Economia

Indústria recua em 1,6% Minas com forte impacto do setor alimentício

Esta é primeira queda do setor no Estado em 2025 após quatro meses de alternância entre avanço e estabilidade
Atualizado em 11 de julho de 2025 • 20:00
Indústria recua em 1,6% Minas com forte impacto do setor alimentício
Foto: Reprodução/Adobe Stock

Impactada pelo avanço no preço dos alimentos, a produção da indústria em Minas Gerais recuou 1,6% em maio. Esta é a primeira queda do setor no Estado em 2025 após quatro meses de alternância entre avanço e estabilidade. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com o recuo, Minas Gerais se posiciona como a segunda influência negativa no indicador geral nacional, cuja queda foi de 0,5%. Apesar disso, no acumulado do ano, a produção industrial mineira avançou 1,7%, exercendo a quarta maior influência positiva para o indicador do País dentre os estados analisados.

Das 14 atividades analisadas, 12 registraram avanços na comparação com maio de 2024, com destaque para:

  • “Veículos automotores, reboques e carrocerias” (34,6%),
  • “Máquinas e equipamentos” (17,3%)
  • e “Produtos químicos” (11,2%).

Já os segmentos de “Máquinas, aparelhos e materiais elétricos” (-10,3%) e “Produtos de minerais não metálicos” (-6,8%) exerceram as maiores influências negativas.

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A analista do IBGE responsável pela pesquisa, Alessandra Coelho, ressalta que o recuo está em um patamar relevante e pode ser reflexo de um contexto econômico marcado por elevado nível de juros que desestimula consumo e investimento. “O resultado está muito pareado com o observado no restante do País, com maior peso em algumas regionais, como Minas Gerais, que exerceu o segundo maior peso do período”, avalia.

Ainda assim, ela reforça que fatores como o bom desempenho do mercado de trabalho têm ajudado a minimizar os efeitos da desaceleração na economia. Na comparação com maio do ano passado, Minas Gerais apresentou expansão de 4,7% – índice superior ao crescimento no Brasil de 3,3%.

Para Alessandra Coelho, os números ainda positivos levam fôlego para indústria em Minas Gerais, influenciado especialmente pelos números do mercado de trabalho. “Ainda presenciamos um saldo positivo de redução do desemprego e aumento da massa salarial. Podemos observar que todo esse contexto ainda não foi capaz de trazer resultados mais negativos para a indústria mineira”, argumenta.

Indústria de alimentos recuou 2% e afetou setor em Minas Gerais

Na análise da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o setor industrial mineiro recuou 1,9% em maio frente ao mês anterior, com forte influência da indústria da transformação, especialmente do setor de alimentos. A categoria, com peso significativo na economia nacional, recuou 2% no Estado na comparação com o mês anterior.

A economista da Fiemg Juliana Gagliardi destaca que, de forma geral, o setor de transformação influencia de forma mais significativa no resultado geral, com um peso de cerca de 70% frente aos 30% da indústria extrativa.

“Os alimentos têm um peso muito grande no setor de transformação. A elevada inflação e o preço superaquecido podem ter influenciado na queda da produção industrial no mês de maio, assim como a queda de produtos químicos, que tem performado bem ao longo do ano e também recuou”, avalia.

Cenário econômico interno e externo devem resultar em maior cautela

Quanto ao cenário macroeconômico brasileiro, a desaceleração até o momento é encarada como moderada, embora persistente. Para a economista, o ambiente desafiador, com altas taxas de juros combinadas com pressões inflacionárias, coloca a economia em um compasso de incerteza, especialmente para famílias e empresários. “Isso se reflete na retração do consumo, no encarecimento do crédito e em entraves à atividade produtiva”, acrescenta.

No cenário internacional, conflitos geopolíticos e a possibilidade de aumento de tarifas comerciais pelos Estados Unidos adicionam um cenário ainda mais nebuloso para 2025. Em Minas Gerais, setores estratégicos como o agronegócio, com destaque para o café, a metalurgia e outras cadeias exportadoras poderão sentir os impactos de forma mais intensa, tanto no acesso a mercados quanto na competitividade internacional.

“Ainda não há clareza sobre como esses movimentos irão se consolidar e isso leva a uma maior cautela por parte de agentes públicos e do setor produtivo”, conclui Juliana Gagliardi.

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