Economia

Polo calçadista de Nova Serrana exporta para a América do Sul

Incremento foi puxado por exportações
Polo calçadista de Nova Serrana exporta para a América do Sul
As vendas das fábricas de calçados de Nova Serrana subiram 122% no 1º quadrimestre | Crédito: Alisson J. Silva / Arquivo DC

Na confecção de calçados em Nova Serrana, cidade do Centro-Oeste mineiro que é considerada o “polo calçadista” do Estado, os operários das fábricas têm à sua frente uma alta demanda para produzir até o final do ano. Esses locais costumam ser dominados pelos sons das máquinas de corte, chanfração e dobração, um mercado que movimenta toda a cadeia produtiva da cidade, estimada em 108.241 moradores (IBGE).

Somente no primeiro quadrimestre de 2022, o setor produtivo local de calçados obteve crescimento de 122% das vendas em geral, com um salto para US$ 11.637.505 ante os US$ 5.237.460 do ano passado, conforme explica Ronaldo Andrade Lacerda, presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova). 

“Estamos com um cenário totalmente otimista se compararmos com a mesma época do ano passado. Um ponto importante em que posso destacar é que as fabricações já estão com as encomendas para o segundo semestre, e a nossa cidade tem gerado muitas vagas de trabalho”. As negociações devem fechar o ano de 2022 com a meta de US$ 40 milhões, segundo o próprio sindicato.

Em relação aos empregos, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que Nova Serrana registrou em maio deste ano um saldo positivo de 477 novos empregos formais, liderando o ranking entre os municípios do Centro-Oeste de Minas. Destes, o setor industrial gerou 271 postos, seguido do setor de serviços, com 84, comércio, com 52, e 70 vagas de outros setores e vínculos empregatícios.

O levantamento de vendas é da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que também contou com a compilação da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Além de Nova Serrana, compõem o polo de calçados outras quatro cidades.

Internacionalização regional 

Em exportações, a cidade-sede de Nova Serrana saiu de US$ 4.438.818 para US$ 10.110.109, uma alta de 127,8% de janeiro a abril de 2022.  Parte dessa linha de produção está se preparando para um boom ainda maior nas vendas externas. Após todo o processo de fabricação, 95% das exportações de mercadorias são enviadas a países da América do Sul, dentre eles, Argentina, Equador, Colômbia, Bolívia e Peru.

Ao lado, o município de Perdigão também seguiu o ritmo bom de comercialização internacional, com um crescimento de 84,5%. Na cidade, essa movimentação subiu de US$ 704.388 de janeiro a abril de 2021 para US$ 1.299.570 para o mesmo período deste ano.

Em Araújos, também na região Centro-Oeste do Estado, o levantamento apontou variação de 490,6% dentro do quadro comparativo. Foram negociados no ano passado o total de US$ 22.084. Já neste ano, houve um montante de US$ 130.424.

Por último, São Gonçalo do Pará não registrou exportações em 2021. No entanto, nos primeiros quatro meses de 2022, as comercializações somaram US$ 42.202.

Evento

Para fomentar mais ainda o mercado calçadista nacional e internacional, a cidade de Nova Serrana retorna com a Feira de Calçados de Nova Serrana (Fenova), que chega a sua 25ª edição. O evento, que foi cancelado por dois anos, terá centenas de expositores entre lojistas, importadores e indústria do polo.

Toda a programação com foco nas estações primavera e verão será realizada das 10h às 19h, entre os dias 12 e 14 de julho. O local que receberá a exposição será o Centro de Convenções de Nova Serrana. O evento conta com o apoio das entidades Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

“Assim como teremos a volta da nossa feira, acreditamos que a retomada dos eventos, festas do interior, casamentos, dentre outras movimentações do entretenimento, foi um fator essencial para os nossos bons resultados. Afinal, o calçado é complemento do vestuário, e, por conta desses eventos, aumenta a procura por itens de vestuário”, observou o presidente do Sindinova.

Matéria-prima

Lacerda explicou que o polo não sentiu a falta de matérias-primas, mesmo parte das suas compras sendo negociadas com a China. Outros países do Oriente como Indonésia e Vietnã são os alvos da indústria calçadista de Nova Serrana para compra de itens. Na visão do empresário, foi notada uma alta na média dos 50% em relação a compra de insumos. 

“A indústria por lá está em alta demanda interna, acompanhando um bom ritmo assim como aqui internamente no Brasil. Porém, por conta desta demanda intensa por lá, as entregas muitas vezes sobem de preço, constando ainda um frete internacional mais caro”, conclui.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas