Economia

Possível greve de motoristas de ônibus gera preocupação

Motoristas de ônibus da Capital reivindicam reajuste salarial e podem paralisar as atividades na segunda-feira
Possível greve de motoristas de ônibus gera preocupação
Fim oficial da greve pode ser anunciado a qualquer momento | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

A possibilidade de greve dos motoristas de ônibus de Belo Horizonte, a partir da meia-noite da segunda-feira (16), preocupa o comércio da Capital. Isso porque, com a paralisação, tanto trabalhadores quanto consumidores devem encontrar dificuldades em se deslocar para a região. Com a menor movimentação de pessoas, o setor poderá sofrer perdas de receita. 

Para evitar prejuízos, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) solicitou, por meio de ofício ao Sindicato dos Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH) e ao Ministério Público do Trabalho (MPT-MG), que seja respeitada a escala mínima de funcionamento do serviço. 

Em nota, o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, ressalta a importância dos ônibus para os belo-horizontinos e moradores da Grande BH. Ainda segundo ele, embora os prejuízos reais só possam ser mensurados a partir do início da greve, a estimativa é que impacte na circulação de mais de 1 milhão de pessoas. 

“Sabemos o quanto o direito à greve é legítimo. Todos os trabalhadores têm o direito de reivindicar melhores condições salariais e de trabalho. Contudo, os passageiros e a principal atividade econômica da cidade não podem ser prejudicados por ações de terceiros”, destaca o dirigente.

Outro setor que deve ser bastante impactado se a greve for adiante é o da construção civil. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Renato Michel, destaca que cerca de 10% dos usuários do sistema de transporte coletivo de Belo Horizonte são da categoria, que emprega mais de 100 mil pessoas no município.

“Esse tipo de notícia, de fato, sempre nos preocupa, porque sem o transporte coletivo, muitas dessas pessoas ficarão impossibilitadas de ir trabalhar. E é importante entender como funciona o ciclo de produção de uma obra. Às vezes uma obra tem 100 funcionários, e todos eles são importantes. Não adianta você ter o pedreiro trabalhando e o não ter o ajudante dele, aquela pessoa que faz a massa e abastece para que ele possa trabalhar”, explica. 

E complementa: “Então, várias vezes, quando falta um trabalhador, tem outro ou outros que também ficam impossibilitados de trabalhar. É uma reação em cascata. Qualquer dispersão que a gente tenha na obra causada por esse tipo de situação é muito prejudicial à produção durante o período de greve”.

Michel ainda ressalta que a construção civil nos últimos dois anos gerou 600 mil empregos no País, sendo Belo Horizonte a segunda capital com o maior número de geração de vagas. Com o setor aquecido na região, a greve impactaria negativamente as obras e, consequentemente, a retomada econômica pós-pandemia. Sendo assim, o executivo do Sinduscon-MG afirma que espera que as autoridades tomem as providências necessárias para que não haja nenhum tipo de paralisação.

A greve 

A convocação dos funcionários dos ônibus de Belo Horizonte para a adesão à greve da próxima segunda-feira foi feita ontem pela diretoria do Sindicato dos Rodoviários da Capital. A categoria reivindica um reajuste salarial equiparado ao dos trabalhadores dos municípios vizinhos, de 8,2%. 

“O sistema de transporte coletivo por ônibus será paralisado no intuito de chamar a atenção da sociedade, do poder concedente e das demais autoridades quanto à intransigência dos empresários que, entre outras coisas, querem submeter aos trabalhadores de BH um salário inferior ao que é praticado nas cidades da região metropolitana”, afirma o STTRBH.

Também em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) afirma não ter recebido nenhum comunicado de greve. Sendo assim, a entidade patronal diz que está encaminhando ofício ao MPT solicitando audiência de mediação, incluindo também o Poder Concedente, “já que os reajustes salariais concedidos devem ser repassados imediatamente para a tarifa cobrada do usuário”. 

Eles destacam ainda que o congelamento das tarifas desde 2018 e os aumentos nos custos de lá para cá, estrangularam financeiramente as empresas. “O subsídio emergencial (e temporário) concedido em 1º de julho de 2022 – foi apenas uma forma de viabilizar os custos de operação, que aumentou em 30% no número de viagens por dia útil, que passou de 16.000 viagens para mais de 22.000 viagens. Sem tarifa e sem subsídio, as empresas não têm capacidade financeira para assumir novas obrigações que se perpetuarão por tempo indeterminado”, ressalta o Setra-BH.

Por fim, salientam que os trabalhadores não serão prejudicados, pois a entidade “está garantindo a data-base da categoria, ou seja, a reposição salarial terá efeitos retroativos a outubro/2022”.

No último dia 26 de dezembro, uma greve já havia sido convocada, mas por determinação do Tribunal de Justiça, o movimento foi suspenso para uma tentativa de acordo entre o STTRBH e o Setra-BH. Segundo a categoria dos trabalhadores, não houve avanço nas discussões, o que praticamente decretou o impasse, não restando outro caminho para a entidade a não ser a nova paralisação. 

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