Economia

Preço de combustíveis varia entre estados do Brasil; por que isso ocorre?

Especialista aponta localização de refinarias, capacidade de oferta e custo do transporte como fatores determinantes
Preço de combustíveis varia entre estados do Brasil; por que isso ocorre?
Entender essas diferenças de preço entre estados é importante, sobretudo, para o planejamento logístico das empresas. | Foto: Reuters / Adriano Machado

O preço médio da gasolina comum em Minas Gerais foi de R$ 5,99 entre os dias 12 e 18 de outubro, período do mais recente levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na mesma semana, o valor cobrado pelo combustível chegou a R$ 6,49, em média, no Paraná, por exemplo – 8,3% mais caro do que o encontrado nos postos mineiros.

Como é possível ver na tabela, o custo médio do item varia de um estado para o outro no mesmo período de tempo. De acordo com o especialista em combustíveis Vitor Sabag, três fatores principais contextualizam essas alterações entre territórios:

  • localização das refinarias,
  • capacidade de oferta
  • dependência do modal rodoviário

Para explicar o primeiro fator, Sabag cita o estado da Bahia, que conta com apenas uma refinaria. “Antes era operada pela Petrobras e hoje está nas mãos de um agente privado. Essas empresas praticam ajustes com mais frequência, o que faz com que os preços variem mais nessas regiões”, afirmou. Segundo ele, para haver uma melhora na competitividade e na formação dos preços nessas localidades seria necessário atrair novos players e instalar novas refinarias em diferentes regiões do País.

O segundo impacto nos preços, conforme o especialista em combustíveis Vitor Sabag, refere-se às regiões que não possuem capacidade suficiente de refino para atender a própria demanda. “No Nordeste, por exemplo, há uma dependência maior da importação de diesel. Como o volume produzido localmente não supre o consumo, boa parte do combustível é importado e isso o torna mais vulnerável às variações do preço internacional e à cotação do dólar”, explicou.

Por fim, a questão logística também interfere. De acordo com Sabag, regiões como o Centro-Oeste não possuem refinarias e, por isso, o combustível precisa ser transportado, geralmente por caminhões, o que aumenta o custo de frete e encarece o preço final. “A região Sudeste produz mais do que consome, o que garante preços mais competitivos e estabilidade maior. Além de atender a demanda local, o Sudeste ainda consegue abastecer outras regiões do País”.

Entender as diferenças de preço ajuda na economia das empresas

O especialista explica que entender essas diferenças de preço entre estados é importante, sobretudo, para o planejamento logístico das empresas, já que o combustível impacta diretamente no valor do transporte e, consequentemente, no preço final dos produtos ao consumidor.

“As variações regionais no preço do combustível afetam diretamente o planejamento das rotas porque é preciso considerar onde estão os melhores preços para abastecer. As empresas podem realizar planejamentos para abastecimentos mais eficientes dentro da rota, já que muitas vezes o veículo anda por vários estados, podendo assim se aproveitar do abastecimento no ponto mais benéfico”, disse.

O especialista explica que o transporte rodoviário continua sendo o principal modal de distribuição de combustíveis no Brasil, principalmente no trecho final entre distribuidoras e postos. Apesar disso, já existem movimentos para diversificar essa logística e reduzir custos, como o uso de dutos, que é uma alternativa mais eficiente na transferência de produtos entre refinarias e distribuidoras, mas ainda é limitado e pouco explorado no País.

“As variações de preço entre as regiões não são, necessariamente, negativas. Elas refletem diferenças reais de logística, estrutura tributária e até de estratégia comercial”, encerrou.

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