Polo do agronegócio mineiro, Uberlândia participa de mapeamento de estradas vicinais

Com uma malha de mais de 2 mil quilômetros de estradas vicinais, Uberlândia, é um dos principais eixos de escoamento da produção agropecuária do Triângulo Mineiro. Por conta disso e outros fatores, a cidade foi apontada como uma das oito regiões prioritárias para um diagnóstico detalhado das estradas vicinais no País.
O estudo é feito pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) em parceria com o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (Esalq-Log/USP). O objetivo é levantar informações e dados mais detalhados das vias para elaboração de um levantamento atualizado sobre a situação das estradas vicinais.
Para a assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA, Elisangela Pereira Lopes, as visitas são fundamentais para mapear a real condição das vias.
“O Brasil é um país de dimensões continentais, onde quase toda a produção agropecuária depende do transporte rodoviário para se conectar aos grandes corredores logísticos. A precariedade dessas vias impacta diretamente a produtividade e eleva custos. Com esse estudo, poderemos identificar gargalos, propor soluções e direcionar investimentos para melhorar a competitividade do setor”, explica.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Uberlândia ocupava a quarta posição na produção agrícola do Estado em 2023, sendo responsável por 9,3 milhões de toneladas. O volume corresponde a 8,36% da produção mineira, com um valor da produção estimado em R$ 7 bilhões. Os principais cultivos incluem cana-de-açúcar (6,7 milhões de toneladas), soja em grão (1,1 milhão de toneladas) e milho em grão (634,4 mil toneladas).
Mapeamento das estradas vicinais
As equipes responsáveis vão identificar as principais prioridades de melhorias nos locais e levantar custos para mitigar os problemas que impactam o escoamento de produtos agropecuários. As visitas pelas regiões selecionadas começaram no dia 10 de março e terminam no dia 28 de março.
Durante o processo, serão coletados dados como gargalos de infraestrutura (ondulações, atoleiros, erosões); intervenções de melhorias (manutenção, revestimento, construção de ponte); e estimativa da quilometragem de estrada vicinal em estado crítico/com necessidade de melhoria, entre outras informações.
“Foram organizadas reuniões in loco, com produtores rurais e transportadoras, que são os principais usuários dessas estradas de terra que ligam as propriedades rurais às rodovias, e também com o poder público, prefeitos, secretários de agricultura, que ficam responsáveis pela manutenção dessas estradas, para a gente ouvir as dificuldades em manter as vias em boas condições”, explica o gerente regional do Sistema Faemg Senar, Ricardo Tuller.
Oito microrregiões foram selecionadas para o estudo, sendo que Uberlândia é a única do Sudeste, mostrando a importância estratégica do município como um dos principais polos do agronegócio em Minas Gerais e no Brasil. Além do município, também serão avaliadas as estradas vicinais de Imperatriz (MA); Uberlândia (MG); Rondon do Pará (PA); Piracanjuba (GO); Dourados (MS); Eunápolis (BA); Guarapuava (PR); e Sinop (MT).
“A partir das informações levantadas pelo estudo, espera-se que governos e entidades do setor possam direcionar investimentos para modernizar a infraestrutura logística da região, assegurando a competitividade do agronegócio e fortalecendo ainda mais a posição de Uberlândia como um dos principais polos produtivos do Brasil”, destaca Tuller.
Uberlândia “no centro do País”
Além da agropecuária, Uberlândia se destaca como um polo de tecnologia no setor, abrigando grandes empresas e centros de pesquisa que impulsionam a inovação no campo. Essa característica reforça a necessidade de um sistema logístico eficiente para garantir que a cidade continue desempenhando um papel central no agronegócio mineiro e brasileiro.
“O impacto desse estudo para a região é que pode direcionar as políticas públicas. Após ouvir os usuários nessas regiões, a CNA vai construir um documento mais robusto e apresentar ao Ministério da Agricultura e Pecuária com as condições dessas estradas, os principais gargalos por parte dos usuários, além de sugestões de quem está utilizando lá na ponta de como fazer para melhorar essas vias”, ressalta Tuller.
O gerente complementa ainda que o Ministério da Agricultura pode buscar Parcerias Público Privado (PPP) para intensificar a atenção tanto em construir novas vias para escoar toda a produção quanto manter a qualidade das vias que já existem em um nível satisfatório.
Ouça a rádio de Minas