Porto do Açu quer se consolidar como solução logística para a cadeia do lítio

Localizado na cidade de São João da Barra, no Rio de Janeiro, o Porto do Açu, conhecido como o “porto dos mineiros”, quer se consolidar como a melhor solução logística para o escoamento da produção, sobretudo mineira, de concentrados de lítio. Em 2023, o Terminal Multicargas (T-Mult) do complexo portuário já registrou uma movimentação recorde de espodumênio, com 80,1 mil toneladas, sendo movimentadas 14,3 mil toneladas diárias em seis dias de trabalho.
Rumo ao objetivo, o empreendimento tem vantagens em relação a outros portos do Brasil, como ser o único com capacidade de exportar materiais low-grade, com alta concentração do mineral, e high-grade, com menos teor, em navios de grande porte. A instalação portuária, a segunda maior do País, também conta com armazéns com estrutura preparada para a operação segura e eficiente do primeiro material, e área de armazenagem disponível para o estoque avançado do segundo.
Mas os diferenciais vão além. Em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio, o diretor comercial e de industrialização do Porto do Açu, João Braz, destacou que o tempo de espera para atracação é mínimo no local. Além disso, por estar longe de grandes centros urbanos e próximo de importantes rodovias, como a BR-356, as conexões rodoviárias são rápidas. Adicionalmente, a velocidade de carregamento é alta, o que permite aos clientes realizar remessas mais volumosas.
Conforme ele, as empresas do setor, que estão em Minas Gerais, já embarcam pelo complexo portuário. A AMG, instalada na região Central de Minas Gerais, é uma delas, enquanto a outra é a Companhia Brasileira de Lítio (CBL), mesmo ficando mais próxima de outros portos, já que opera no Vale do Jequitinhonha, atraída pela capacidade e produtividade do empreendimento.
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Por sua vez, a Sigma Lithium, maior produtora de lítio do Brasil, com planta no Jequitinhonha, realiza embarques em Vitória, por estar exportando volumes menores, segundo Braz. Porém, o dirigente afirma que o Porto do Açu está discutindo com a empresa a possibilidade de concentrar as exportações no local assim que a companhia conseguir embarcar maiores quantidades.
Por ter espaço para armazenagem e operação e ser capaz de despachar espodumênios de alto e baixo teor – otimizando o fluxo de caminhões – o diretor diz que a proposta para agregar valor aos negócios é que a Sigma, e outras mineradoras, armazenem os materiais na instalação portuária fluminense. Com o produto armazenado, as companhias podem esperar o momento certo para enviar as remessas ao exterior, quando o preço do produto atingir o maior patamar.
Hub da transição energética
Em direção à transição energética, o Porto do Açu está criando um ecossistema voltado para o desenvolvimento da indústria de baixo carbono baseado em energia renovável. Projetos de biomassa, planta de energia solar com capacidade de 220 megawatts (MW) e licenciamento de 34 gigawatts (GW) para eólica offshore são algumas iniciativas em desenvolvimento, segundo Braz.
Outra ação é a criação de um cluster de hidrogênio verde, para o qual o complexo portuário licenciou um milhão de metros quadrados e fechou acordo com a Eletrobras para fornecer energia hidrelétrica às indústrias com planos associados e que buscam se instalar no local. O objetivo, de acordo com o dirigente, não é exportar o combustível e, sim, industrializar o empreendimento – que já tem projetos âncoras encaminhados, como uma planta de HBI e outra de amônia.
“Nossa visão, quando se fala de porto, é a geração de energia renovável, industrialização e exportação de produtos ligados à energia limpa. Por isso, quando falamos de mineração, estamos muito interessados em avançar e incentivar o estabelecimento do lítio e também do cobre”, disse.
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