Preços de eletroeletrônicos no e-commerce brasileiro têm queda em setembro; entenda

Os produtos eletroeletrônicos vendidos no e-commerce brasileiro apresentaram uma queda de 3,2% no preço em setembro deste ano. A variação ocorre na comparação anual, ou seja, em relação a setembro do ano passado. Os dados são do Índice de Preços Fipe/Buscapé.
Segundo o pesquisador da Fipe, Sérgio Crispim, no curto prazo, a taxa de câmbio pode explicar a recente tendência de diminuição nas quedas anuais dos preços de eletroeletrônicos.
Como muitos aparelhos eletroeletrônicos são ou têm componentes importados, o movimento cambial atual pode ter sido um fator-chave para a queda dos preços destes produtos no Brasil.
“A valorização de 13,3% do câmbio nos 12 meses encerrados em agosto de 2024, e de 13% nos últimos sete meses, pode ter influenciado diretamente os preços. Essas variações podem ser tanto mensais, quanto anuais, à medida em que os estoques de produtos sejam renovados nas lojas”, explica Crispim.
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É que no mercado brasileiro, as lojas de departamento e os estabelecimentos que comercializam eletroeletrônicos importados ou com insumos vindo de outros países costumam operar com estoques. Então, quando o câmbio está mais alto, desfavorecendo a compra de novos produtos, os lojistas vendem mais barato os estoques antigos.
Essas lojas lidam com produtos mais antigos porque o giro de eletroeletrônicos não é tão rápido quanto o de itens de primeira necessidade ou perecíveis. É o que explica o economista da Suno e especialista em Educação Financeira, Guilherme Almeida.
“Os produtos mais antigos na loja tiveram custo mais baixo para o empresário quando foram adquiridos, do que os que estão sendo adquiridos agora com uma inflação mais alta, ou seja, um câmbio mais alto. Na prática, essas lojas têm um estoque mais antigo cuja margem de custo permite reduzir o preço, praticar uma ação promocional ou promover um desconto mais agressivo. Isso porque o estoque antigo está precificado abaixo dos valores de novos produtos que estão entrando agora para venda ao consumidor. É o que a gente chama popularmente de desovar o estoque antigo para a entrada dos novos a um custo mais alto”, pontua.
Isso não significa que essas lojas estejam ficando no prejuízo ao praticar valores menores, segundo o economista. “São estoques que foram formados anteriormente a preços que vigoravam a época, com uma taxa de câmbio talvez mais comportada, logo, não significa perda para os lojistas”, esclarece.
A tendência de quedas anuais decrescentes, observada desde dezembro de 2023, reflete, em grande parte, as oscilações no câmbio, que têm impacto direto sobre os preços desses produtos.
Celulares puxam queda de preços
As categorias que tiveram as maiores quedas anuais de preços em setembro foram:
- celulares (-9,3%),
- eletroportáteis (-4,8%)
- e informática (-3,4%).

O único grupo que teve aumento de preços foi o de eletrodomésticos (3,3%), influenciado principalmente pelos preços de aparelhos de ar-condicionado, que tiveram aumento anual de 12,1%.
Para o superintendente executivo da Mosaico no Banco PAN, Francisco Donato, as variações de preços nas categorias refletem como a inovação pode beneficiar a diversidade de ofertas.
No entanto, ele ressalta a importância da cautela ao buscar o melhor negócio, destacando que, embora a tecnologia amplie as opções de preço, é essencial pesquisar com atenção para garantir a escolha mais vantajosa.
“As marcas estão inovando cada vez mais em suas linhas de produtos para atingir diferentes públicos. No entanto, independentemente da faixa de preço, é fundamental fazer uma pesquisa criteriosa para garantir a melhor oferta”, diz.
Donato também afirma que produtos como aparelhos de ar-condicionado continuam a ser altamente procurados, o que sugere que esses itens serão novamente um dos mais buscados na Black Friday, assim como em 2023.
“Dado o aumento dos preços desses equipamentos nos últimos meses, a importância de uma pesquisa cuidadosa se torna ainda mais evidente para que o consumidor possa aproveitar as melhores condições”, conclui.
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