026
Viridion inicia construção de centro de refino e reciclagem de terras-raras em Poços de Caldas
Foto: Divulgação/Viridis

Simbolizando um marco para o desenvolvimento da cadeia produtiva dos elementos de terras-raras (ETRs) no Brasil, foi lançada, na última sexta-feira (12), a pedra fundamental do primeiro Centro de Refino, Reciclagem e Inovação de Terras Raras (CRITR) da América do Sul, localizado em Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais.

A operação será implementada no distrito industrial do município, em uma área de pouco mais de 2 mil metros quadrados doada pela prefeitura a Viridion, joint venture formada pela australiana Viridis e a norte-irlandesa Ionic Rare Earths. O projeto ainda está em desenvolvimento, mas o galpão deverá ocupar aproximadamente metade do terreno.

A instalação demandará um investimento aproximado de R$ 51 milhões, com estimativa de gerar em torno de 40 empregos diretos. A construção da unidade vai durar cerca de um ano e a previsão é que o começo da operação ocorra já no segundo semestre de 2026.

No local, serão produzidos óxidos de terras-raras a partir do refino de carbonato misto e da reciclagem de ímãs permanentes em fim de vida útil. Porém, inicialmente, a produção acontecerá apenas com os materiais reciclados, tecnologia que foi testada na planta-piloto da Ionic na Irlanda do Norte, conforme o gerente da Viridis no Brasil, Klaus Petersen.

Ele ressalta que, no Reino Unido, a Ionic produziu óxidos com a reciclagem de ímãs utilizados em turbinas eólicas e equipamentos de ressonância magnética coletados no País. Os produtos foram entregues, em maio, pela Viridion ao Instituto de Terras Raras (Cit Senai ITR). O laboratório-fábrica de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), ficou responsável por realizar testes, produzindo pequenas quantidades de ímãs com os materiais, com foco em analisar a qualidade dos ímãs produzidos.

Unidade terá capacidade de gerar cerca de dez toneladas de óxidos por ano

Segundo Petersen, a princípio, o centro de reciclagem terá escala semi-industrial, com capacidade de processar aproximadamente 30 toneladas de ímãs por ano, o que deve gerar, anualmente, cerca de dez toneladas de óxidos de terras-raras. De acordo com ele, os produtos serão enviados para o Cit Senai ITR ajustar a fabricação de ímãs.

A instalação está alinhada ao projeto MagBras, que propõe a criação de uma cadeia produtiva nacional completa para ímãs permanentes de terras-raras. Nesse contexto, o gerente diz que, a princípio, não deve haver acordos financeiros sobre os óxidos, algo que pode mudar se, em dado momento, o laboratório passar a obter lucro com os ímãs.

Quanto ao material que será reciclado pela Viridion, Petersen afirma que a joint venture tem negociações para receber ímãs do MagLev-Cobra, protótipo de trem de levitação magnética desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que foi desativado. “O resto deve vir de aerogeradores, que estão cada vez mais sendo descomissionados, de motores elétricos e outros equipamentos que forem interessantes para o projeto”, esclarece.

Produção de óxidos a partir do carbonato será desenvolvida posteriormente

Em paralelo à produção de óxidos com a reciclagem de ímãs, a Ionic seguirá aprimorando a tecnologia para produzir óxidos a partir do carbonato misto. Conforme Petersen, a empresa já testou materiais de um depósito em Uganda, porém, precisa adaptar o processo para o carbonato que a Viridis vai produzir em Minas Gerais. O gerente diz que a mineradora australiana deve começar a produzir carbonatos em uma planta demonstrativa até o final do primeiro semestre do ano que vem para que os testes sejam realizados.

“Esse processo não será para 2026, mas estará em pesquisa para verificar a viabilidade e instalação do estágio metalúrgico, que é mais um avanço na cadeia industrial”, sublinha, ressaltando que, dessa forma, ficaria faltando apenas a metalização e a fabricação do ímã para fechar a cadeia produtiva das terras-raras no País. Ele destaca que a última etapa, a de reciclagem, terá sido implementada e afirma que o próprio Cit Senai ITR já é capaz de transformar os óxidos em liga metálica e de produzir os ímãs em escala de bancada.

Licenciamento da Viridis deve ser votado pelo Copam neste mês

No próximo dia 26, o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) deve votar o processo de licenciamento ambiental da Viridis em Poços de Caldas. O projeto Colossus, que engloba lavra a céu aberto e a produção de carbonatos, consta na pauta do colegiado.

“Estamos bastante confiantes de que vamos receber a licença entre o final desse mês, que seria a data mais otimista, e o final do mês que vem, caso alguém peça vistas ao processo”, enfatiza o gerente da mineradora australiana no Brasil, Klaus Petersen.

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