Preço do minério de ferro despenca em 2024, e analistas fazem projeções para 2025

O ano de 2024 foi de queda no preço do minério de ferro. A cotação média da tonelada com teor de 62% de ferro despencou de cerca de US$ 135 em janeiro para aproximadamente US$ 105 em dezembro, impactada, sobretudo, por movimentos na economia chinesa. No entanto, o recuo poderia ser ainda maior não fossem iniciativas governamentais.
A fraqueza da atividade de construção civil da China, que sofre efeitos de uma crise imobiliária, está entre os principais fatores que contribuíram para o declínio, conforme especialistas do mercado financeiro. Eles ressaltam, contudo, que as várias medidas de estímulo econômico implementadas pelo governo chinês frearam a desvalorização.
Para o próximo ano, o cenário é incerto. A Wood Mackenzie prevê uma queda do preço da commodity mineral para uma média de US$ 100 por tonelada; o Goldman Sachs projeta uma baixa para US$ 95 a tonelada; e o Itaú BBA estima um declive para US$ 85 por tonelada. Entretanto, o valor pode ficar estável e até mesmo subir, de acordo com analistas.
O especialista da Valor Investimentos Paulo Luives avalia que há possibilidade de o preço do minério de ferro se manter no mesmo patamar atual caso a demanda em 2025 seja semelhante à deste ano, e que os estímulos chineses terão influência sobre a cotação.
Ele ressalta que o governo da China anunciou que deve fazer mais uma série de incentivos econômicos no ano que vem, especialmente, para aumentar a força do consumo interno, e que esse movimento é capaz de impulsionar o preço de algumas commodities.
“Sabemos que o minério de ferro tem uma dependência muito grande do setor imobiliário chinês, que nos últimos anos vem num processo de desaceleração. No entanto, nada impede que, com uma nova rodada de estímulos, a gente veja setores, até mesmo como o imobiliário, tendo uma nova tração. Isso, de certa forma, pode impactar, sim, a cotação da commodity, mas não é nada que está mapeado até o momento”, afirma.
Retorno de Trump pode recuperar apetite do mercado pela commodity
Para o economista e assessor da iHub Investimentos, Lucas Sharau, a volta de Donald Trump à Casa Branca é um dos fatores que pode influenciar a cotação em 2025.
Ele destaca que o republicano é conhecido por ser protecionista e por estimular a atividade econômica. Logo, há expectativa de que em seu novo mandato ocorra a formação de novos acordos bilaterais, incentivos à produção e à indústria americana, além de estímulos para aumentar a quantidade de bens comercializados globalmente pelos Estados Unidos.
“Ainda é cedo para determinar os impactos do retorno de Trump, mas há uma perspectiva de recuperação no apetite do mercado por minério de ferro com essas possíveis medidas”, afirma, pontuando que várias commodities foram impactadas na gestão de Joe Biden devido à fragilidade do governo em termos de incentivos à indústria e ao comércio, que levou a desvalorização do dólar, descontrole inflacionário e recuo na atividade comercial global.
Cotação sofre efeitos de declarações do republicano
O sócio-diretor da Belo Investment Research, Paulino Oliveira, afirma que, no longo prazo, é preciso ficar atento às expectativas de alta na demanda na Índia e de redução na China. Segundo ele, também tem que ficar de olho na guerra comercial entre chineses e estadunidenses, com o possível aumento de tarifas de importação prometido por Trump.
“Tem um pouco de estratégia de negociação do Trump de fazer proposições em alguma medida exageradas, ancorar expectativas, e ter medidas na prática com impacto menor do que aquilo anunciado. Mas ele tem falado de tarifa de 100% para determinadas importações, então, no mínimo temos um fator muito importante de incerteza e com um potencial de queda”, diz, citando as projeções de queda feitas pelo Goldman Sachs e Wood Mackenzie.
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