População vê responsabilidade de governos na tragédia do Rio Grande do Sul, diz pesquisa

São Paulo – Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira apontou que a maioria dos entrevistados pelo levantamento vê responsabilidade das esferas municipal, estadual e federal na tragédia climática que afeta o Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo que também avaliam positivamente a resposta dessas três esferas de governo ao desastre que já matou ao menos 107 pessoas.
De acordo com o levantamento, feito pelo instituto Quaest e encomendado pela Genial Investimentos, 68% dos entrevistados entendem que o governo estadual gaúcho tem muita responsabilidade pela tragédia, ao passo que 20% acreditam que tem pouca responsabilidade e 12% que a responsabilidade é nenhuma.
Em relação às prefeituras, 64% avaliam que têm muita responsabilidade, 20% que têm pouca responsabilidade e 16% que a responsabilidade é nenhuma. No tocante ao governo federal, 59% veem muita responsabilidade, 24% enxergam pouca responsabilidade e 17% apontam nenhuma responsabilidade.
No entanto, quando a pesquisa indaga sobre a resposta das esferas de governo à tragédia, as três esferas são bem avaliadas.
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Para 59%, a resposta da prefeitura de Porto Alegre tem sido positiva, enquanto 28% veem como regular e 13% como negativa. Em relação ao governo estadual, 54% veem a resposta como positiva, 26% veem de forma regular e 20% como negativa. No mesmo sentido, 53% avaliam positivamente a resposta do governo federal, 24% apontam como regular e 23% como negativa.
A Quaest entrevistou 2.045 pessoas presencialmente entre os dias 2 a 6 de maio. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais.
Leite defende suspensão da dívida do RS com União por “maior prazo possível”
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), defendeu nesta quinta-feira que os pagamentos da dívida do Estado com a União sejam suspensos imediatamente e pelo “maior prazo possível” e afirmou que o Estado precisará de pelo menos R$ 19 bilhões para sua reconstrução após as chuvas intensas que têm atingindo o Estado e já deixaram ao menos 107 mortos e centenas de milhares de desalojados.
“Os cálculos iniciais das nossas equipes técnicas indicam que serão necessários, pelo menos,R$ 19 bilhões para reconstruir o Rio Grande do Sul. São necessários recursos para diversas áreas. Insisto: o efeito das enchentes e a extensão da tragédia são devastadores. Nas próximas horas, vamos detalhar as ações projetadas que contemplariam as nossas necessidades”, disse Leite em publicação no X.
Na véspera, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, havia dito que seria preciso uma estimativa mínima dos recursos necessários para que o Executivo federal pudesse propor o fornecimento de crédito ao Rio Grande do Sul via medida provisória.
Inicialmente, em entrevista à CNN Brasil, Leite havia falado na necessidade de R$ 17 bilhões para o Estado. De acordo com a assessoria de imprensa do governo gaúcho, o governador atualizou a estimativa ao fazer a publicação no X.
Mais cedo, em entrevista à GloboNews, Leite também defendeu a suspensão imediata do pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União, apontando este pagamento como um dos fatores que dificulta investimentos na prevenção de desastres.
“A gente tem uma situação que comprime o Rio Grande do Sul para fazer os investimentos. Então, defendemos sim a suspensão imediata (da dívida com a União) e com o maior prazo possível”, disse Leite na entrevista.
“A dívida do Rio Grande do Sul e a forma de pagamento já é bastante responsável pela dificuldade do Estado em fazer todas as medidas preventivas anteriores, porque ela consome parte substancial do nosso orçamento”, acrescentou.
Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o ministério já havia enviado para a Casa Civil propostas que tratam da dívida do Rio Grande do Sul. A medida estaria sob análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Reuters havia noticiado anteriormente que o governo federal vai anunciar a suspensão dos pagamentos da dívida do Rio Grande do Sul com a União até 31 de dezembro. A decisão, segundo uma fonte, resultará em uma economia de R$ 3,5 bilhões para o Estado, segundo cálculos do governo estadual.
Leite também afirmou que, no momento, o Rio Grande do Sul não precisa apenas de dinheiro para lidar com a crise, mas também mudanças em regras fiscais e processos administrativos para facilitar a aplicação de recursos.
“Não basta mandar dinheiro, a gente vai precisar mudança de regras fiscais para que a gente possa fazer o uso desses recursos e mudança também em processos administrativos para poder fazer a aplicação célere”, disse Leite à GloboNews
As chuvas intensas que têm atingido o Rio Grande do Sul na última semana já deixaram pelo menos 107 mortos, com mais de 164 mil pessoas desalojadas e 425 municípios gaúchos afetados, segundo balanço da Defesa Civil do Estado.
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