Preço do aço impacta construção em Minas

A baixa oferta de aço no mercado nacional e os altos preços podem comprometer lançamentos imobiliários e gerar demissões no setor da construção civil do Estado.
De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), no último ano os preços do aço subiram 80%, sendo que somente nos dois primeiros meses de 2021, a alta foi de 22%. Além disso, o prazo para entrega varia de 90 dias até 150 dias dependendo do tipo de material, o que compromete o planejamento das obras.
O presidente do Sinduscon, Geraldo Linhares, explica que a situação é crítica e as empresas do setor estão enfrentando graves dificuldades com o desabastecimento e encarecimento do aço.
“Somente entre janeiro e fevereiro, tivemos um aumento de 22% nos preços do aço. No último ano, a alta ficou em 80%. Além disso, estamos com problemas de abastecimento, já que, dependendo do produto, as siderúrgicas levam de 90 dias a 150 dias para entregar, entregas essas que também estão atrasando. É um problema muito grave”.
Ainda segundo Linhares, não existe alternativa no curto prazo para resolver a situação. A busca pelo produto em distribuidoras é desvantajosa, já que o volume demandado é alto e a maior parte não tem estoques suficientes para atender. Outro problema é o custo elevado, uma vez que os preços dos distribuidores são entre 45% e 50% maiores que os praticados nas indústrias.
A alternativa para o setor, ainda que de longo prazo, é a importação do insumo. “Já foi pedido ao governo federal a isenção da alíquota de importação e há um movimento para isso acontecer. Porém, a importação leva cerca de três a quatro meses para chegar ao nosso País”, disse Linhares.
Com a falta de material no mercado, as obras estão sofrendo atrasos, o que vai encarecer o valor final.
“Ao iniciar as obras, construímos as fundações, pilares e lajes que dependem do aço para ser feitas. É um problema gravíssimo que estamos enfrentando. Encomendamos os materiais e só recebemos após três a cinco meses, com isso, começamos totalmente defasados”.
A falta de produtos para a construção civil não está limitada somente ao aço. Há dificuldades com o abastecimento de louças, metais, esquadrias de alumínio, portas, entre outros.
Com todos os gargalos, a tendência é que lançamentos imobiliários sejam adiados e também haverá encarecimento dos imóveis.
“Os preços dos materiais estão subindo muito e serão repassados para os imóveis que serão lançados. O momento atual é o melhor para o consumidor comprar apartamentos prontos ou quase concluídos, porque foram construídos com custos menores”.
Dispensas
Outro impacto negativo esperado, caso não ocorra a regularização da oferta, é a dispensa de mão de obra.
“Somos o setor que mais gerou emprego nos últimos meses e não queremos reduzir nossa mão de obra. Porém, com a falta de material e de previsibilidade de uma regularização das entregas, as obras estão se prolongando e as demissões podem ocorrer. O que é muito ruim”, explicou.
A indicação para as empresas do setor da construção civil é que o planejamento das obras e das compras seja muito bem feito e que as encomendas para a indústria de aço sejam realizadas com antecedência.
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