Polo calçadista de Nova Serrana teve alta nas vendas em 2024

O ano de 2024 foi positivo para as vendas do polo calçadista de Nova Serrana, no Centro-Oeste mineiro. A estimativa é que o Arranjo Produtivo Local (APL) encerre o exercício com crescimento de 3%. Já para 2025 as expectativas são mais otimistas e o desempenho deve ser ainda melhor, com incremento de 5% nas comercializações.

As informações são do presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Ronaldo Lacerda. Segundo ele, o setor deposita o otimismo para o próximo ano nas exportações. A elevada cotação do dólar frente ao real nos últimos meses de 2024, e, atualmente, acima do patamar de R$ 6 pode favorecer o APL a ter um melhor rendimento com os produtos exportados.

As exportações do polo calçadista em 2024 foram bem menores do que as registradas nos últimos exercícios. Em 2023, por exemplo, superaram a casa dos US$ 30 milhões. Já no exercício passado, houve queda acumulada de 34,6% até novembro, mês com dados de exportação do polo mais recente.

Apesar das variações negativas, Lacerda explica que existem questões a serem consideradas na análise sobre o comércio exterior do polo. O “desarranjo” da cadeia produtiva global, durante a pandemia, por exemplo, impulsionou sobremaneira as exportações do setor, que obteve desempenho acima do tradicional no triênio 2021-2023.

Isso elevou a base de comparação. Assim, se em 2024, as vendas para o exterior do polo calçadista caíram expressivamente em relação ao ano anterior, na comparação com 2019 – último ano antes da crise sanitária – , as exportações dos 11 meses de 2024 cresceram 57,1%.

Apenas as vendas para a Argentina, principal destino no exterior dos calçados de Nova Serrana e responsável por mais de 77% das exportações do APL calçadista, foram 37,3% menores em 2024 na comparação com 2023. Já em relação ao mesmo período de 2019, houve aumento de 40,9%.

“Nos anos da pandemia até 2022, faltou produto no mercado internacional e aproveitamos o momento. Em 2024, estivemos melhores que 2019, antes da pandemia”, afirma o dirigente.

Polo de Nova Serrana recupera empregos, mas enfrenta falta de mão de obra

O desempenho do ano passado, ainda que considerado pequeno pelo polo calçadista, foi impulsionado pelo aquecimento do consumo das famílias. É que a maior disposição dos consumidores contribuiu para a recuperação de setor no mercado interno, afetado negativamente pela pandemia.

“Em 2024, conseguimos recuperar plenamente todos os empregos que tínhamos antes da pandemia. Isso foi muito positivo”, diz Lacerda. A cadeia de produção e comércio do polo calçadista de Nova Serrana gera cerca de 20 mil empregos diretos e outros 20 mil indiretos, em uma cidade com pouco mais de 100 mil habitantes.

Mesmo com empregos em alta, o APL também lida com a falta de mão de obra. O presidente do Sindinova afirma que a situação é intensificada pelos programas de transferência de renda do governo federal e foi o principal desafio do setor no ano. “Hoje temos muitos benefícios sociais e as pessoas preferem receber um pouco do governo e fazer alguns ‘bicos’. Não temos muito o que fazer”, lamenta.