Preço das passagens aéreas impulsiona IPCA da RMBH, que fica acima da média nacional

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) subiu 0,57% no mês de novembro, em relação a outubro. O indicador que mede a inflação foi impulsionado principalmente pelo aumento no preço das passagens aéreas na Grande BH, como mostram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (10).
O professor de Negócios da UNA, Stenio Tales Afonso, aponta que o consumo do mês de novembro e a cotação do dólar impactaram a inflação ad RMBH. (Leia a análise completa ao final do texto).
O índice da RMBH foi superior à inflação média do País, que registrou alta de 0,39%. O mesmo ocorre com o desempenho mensurado nos últimos 12 meses, em que a inflação acumulada no Brasil foi de 4,87%, enquanto na RMBH chegou a 6,54% – a maior variação entre as áreas pesquisadas.
Nos 11 meses do ano, o levantamento do IBGE também aponta que o IPCA na RMBH foi superior à média nacional: 5,7% frente a 4,29% – a segunda maior variação positiva entre as 16 áreas pesquisadas.
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A alta de 0,66% no grupo de transportes foi uma das principais causas do aumento da inflação na RMBH no mês passado. Os custos da passagem aérea aumentaram, em média, 29,10% de outubro para novembro, o que impactou o índice geral em 0,12 ponto percentual (p.p.).
No mês passado, também houve alta de 6,71% nos preços do ônibus urbano, após as gratuidades concedidas nas passagens em outubro para as eleições municipais. Esta normalização da cobrança impactou o indicador em 0,09 p.p., enquanto a queda de 0,79% nos preços da gasolina causou impacto de -0,04 p.p. e não deixou a inflação subir ainda mais.
Alimentação também puxa alta do IPCA em BH, enquanto custo da energia diminui
O grupo de alimentação e bebidas registrou a maior alta percentual no IPCA da RMBH. O aumento de 1,93% foi impulsionado, sobretudo, pelas carnes, com uma alta média de 10,97% nos preços de vários cortes, que geraram um impacto conjunto de 0,31 p.p.
Veja os cortes de carnes que registraram crescimento percentual acima de dois dígitos nos preços:
- alcatra (15,42%),
- músculo (13,89%),
- pá (13,28%),
- acém (12,23%),
- chã de dentro (11,48%)
- e costela (11,32%).
O IBGE também detectou altas nos preços da laranja-lima (17,21%), no mamão (16,20%) e no óleo de soja (10,34%). Os subitens tiveram impactos de, respectivamente, 0,02 p.p. 0,02 p.p. e 0,04 p.p. no indicador.
O grupo habitação registrou queda de 1,44% em novembro, puxado pelo custo da energia elétrica residencial, que caiu 5,21% devido à bandeira tarifária amarela acionada no mês. Foi o maior impacto individual negativo no índice, de -0,22 p.p.
Consumo e dólar alto impactaram IPCA da Grande BH
O professor de Negócios da UNA, Stenio Tales Afonso, aponta que em novembro, fatores como a proximidade das férias escolares, além da Black Friday e da primeira parcela do 13º salário, impulsionaram o consumo e ajudaram a puxar a inflação para cima.
“Até a movimentação de carros em Belo Horizonte, no grande centro, está muito além do normal. As pessoas estão mais dispostas a gastar, a sair e a consumir, sem fazer qualquer tipo de pesquisa”, disse.
Além do consumo em geral, o professor da UNA afirma que questões internas e externas do País também contribuíram para a elevação do IPCA da Grande BH. A incerteza do mercado financeiro, com o pacote fiscal do governo federal, mais as guerras ao redor do mundo, afetaram a cotação do dólar.
Os preços do setor de turismo, como das passagens aéreas e pacotes turísticos, são atrelados, em alguma medida, à moeda norte americana. “Tem essas coisas que influenciaram, com certeza, nesse aumento desse IPCA”, explicou Tales Afonso.
Em relação ao dólar, a incerteza do mercado dependerá da aprovação do pacote fiscal, no Congresso Nacional, e do cenário externo, sobretudo com a posse do presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. No cenário local, o especialista aponta que a população ficará descapitalizada nos próximos meses, sem renda extra – como o 13º salário – e com as contas no início do ano para pagar. “Tende a ter uma deflação, se for olhar somente pelo cenário de recursos disponíveis”, declarou.
Outros impactos no IPCA da Grande BH
Além dos grupos de transportes e de alimentação e bebidas, outros conjuntos ajudaram a elevar o IPCA em novembro. São eles:
- Despesas pessoais (1,46%);
- Vestuário (0,78%);
- Saúde e cuidados pessoais (0,23%).
E além da habitação, outros três grupos apresentaram deflação. São eles:
- Artigos de residência (-0,30%);
- Comunicação (-0,13%);
- Educação (-0,01%).
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