Preço dos combustíveis desacelera em agosto e queda poderá ser percebida em setembro

Os preços dos combustíveis se mantiveram estáveis em Minas Gerais, com altas simbólicas em agosto na comparação com julho. A exceção foi o preço do gás natural veicular (GNV) que aumentou 6,4%, passando a ser comercializado por R$ 5,15 o metro cúbico (m³) ante aos R$ 4,84 do mês anterior, reflexo do reajuste tarifário praticado pela Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) no mês de agosto.
Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), e mostram ainda que a segunda maior alta registrada no oitavo mês do ano foi do gás liquefeito de petróleo (GLP) que teve acréscimo de 0,49% passando de R$ 102 para R$ 102,50 a média do preço negociado pelo botijão de 13 kg.
O etanol hidratado registrou alta de 0,47%, chegando ao preço médio de revenda de R$ 4,27 no Estado e a gasolina comum aumentou 0,16%, alcançando a média de R$ 6,17 o litro. Já o óleo diesel S10 manteve o preço de R$ 5,89 por litro no Estado.
A pequena alta no preço dos combustíveis pode parecer irrelevante mas, na análise do economista da Suno, Guilherme Almeida, trata-se de uma desaceleração dos preços destes produtos. “A leitura que eu faço desse cenário é que há um questionamento, até mesmo junto à Petrobras, sobre o porquê que esses preços ainda não recuaram na comparação mensal em períodos mais recentes”.
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Almeida lembra que o barril de petróleo caiu de cerca de US$ 81 para US$ 72, o que dá espaço para uma queda nos preços, que na visão dele deverá ser percebida no mês de setembro.
Entretanto, na última quarta-feira (4), a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que não há, no momento, perspectiva de redução do preço da gasolina e do diesel em razão da queda do petróleo no mercado internacional. “Não vamos fazer nada com isso. Estamos confortáveis com o nível dos preços”, disse ela a jornalistas em um evento em Brasília.
Em Belo Horizonte, o cenário dos preços se repetiu. O GNV foi o combustível que registrou a maior alta em agosto, com aumento de 6,98% em relação ao mês anterior, no entanto, registrando um preço médio abaixo do praticado no Estado. Na capital mineira, o preço médio do metro cúbico de GNV foi negociado a R$ 4,87.
Etanol acumula alta de quase 26% no acumulado do ano
Quando comparados os preços de agosto com os praticados na primeira semana do ano, a alta é percebida em todos os combustíveis em Minas Gerais. Destaque para o etanol que variou positivamente em 25,9%, passando de R$ 3,39 em janeiro para uma média de R$ 4,27 em agosto.
Em Belo Horizonte, a variação é ainda maior. Na Capital, o litro do etanol que era comercializado em janeiro a R$ 3,36, passou a ser negociado pelo preço médio de R$ 4,52, alta de 34,5%.
Na avaliação da economista da Valor Investimentos, Paloma Lopes, a variação do etanol deve-se a uma questão interna. “O Brasil trabalha com a produção de diversas commodities, assim, para o produtor de cana-de-açúcar ficou mais interessante produzir açúcar. Quando o açúcar fica mais interessante, se deixa de produzir etanol e o preço sobe”, analisa.
Já o economista Guilherme Almeida comenta que não só o etanol, mas todos os combustíveis estão inseridos na cadeia produtiva do Estado, viabilizando o escoamento da produção. Com um cenário econômico forte em Minas Gerais, o combustível acaba tornando-se um dos propulsores dos impactos inflacionários. “Os combustíveis também são um componente muito importante no orçamento familiar”, afirma.
De fato, analisando os preços praticados no Estado, a gasolina comum foi a segunda que mais oscilou positivamente, aumentando de janeiro a agosto 13,6% e passando a ser negociada ao preço médio de R$ 6,18 o litro, ante aos R$ 5,44 praticado em janeiro. Em Belo Horizonte, a variação do principal concorrente do etanol foi de 18,8%, passando de R$ 5,35 em janeiro para R$ 6,36 o preço médio do litro em agosto.
O professor do Ibmec Rio, Gilberto Braga, em entrevista ao Diário do Comércio já havia atribuído a preferência do etanol à reoneração tributária da gasolina, ocorrida em julho, o que fez o etanol se tornar um combustível mais atraente. Ele se refere ao reajuste de 7,12% concedido pela Petrobras, em 8 de julho, no valor da gasolina vendida às distribuidoras, o que elevou os preços finais.
O GNV registrou alta de 4,25% de janeiro a agosto no Estado e o GLP, alta de 2,36% no preço médio do botijão de 13 kg. Já o diesel S10, teve a menor variação, 0,17%, mantendo estável o preço do litro.
O óleo diesel, principal combustível do transporte rodoviário de cargas, também contribui com essas oscilações, na visão do economista Guilherme Almeida. Então, a expectativa é de uma depreciação dos preços. “O mercado espera esta depreciação nos combustíveis oriundos do petróleo. Porém, é preciso esperar os movimentos da Petrobras, que está sob o comando da nova presidente”, afirma Almeida.
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