Economia

Preço da cesta básica surpreende com queda significativa em BH

Apesar da retração, o trabalhador de BH ainda compromete 50% da renda para a aquisição dos produtos
Preço da cesta básica surpreende com queda significativa em BH
Foto: Diário do Comércio/Charles Silva Jr

O preço da cesta básica em Belo Horizonte apresentou queda de 6,39% no mês de julho e chegou a R$ 656,69. A oscilação surpreendeu de forma positiva os especialistas e anulou parcialmente as altas acumuladas ao longo dos seis primeiros meses do ano, somando agora 0,06%.

Os dados foram levantados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em Minas Gerais. Entre junho e julho, a capital mineira figurou entre as cinco cidades brasileiras com as maiores retrações, atrás apenas do Rio de Janeiro (-6,97%), e Aracaju (-6,71%). Apesar da queda, o valor está 0,6% maior na análise das variações acumuladas nos últimos doze meses.

Dentre os 13 produtos da cesta, o tomate foi o que apresentou maior redução e está 43,3% mais barato em relação ao mês anterior. Além disso, outros oito produtos apresentaram queda de preços: batata (-8,40%), arroz agulhinha (-3,90%), feijão carioquinha (-2,53%), pão francês (-1,99%), açúcar cristal (-1,65%), leite integral (-0,82%), farinha de trigo (-0,57%) e carne bovina de primeira (-0,53%).

Já quatro itens apresentaram elevação nos preços médios em julho. O destaque foi a banana, que avançou 7,08%, além do óleo de soja (1,69%), manteiga (1,19%) e café em pó (1,07%).

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Para o supervisor técnico do Dieese em Minas Gerais, Fernando Duarte, a queda no preço da cesta básica em apenas um mês surpreendeu pela magnitude. “Essa oscilação estava fora do radar e praticamente anulou a alta que verificamos ao longo dos seis primeiros meses”, pontua.

Oferta de produtos e fatores climáticos podem justificar queda em Belo Horizonte

Em relação aos possíveis fatores que ocasionaram a oscilação, o especialista cita questões como oferta de alguns produtos, além de fatores climáticos e quedas naturais após altas expressivas. “Ao analisarmos o arroz, por exemplo, apesar da queda no mês, ele ainda apresenta alta de 13,68% em 2024. O resultado deste mês é um ajuste devido aos avanços nos preços registrados após a especulação de uma possível escassez do produto”, avalia.

Entretanto, embora o custo tenha retraído, o trabalhador de Belo Horizonte que recebe o salário mínimo ainda compromete 50% da renda para a aquisição da cesta básica. Além disso, o levantamento do Dieese indica que, para obter a quantia necessária para a aquisição, foi necessário trabalhar 102 horas e 19 minutos.

O valor é o suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Segundo o Dieese, o custo para alimentação de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.802,88 ou 4,82 vezes o mínimo.

Política de estoques pode ajudar a controlar preços da cesta básica

Para os próximos meses, Duarte afirma que a previsão é otimista e ao mesmo tempo cautelosa. Segundo ele, apesar de simplificada graças ao Plano Safra, a projeção ainda depende de fatores externos como a cotação do dólar e o financiamento para produtos agrícolas, além de um maior cuidado do governo com estoques que, segundo ele, foram retomados para controle de preços após um período de abandono.

“Nossa expectativa é que, no médio prazo, não tenhamos que observar o que ocorreu no últimos anos: um abandono da política de estoques da Conab que geraram uma alta por anos no preço de alimentos”, pontua o o supervisor técnico do Dieese. Ele acrescenta que com uma previsibilidade maior em relação a oscilação dos preços desses alimentos será possível estabilizar o valor da cesta básica e consequentemente beneficiar o consumidor final.

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