Preço do minério de ferro deve ficar estável em 2024

Especialistas do mercado financeiro e mineral projetam estabilidade no preço do minério de ferro em 2024. No ano passado, a cotação teve altos e baixos, impactadas, sobretudo, pela economia chinesa, principal país consumidor da matéria-prima. Entre janeiro e novembro, apenas o Brasil, um dos principais produtores mundiais, exportou, em valores, US$ 17 bilhões do insumo aos chineses.

A gerente-geral de vendas da Weir Esco, Ana Paula Machado, destaca que o preço médio do minério de ferro ficou nos US$ 119 por tonelada em 2023 e que o ano foi positivo para o setor mineral brasileiro. Para o atual exercício, ela enfatiza que as projeções dos grandes bancos mundiais é que a matéria-prima ande de lado, sendo cotada entre US$ 110/tonelada e US$ 125/tonelada.

“A oferta não deve aumentar muito. A gente percebe que os maiores players (de mineração), Vale, Rio Tinto, BHP, não têm previsões de grandes aumentos de oferta para 2024, somente a partir de 2025, então, imaginamos que deva ficar equilibrado. Temos projetado o preço do minério de ferro na casa dos US$ 110 a US$ 125 a tonelada”, disse Ana Paula Machado.

Conforme ela, o primeiro trimestre do ano é tradicionalmente de mais volatilidade, devido a fatores climáticos que afetam a atividade produtiva mineral, como as intensas chuvas que atingem o Brasil e a incidência de ciclones na Austrália. Ana Paula Machado realça que os dois países representam quase 60% da produção mundial de minério de ferro. Logo, a gerente-geral ressalta que esse período tende a ser mais “forte” para o setor, mas o resto do ano deve ser estável.

Já para o analista de investimentos da Mirae Asset, Pedro Galdi, os baixos estoques nos portos e siderúrgicas da China criam a expectativa de que o minério de ferro seja cotado na faixa dos US$ 100/tonelada em 2024.

China e Estados Unidos devem ditar o preço do minério de ferro

O assessor na iHUB Investimentos, Lucas Sharau, também compartilhou com o DIÁRIO DO COMÉRCIO suas análises sobre o desempenho do minério de ferro ao longo de 2023 e suas expectativas para 2024. Segundo ele, no decorrer do ano, a China diminuiu drasticamente os esforços relativos ao consumo da matéria-prima, o que impactou a precificação da própria Vale.

Sharau recorda que as ações da mineradora chegaram a valer, no ano passado, R$ 50, enquanto em tempos anteriores, esse valor atingiu R$ 120. Nos últimos meses, conforme, houve uma retomada nessa precificação, com a empresa trabalhando hoje com patamares de R$ 77, recuperação influenciada pela sinalização dos chineses em aumentar o consumo de minério de ferro brasileiro.

Dito isso, o assessor explica que os chineses não podem ficar sem consumir, porém, para 2024, a expectativa do mercado é que o Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático cresça menos, podendo influenciar na cotação da matéria-prima. Outro ponto que pode impactar o preço do insumo é a política dos Estados Unidos, já que o país passará por eleição presidencial neste ano, ou seja, dependendo do novo governante poderá haver um aumento na tensão com a China.

“Uma medida governamental que fomente o consumo de minério de ferro pela China pode fazer com que o preço dispare na ordem de 50%, 70%. Na mesma forma que, na contramão, os Estados Unidos embargando a China ou até mesmo diminuindo a necessidade de consumo, entrando numa crise ou tendo que aumentar juros, medidas que sejam mais contracionistas, podem vir na direção de fazer com que o insumo desabe para patamares 50% mais barato também”, avalia.