Polo Metalmecânico do Vale do Aço cresce aquém do esperado

A demanda de 2024 foi maior que a do ano anterior para o Arranjo Produtivo Local (APL) Metalmecânico da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), mas ainda abaixo do esperado. O polo deve fechar o ano com crescimento de 3%, desempenho inferior aos 5% considerados ideais para o setor.
A informação é do presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) Regional Vale do Aço, João Batista Alves. “É baixo, porque achávamos que haveria mais investimento, mais modernização, mas é aceitável”, afirma o presidente da entidade.
A entrada da Vale no comércio e transporte local foi um dos fatores que contribuíram para aquecer a produção local, segundo o dirigente. Além disso, o aumento da produção de minério no Estado impulsionou a siderurgia, como na Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), principal cliente do APL Metalmecânico da RMVA. “A siderurgia melhorou os altos-fornos e o modelo de produção foi mais eficiente, consequentemente, tivemos um volume de serviço maior”, diz.
Em contrapartida, o maior volume de serviço do polo metalmecânico do Vale do Aço também enfrentou alguns gargalos. Um deles foi a falta de mão de obra qualificada, considerada um ponto crítico pelo presidente da Fiemg da região, e que já prejudica o setor há algum tempo.
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Por isso, a expansão do centro de formação profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Timóteo, no Vale do Aço, realizada em fevereiro, foi bem recebida pelo setor, que não consegue ter sua demanda por força de trabalho atendida.
“A demanda, que foi bem superior, não foi suprida. Os equipamentos também estão se modernizando, o que acaba reduzindo a necessidade de mão de obra. Mas aquelas específicas, qualificadas, ainda são úteis e precisam ser planejadas em um ou dois anos”, explica.
Outro desafio da indústria metalmecânica do Vale do Aço, em 2024, foi lidar com os entraves da BR-381. Conhecida como rodovia da morte, a estrada é uma barreira histórica da região, que atrasa o fluxo industrial, tanto na chegada de matéria-prima quanto no escoamento da produção.
“Nosso frete é um dos mais caros, exatamente no local onde a produção precisaria de mais espaço de escoamento, precisaria teria que ter outro projeto para isso acontecer. A chegada da matéria-prima e a saída dos nossos produtos dificulta boa parte dos nossos negócios”, lamenta Alves.
“Guerras do aço” preocupam em 2025
O presidente da Fiemg Regional Vale do Aço espera que a produção do polo industrial cresça em 2025, “apesar de dólar e juros altos”. “Acredito que os setores da siderurgia, celulose e mineração vão querer investir”, aposta.
As obras de duplicação da BR-381, com o leilão da concessão da rodovia ao setor privado, após diversas tentativas fracassadas, também geram boa perspectiva para o setor. O motivo passa tanto pela solução de um gargalo produtivo da região, como pelo aquecimento da demanda do APL com a necessidade de serviços locais.
Apesar do otimismo, o APL vai começar o próximo exercício preocupado com as “guerras do aço” travadas no setor siderúrgico, que afetam diretamente o Vale do Aço.
Uma diz respeito à disputa pelo controle da Usiminas, entre a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e o grupo ítalo-argentino Ternium. Outra é a discussão em torno do sistema cota-tarifa para importação de aço da China. “A entrada de aço chinês atrapalhou muito o nosso mercado. Espero que o governo tome uma ação mais efetiva contra isso em 2025”, finaliza Alves.
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