Preço do pão impede maior consumo no inverno em BH

O consumo de pão se estabilizou em Belo Horizonte, o que, segundo os panificadores, na verdade sinaliza uma queda. Isso porque, historicamente, as pessoas comem mais pão no inverno – o que não aconteceu este ano.
“O frio está mascarando uma queda no consumo”, afirma o presidente da Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Winícius Segantine Dantas, que também responde pela presidência da Câmara da Indústria de Alimentos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). “O preço do trigo também se estabilizou e prenuncia uma queda diante do aumento da produção nacional, que, ao que tudo indica, trará autossuficiência ao setor”, acrescenta.
O setor de panificação tem enfrentado uma escalada dos custos dos insumos. Tudo aumentou – farinha de trigo, leite, queijo -, o que se refletiu no preço do pão, que teve alta de quase 20% em dois anos. As dificuldades se ampliaram com a interrupção do fornecimento de trigo por parte da Rússia. Isso aumentou a concorrência aos grãos da Argentina, EUA e Canadá e do próprio Brasil, que está batendo recordes consecutivos de exportação.
Um dos maiores importadores de trigo do mundo, o País exportou até junho deste ano mais que o dobro de 2021: são 2,5 milhões de toneladas contra 1,12 milhão de toneladas do grão em todo o ano passado.
O dólar estável tranquilizou o setor, mas qualquer movimento da moeda deixa os panificadores de sobreaviso. “Antes, o dólar estava parado e hoje foi para R$ 5,25, o que traz uma certa insegurança. Afinal, quando o dólar cai, o preço da farinha não diminui; mas, quando ele sobe, a farinha acompanha numa rapidez danada”, compara Segantine.
O clima também é o responsável pela redução do consumo na Europa, mas por causa de uma onda de calor. “O setor de guerra sempre abasteceu a Europa de trigo, afinal a Rússia é o maior produtor mundial. No entanto, os países europeus estão assediando pouco a Argentina, que é o nosso mercado de compra. Ou seja, com uma demanda menor, estão comprando menos”, aventa o empresário.
Destaca-se que a Argentina parou de mandar trigo em grão para os compradores e agora prefere vender a farinha. “É o que a gente deveria estar fazendo há muito tempo no Brasil, que é agregar valor ao produto exportado através da industrialização, o que geraria mais renda e melhores empregos”, ressalta Segantine.
Para o segundo semestre, ele acredita que os incentivos do governo se refletirão positivamente na economia. “A redução do preço dos combustíveis, o Auxílio Emergencial e outros que estão sendo ofertados, a liberação dos saques do FGTS, tudo isso é positivo para a economia. Sou otimista, então tenho certeza que nós vamos vender mais no segundo semestre, afinal o pão é o melhor produto na mesa do brasileiro. Ele alimenta bem por um preço menor, ou seja, oferece a melhor relação custo-benefício”, finaliza.
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