Economia

Preço do gás natural para as distribuidoras deve subir 17%

Preço do gás natural para as distribuidoras deve subir 17%
Crédito: Divulgação

São Paulo – A disparada dos preços do petróleo Brent no primeiro trimestre do ano deve puxar um aumento de 17%, em média, dos preços de compra de gás natural pelas distribuidoras a partir de maio, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace).

Para a indústria brasileira consumidora de gás, o repasse do reajuste será menor, ficando em 9% em média, estimou a entidade, que reúne empresas responsáveis por mais de 40% do consumo industrial.

Segundo análise da Abrace, o preço do Brent teve uma alta de quase 30% entre janeiro e março deste ano, em meio à guerra na Ucrânia, o que impactou diretamente o preço da molécula de gás.

Mas a estabilidade de outros componentes do preço final de compra do gás, como os custos de transporte, deve impedir uma alta mais expressiva.

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O diretor de gás da Abrace, Adrianno Lorenzon, observa que os aumentos variam entre Estados, a depender do mix de fornecimento das distribuidoras locais de gás canalizado, que começam a contar com outros supridores além da Petrobras.

Ele observa, no entanto, que a Petrobras continua dominante, atendendo cerca de 85% do mercado das distribuidoras, e que alguns supridores alternativos vêm adotando regras de reajuste semelhantes às da estatal.

Pelos cálculos da associação, a Comgás (SP) e a CEG (RJ) devem ver aumentos médios de 18% no preço de compra do gás a partir de maio. Já na Bahiagás, a alta seria de 12%.

Liminares – “No Rio, tem ainda uma liminar (da distribuidora) contra os contratos da Petrobras… Os reajustes que vão acontecer são baseados nos contrato anteriores, se fossem nas novas condições colocadas pela Petrobras, o aumento seria maior ainda”, comentou Lorezon.

Desde o início do ano, algumas distribuidoras conquistaram liminares na Justiça para impedir a aplicação de um reajuste da Petrobras em seus contratos de fornecimento de gás a partir de 2022.

Setor produtivo – A alta do preço do gás tem impacto nos custos do setor produtivo. Segundo a Abrace, o último reajuste de preços, aplicado em fevereiro, foi de 12%, em média. “Como a gente vem numa escalada do petróleo já há alguns meses, mesmo em fevereiro tivemos um aumento relevante.”

Procurada, a Abegás, que representa empresas distribuidoras de gás canalizado, não pôde comentar o assunto imediatamente.

GLP O preço do gás de cozinha, gás liquefeito de petróleo (GLP), atingiu a maior média mensal real (descontada a inflação) do século 21.

Os botijões de 13 kg estão sendo vendidos no Brasil a um valor médio de R$ 113,48, valor que representa 9,4% do salário mínimo. Essa é a proporção mais elevada desde março de 2007, quando o botijão custava R$ 33,06 e o salário mínimo era de R$ 350.

Os dados são de levantamento do Observatório Social da Petrobras, organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e que monitora as políticas e ações da empresa.

A pesquisa foi feita com base no preço médio mensal do GLP e na média de valores semanais para o mês de abril, divulgados na terça-feira (26) pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Em março, o gás alcançou o maior preço médio real da série histórica, que tem início em julho de 2001, quando o órgão regulador federal começa a divulgar os valores do gás de cozinha, vendido a R$ 109,31. Antes disso, o recorde tinha sido registrado em novembro de 2021, com o preço médio de R$ 106,50.

Segundo o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), a elevação do preço do gás e de sua participação no orçamento das famílias impulsionou o crescimento do uso de lenha no Brasil.

“Entre os anos de 2013 e 2016, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a população consumia mais GLP do que lenha. Mas a partir de 2017, a lenha voltou a ser mais utilizada do que o gás de cozinha nas residências do país. E, em 2020, esse consumo já era 7% maior do que o de GLP”, afirma.

Os sucessivos reajustes no gás de cozinha e na gasolina fazem parte das principais preocupações de Jair Bolsonaro (PL) em seu projeto de reeleição para a Presidência da República.

No final de março, ele demitiu o então presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, em meio ao desgaste gerado por mega-aumento dos preços nos combustíveis promovido pela empresa. José Mauro Coelho foi nomeado para o seu lugar. (Folhapress/Reuters)

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