Preço do combustível continua subindo, mesmo com medidas do governo federal

Rio de Janeiro – O preço médio do diesel subiu 8,55% nos postos do Brasil na primeira metade de março ante o fechamento do mês anterior, apesar de o governo ter suspendido a cobrança dos tributos federais para frear o avanço do combustível, apontaram dados do Índice de Preços Ticket Log (IPTL) à Reuters.
Com a alta, o diesel atingiu R$ 4,452 por litro na primeira quinzena deste mês, segundo o Ticket Log, marca de gestão de frotas e soluções de mobilidade da Edenred Brasil que monitora 1 milhão de veículos. O diesel S-10, por sua vez, subiu 8,38%, a R$ 4,515.
“Em fevereiro, na comparação mês a mês, os dois tipos do combustível apresentaram a quarta alta consecutiva. Com os valores registrados neste início de março, podemos ter um quinto aumento ao final do mês”, disse em nota o Head de Mercado Urbano da Edenred Brasil, Douglas Pina.
A alta dos preços vem como reflexo do aumento do barril do petróleo nos mercados internacionais. Na semana passada, o barril de Brent (referência internacional) fechou próximo a US$ 70, sustentado pelos cortes de oferta de grandes países produtores e pelo otimismo com uma recuperação da demanda no segundo semestre.
A atual gestão da Petrobras, que detém quase 100% da capacidade de refino do Brasil, busca praticar valores com paridade de importação, para permitir que combustíveis sejam importados para complementar a demanda do mercado doméstico sem que haja prejuízo.
O alinhamento da cúpula da empresa com essa política de repasse de valores internacionais e do câmbio levou à queda do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, no mês passado.
O diesel da petroleira estatal vendido às distribuidoras acumula alta de mais de 40% neste ano até agora. O reflexo das altas da companhia aos postos, no entanto, depende de inúmeras questões, como impostos, margens de distribuição e revenda e adição obrigatória de biodiesel.
O avanço dos valores nas bombas ocorreu mesmo após o presidente Jair Bolsonaro ter editado um decreto e uma medida provisória no início do mês para reduzir a zero as alíquotas do PIS/Cofins incidentes sobre a comercialização e a importação do óleo diesel, por dois meses, como forma de evitar uma escalada dos preços.
Bolsonaro tem apelado para que estados reduzam também o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, o que não está ocorrendo. Ao definir o valor de referência para a cobrança do imposto estadual para a próxima quinzena, a partir desta segunda-feira, 18 estados mais o Distrito Federal optaram por um aumento dos valores. Os demais deixaram o valor estável.
Avanços regionais – O comparativo entre as regiões, tanto o diesel comum quanto o diesel S-10 foram encontrados com valores mais altos no Norte, e mais baixos no Sul.
Nos postos dos estados nortistas, o preço médio do tipo comum registrado foi de R$ 4,675, e do S-10, de R$ 4,762. Já na região Sul, o diesel foi encontrado a R$ 4,101 e o diesel S-10 a R$ 4,150.
“A maior parte dos avanços de preços dos dois tipos do combustível nas regiões esteve na casa de 8%. A exceção é o diesel comum na região Norte, que avançou 7,97%. As maiores altas foram registradas no Centro-Oeste, de 9,09% no preço médio do tipo comum, e 8,63% no preço do S-10”, disse Pina.
Entre as unidades federativas, todos os preços médios encontrados estão acima de R$ 4. No Acre, onde estão os preços mais altos, o diesel registrou R$ 5,176, e o diesel S-10, R$ 5,242. Já os valores mais baixos foram encontrados no Paraná, com o diesel a R$ 4,068 e o S-10 a R$ 4,107.
O Índice de Preços Ticket Log (IPTL) feito com base nos abastecimentos realizados nos 18 mil postos credenciados da Ticket Log. (Reuters)
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