Economia

Porto do Açu pretende ampliar parceria com Minas

Lista de itens exportados pelo terminal deve aumentar
Porto do Açu pretende ampliar parceria com Minas
Cerca de 6,4 mi de toneladas são movimentadas entre o Brasil e o Porto de Antuérpia-Bruges por ano | Crédito: Divulgação

Não é à toa que o Porto do Açu, localizado em São João da Barra (RJ), é conhecido como “o porto dos mineiros”. Abrigando o terceiro maior terminal de minério de ferro do Brasil, tem em sua carteira de clientes uma maioria de empresas de Minas, sejam mineradoras, siderúrgicas ou players do agronegócio. É lá que deságua o mineroduto do Sistema Minas Rio, da Anglo American, com mais de 500 quilômetros a partir de Conceição do Mato Dentro, no Médio Espinhaço.

Os números dessa parceria devem crescer ainda mais no futuro, uma vez que o terminal operado pela Prumo Logística já trabalha na ampliação dos produtos mineiros exportados por meio do porto no litoral fluminense. Entre as commodities está o café.

E foi para estreitar estes laços e ampliar negócios que a Porto do Açu Operações, empreendimento da Prumo Logística e do Porto de Antuérpia-Bruges, promoveu ontem, em Belo Horizonte, um evento para reunir clientes, aproveitando a realização da Exposibram. “Somos a melhor alternativa logística para empresas mineiras, tanto para escoamento da produção quanto para importação de insumos e recursos. O Porto do Açu é a solução portuária ideal para a indústria de Minas Gerais pela sua localização estratégica e infraestrutura de ponta, que podem tornar os produtos mineiros ainda mais competitivos”, disse o CEO do Porto do Açu, José Firmo.

Segundo o executivo, desde o início das operações do Terminal Multicargas do Açu, o T-Mult, já são contabilizadas 4,3 milhões de toneladas movimentadas, com crescimento anual médio de 55%. Desse total, cerca de 60% da carga é oriunda de Minas Gerais, e a maioria utiliza transportadoras mineiras, contribuindo para o desenvolvimento do Estado.

“O Porto do Açu aumenta a capacidade portuária instalada da região, equilibra a matriz e, consequentemente, reduz gargalos logísticos e o tempo de espera em todos os portos da região. Sua concepção é feita no modelo asiático de porto indústria, o que torna o complexo a principal opção para reduzir gargalos dos outros portos na importação de insumos para as siderúrgicas e cimenteiras localizadas em Minas Gerais”, afirmou Firmo.

Em operação no Rio de Janeiro desde 2014, o Porto do Açu é responsável por 25% das exportações brasileiras de petróleo e já ocupa a segunda posição em movimentação entre os portos organizados do País. O complexo criado pelo empresário Eike Batista é operado hoje pela Prumo Logística, controlada pela EIG Partners, e movimenta, além de minério de ferro, também carga de projeto bauxita, coque e carvão, rochas, grãos agrícolas, veículos, derivados de petróleo e carga geral.

A maioria dos produtos exportados vem de Minas Gerais e abrange, além do minério, também concentrado de cobre, bauxita, espodumênio (base do lítio) e outros minerais. Minas importa através do porto insumos para siderurgia e cimenteiras como petcoke e carvão e equipamentos como caminhões fora de estrada, guindastes e outros maquinários.

Através do seu Terminal Multicargas, o porto se consolidou também como um novo canal de exportação de ferro-gusa de Divinópolis, Sete Lagoas, Curvelo, Lagoa da Prata, São Gonçalo do Pará, Pará de Minas e Itaúna. Além disso, empresas mineiras como a Delp (no setor de bens de capital), Cimento Nacional, Usiminas e ArcelorMitttal são bastante ativas no porto.

“Minas também foi fundamental para colocar o Porto do Açu – e, consequentemente, o Rio de Janeiro – no mapa do mercado de fertilizantes no Brasil. O estado fluminense era o único da costa nacional do Rio Grande do Sul até a Bahia que ainda não realizava este tipo de movimentação em navios granel. A primeira movimentação foi realizada via T-Mult em setembro de 2020 e importou 25 mil toneladas de cloreto de potássio para o interior do Estado de Minas Gerais”, revela o CEO do Porto do Açu.

Parceria

Desde 2017, o empreendimento portuário atua em parceria com a afiliada da autoridade portuária de Antuérpia e Bruges (Pabi), maior porto exportador da Europa. A Pabi investiu US$ 20 milhões na Porto de Açu S.A e passou a deter uma pequena participação do capital social, além de contar com um assento no conselho de administração da afiliada. “O verdadeiro valor dessa parceria é a troca de conhecimento entre um porto novo como Açu e outro de mais de 200 anos, de classe mundial. É uma troca constante de conteúdo e expertise através de treinamentos e consultorias”, aponta a Gerente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais, Maartje Driessens.

Mais de 6,4 milhões de toneladas de frete são trocadas anualmente entre o Brasil, maior parceiro na América Latina e o Porto de Antuérpia-Bruges, que em abril último anunciou a fusão das operações dos terminais de Antuérpia e Bruges. “ Esta é também uma parceria estratégica, um investimento de longo prazo de quem pretende ficar por muitos anos e oferecer este apoio no crescimento do Porto de Açu”, acrescenta a executiva.

Os planos para o futuro próximo incluem a exportação de soja, milho e outras soft commodities. Segundo Maartje Driessens, a exportação de café já é assunto de conversas entre a parceria belgo-brasileira e entidades como a Federação de Agricultura de Minas Gerais (Faemg). “Antuérpia é um grande hub de importação de café. Como Minas tem grandes volumes de produção, queremos exportar pelo Açu. Estamos inclusive fazendo testes com contêineres específicos. Minas precisa de mais portas de entrada para outros países e nós somos uma solução logística para esta conexão entre o Estado e o mundo”, finaliza.

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