Economia

Potencial do Estado para trabalho remoto é de 21%, aponta estudo

Levantamento do Ipea avaliou universo do mercado em todo o País
Potencial do Estado para trabalho remoto é de 21%, aponta estudo
Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil

No início da pandemia, calcular que percentual do trabalho poderia ser realizado remotamente era uma necessidade concreta. Dois anos depois, com a flexibilização e volta às atividades presenciais, reestimar este universo foi o objetivo do estudo divulgado na sexta-feira (27) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O levantamento não traz o número de pessoas que trabalham efetivamente em home office no Brasil. Segundo o pesquisador Geraldo Góes, um dos autores do estudo, não há dados recentes. “A Pnad Covid-19, de novembro de 2020, indicava que cerca de 7 milhões de pessoas estavam em home office”, informou Góes. “11% das pessoas ocupadas e não afastadas no País ao longo daquele ano estavam exercendo suas atividades de forma remota, com forte participação dos profissionais de ensino”, completou.

Segundo o estudo, que é baseado em informações de 2021 da Pnad  Contínua/IBGE, cerca de 20 milhões de brasileiros poderiam trabalhar de forma remota, o equivalente a 24,1% do total de trabalhadores ocupados no País. É uma fatia em que a maioria das pessoas tem entre 20 e 49 anos e concentra em torno de 40% da massa de renda salarial, enquanto mais de 75% da força de trabalho geram 60% da massa salarial, mas sem poder trabalhar em home office.

Em Minas Gerais, este universo reúne 1.911.598 pessoas, ou 20,8% da força de trabalho. É o décimo estado em PIB per capita e o 14º no ranking de teletrabalho. O estado campeão neste aspecto é o Distrito Federal, onde 37,80% dos trabalhadores poderiam exercer suas funções remotamente. O lanterna é o Pará, onde apenas 15,3% têm potencial para realizar suas tarefas em home office.

De pessoas aptas a trabalhar remotamente, em Minas 61,8% são mulheres, 45,7% são pessoas pretas ou pardas, 59,8% têm curso superior completo ou pós-graduação e 36,5% têm entre 30 e 39 anos.

Quase metade do teletrabalho potencial do Brasil é realizada nas regiões metropolitanas. A Grande Belo Horizonte abriga 703.561 pessoas (28,2%) com potencial para o teletrabalho, o que representa 36,8% do total de pessoas ocupadas em home office potencial de Minas Gerais. São 41,3% de homens e 58,7% de mulheres; 49,8% de pessoas brancas e 50,2% de pessoas pardas ou pretas e 62,1% têm escolaridade superior ou pós-graduação.

Segundo o Ipea, as ocupações com potencial para o trabalho remoto na Grande BH   mostraram predomínio de mulheres (58,3%), pessoas brancas (60%), com nível superior completo (62,6%) e na faixa etária entre 20 e 49 anos (71,8%).

Brasil

Em muitos estados do Norte e do Nordeste, o percentual de pessoas pretas ou pardas no teletrabalho potencial passa de 70%; com destaque para o Amapá, onde o resultado foi de 80,5%. Uma exceção é o Rio Grande do Norte, onde esse percentual fica próximo de 50%.

Em contrapartida, em nenhum dos estados da região Sul o percentual de pretos e pardos é superior a 25%, com destaque para Santa Catarina, onde esse número é de 10,1%. No Centro-Oeste e em alguns estados do Sudeste, a situação é intermediária – esse percentual é de 60% e 46%, respectivamente, no Mato Grosso e em Minas Gerais.

A maioria dos trabalhadores em teletrabalho potencial encontra-se na região Sudeste, com 10,4 milhões das vagas mapeadas, o equivalente a 27,7% dos ocupados na região. O Sul mostrou 3,5 milhões de trabalhadores com potencial para trabalhar remotamente, 25,7% dos ocupados no mercado de trabalho local, e o Centro-Oeste outras 1,705 milhão de vagas com potencial para o trabalho remoto, ou 23,5% dos ocupados na região.

A região Norte concentra apenas 1,208 milhão de vagas em home office ou 17,4% das ocupações existentes na região, enquanto o Nordeste detém 3,519 milhões de ocupados com potencial de teletrabalho, uma fatia de 18,5% dos ocupados no local.

Zona rural

O contingente e o percentual de teletrabalho potencial no Brasil urbano superam os do Brasil rural. Entretanto, a despeito de gargalos de infraestrutura para o home office na zona rural e da natureza da atividade econômica predominante nessas localidades, existem ali pelo menos 650 mil pessoas com potencial para trabalhar remotamente, ou 6,4% do total de ocupados na zona rural.

O Sudeste concentra a maior massa de renda efetiva de pessoas em teletrabalho potencial, com R$ 50,4 bilhões, seguido pelas regiões Sul (R$ 14,7 bilhões) e Nordeste (R$ 11 bilhões). Apenas o estado de São Paulo detém 47,6% do total de rendimentos efetivos gerados por pessoas em teletrabalho potencial.

Na primeira nota de teletrabalho, publicada em 3 de junho pelo Ipea, há uma tabela com as ocupações passíveis (e seus percentuais) de serem realizadas de forma remota. Entre elas,  diretores e gerentes (61%), profissionais das ciências e intelectuais (65%), técnicos e profissionais de nível médio (30%),  trabalhadores de apoio administrativo (41%), trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados (12%), trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios (8%). 

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas