Economia

Potência do agro vem do cooperativismo

Cooperativas de produtores de café têm grande representatividade no Estado, que é o maior produtor do País e do mundo | Crédito: Cooxupé / Divulgação
Ocemg destaca robustez do setor, que foi responsável por 22,2% do PIB de Minas Gerais no ano passado

A pujança do agronegócio, setor que foi responsável por 22,2% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais em 2022, tem como um dos principais fatores a organização das mais diversas atividades agrícolas e pecuárias em cooperativas. Através do cooperativismo, os produtores garantem a competitividade, têm acesso às tecnologias, inovações e melhores formas de comercializar as produções.

Na data em que se comemora o Dia Internacional do Cooperativismo, o presidente do Sistema Ocemg – formado pela junção do Sindicato e da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) – Ronaldo Scucato, destaca a robustez do setor.

Os últimos dados disponibilizados pela Ocemg mostram que o agronegócio mineiro conta com cerca de 197 cooperativas, reunindo 176,4 mil cooperados. Juntas, são responsáveis por 18,1 mil empregados. Em 2021, a movimentação econômica das cooperativas do agronegócio chegou a R$ 36,03 bilhões, 34,1% de crescimento sobre o ano anterior.

Scucato destaca que dos sete ramos cooperativistas, o agronegócio tem sido o mais importante deles. O destaque do setor, que vem sustentando o PIB e a balança comercial, se deve, em parte, à organização em cooperativas, o que garante mais força aos produtores rurais.

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“Estar organizado em cooperativas é importante para que o produtor consiga melhorar a produção, a comercialização e também a competitividade em um mercado, que é global. O cooperativismo permite o compartilhamento de recursos, do conhecimento técnico e da estrutura. As cooperativas viabilizam aos produtores as melhores condições para comercializar os produtos, possuem quadros técnicos que atuam como difusoras de conhecimento, promovendo a produtividade com sustentabilidade, isso é o mais importante”, defende ele.

Outro ponto importante é que os agricultores e pecuaristas reunidos e organizados em cooperativas fortalecem a voz do setor. Fator essencial para que se busque políticas públicas que desenvolvam ainda mais as atividades.

Desafios

Sustentando os resultados mais expressivos da economia, para que o setor do agronegócio siga pujante, segundo Scucato, são necessários incentivos e apoio dos governos.

“Em 2023, meu propósito é falar do agronegócio. Temos sete ramos do cooperativismo, conforme divisão da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), e, no momento, o mais importante é o agronegócio. O setor vem sustentando a balança comercial há muitos anos, à frente de outros setores, como indústria, comércio e serviços”, reitera.

Scucato explica que o setor merece uma atenção maior já que é um dos pilares mais fortes da economia nacional, contribuindo para que a participação do País não caia ainda mais na composição do PIB mundial: “Há 40 ou 50 anos, o Brasil respondia por mais ou menos 4,5% do PIB mundial. Passados os tempos, hoje, o País decaiu de 4,5% para 2,4% do PIB mundial. A contribuição do agronegócio tem evitado que a participação seja ainda menor. Naquela época passada, a China respondia com 2,1%, e a Índia com 2,3% do PIB mundial. Hoje esses países passaram para 17% e 6%, respectivamente. E o Brasil recuou de 4,5% para 2,4%. Se não fosse o agro, estaríamos muito pior”.

O agronegócio, segundo Scucato, precisa ser defendido por ser o alicerce do País. “Exportamos os mais diversos alimentos, estamos alimentando o mundo. Em Minas, os carros-chefes do agronegócio são o café e o leite. Mas a gente tem exportação de algodão, de milho, soja, trigo, rações, carnes. Temos o mel, o turismo rural, então a participação do setor é muito expressiva na questão econômica e social.

Apresentando resultados positivos, sobram recursos para a sociedade, gerando renda e trabalho”, reforça.
Para que o setor continue forte, na visão do presidente do Sistema Ocemg, é preciso contar com a participação ativa do poder público: “As autoridades precisam prestigiar e ajudar o setor. Mais de 70% do setor rural é da agricultura familiar, o que redunda no social. É preciso fortalecer o social, a educação”.

Cooxupé exporta para 50 países

Maior Estado produtor de café do País, Minas Gerais se destaca no cooperativismo. A Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), em Guaxupé, no Sul de Minas Gerais, é a maior cooperativa do grão do Brasil e também a maior do mundo em café.

A área de atuação da Cooxupé compreende as regiões Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e Média Mogiana do estado de São Paulo. Todas elas somam mais de 300 municípios.

Em 2022, a Cooxupé recebeu mais de 5 milhões de sacas de café de cooperados e terceiros. Os embarques somaram 6,8 milhões de sacas, das quais 5,6 milhões de sacas foram destinadas às exportações para clientes de 50 países, em cinco continentes.

No ano passado, o volume de café da cooperativa, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), representou 15% da produção nacional de arábica e 23% da produção deste tipo de café em Minas Gerais.

De acordo com o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, o cooperativismo traz muitas possibilidades aos cooperados, isso por garantir aos produtores condições para melhorar a qualidade de vida, a rentabilidade e promover o desenvolvimento: “A Cooxupé sempre está atenta às ações e oportunidades que transformam a vida de suas mais de 18 mil famílias cooperadas. Importante dizer que dentro deste universo, mais de 98% deles correspondem a mini e pequenos produtores que representam a força da economia e agricultura familiar. Todos eles e mais os médios, grandes e mega produtores são protagonistas da história da Cooxupé, que há mais de 90 anos desempenha seu papel com muita seriedade no cooperativismo brasileiro. Todos os cooperados são conscientes do sentimento de pertencimento e sabem que a cooperativa pertence, portanto, a eles”.

Dentre os diferenciais oferecidos pela cooperativa aos produtores estão as oportunidades de participar dos bons momentos do mercado de café, de se resguardarem nos momentos em que os preços não são atrativos, de usufruir de toda estrutura desde o transporte da colheita, passando pelos armazéns até o café ser exportado.

A Cooxupé também leva aos cooperados o conhecimento sobre como produzir um café especial, inserindo-os em um mercado seleto. Através da cooperativa é possível participar de programas de certificações em que, além de conseguir maior rentabilidade por saca, ganham cada vez mais competitividade diante das exigências mercadológicas, sociais e ambientais do mercado global.

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