Economia

Prefeitos querem projeto alternativo do Rodoanel

Prefeitos querem projeto alternativo do Rodoanel
Crédito: Charles Silva Duarte / Arquivo DC

O secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Fernando Marcato, e o prefeito de Betim, Vittorio Medioli (sem partido), reúnem-se hoje para tratar da mais nova proposta alternativa para o Rodoanel Metropolitano. Ao lado de outros municípios da região do Médio Paraopeba, como Contagem, Esmeraldas, Ribeirão das Neves, Sarzedo, Ibirité e Brumadinho, a cidade reivindica que se altere o traçado do projeto proposto pelo governo estadual.

Segundo prefeitos da região, o escopo atual poderá ocasionar impactos irreversíveis não apenas sob o ponto de vista ambiental, mas também social, uma vez que  interfere em bairros já consolidados por meio da desapropriação de milhares de imóveis principalmente nas cidades de Betim e Contagem – as maiores da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Assim, o projeto liderado por Betim é diferente dos outros dois já propostos pelo Estado e, conforme Medioli, permite uma verdadeira rede de interligações entre as BRs 040, 381 e 262, criando um eixo viário que circula os centros urbanos, proporcionando mais segurança, desenvolvimento sustentável e menos impacto social e ambiental.

“É a obra do século na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Não somos contra o Rodoanel, obra que vai reestruturar toda a região e pode abrir novas fronteiras, atrair investimentos e ordenar o crescimento e o desenvolvimento. Mas o traçado precisa ser reformulado“, defendeu o prefeito durante audiência pública realizada ontem (4), em Betim.

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Segundo Marcato, que acompanhou a audiência de maneira virtual, o novo traçado sugerido pelos municípios é diferente daquele apresentado pela prefeitura de Betim no início do ano e que foi estudado pelos técnicos da Pasta. “Vamos ver qual o nível de maturidade da nova proposta, se está dentro dos padrões necessários. É importante que a gente possa estudar e conhecer cada alternativa”, afirmou.

A principal reivindicação dos municípios diz respeito ao fato de o traçado estadual cortar bairros já consolidados das cidades – especialmente Betim e Contagem. Isso inclui a Área de Proteção (APA) Várzea das Flores, localizada entre os dois municípios da região metropolitana. Eles argumentam que a proposta do Estado prevê que o corredor viário passe dentro da unidade de preservação, causando impactos irreversíveis.

Outra questão apontada pelos prefeitos diz respeito à participação da sociedade na elaboração do projeto. A intenção, conforme Medioli, é que o governo estadual considere as proposições apresentadas. “Já tentamos mostrar os impactos sociais trazidos por esse traçado do Estado. Levamos anos para construir uma cidade e agora vamos destruí-la para criar uma travessia? Não existe isso. É preciso respeitar a população. Além do mais, há muitos aspectos técnicos manipulados. Precisamos deixar claro o que é a vontade popular, a vontade dos municípios e deixar de ser patrolado pelo Estado”, argumentou.

Vargem das Flores

A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), destacou a importância da união dos municípios para debater e definir o que é bom para cada cidade que será impactada pelo projeto. Segundo ela, a proposta do Estado resolve o problema do Anel Rodoviário – uma vez que promete desafogar o trânsito nesta que é a principal via da RMBH e que já está saturada há décadas -, mas cria problemas em Betim e Contagem, com repercussões em grande parte da região metropolitana.

“Precisamos encontrar uma solução para o Anel Rodoviário, mas não podemos criar outro problema. Queremos um traçado que não traga problemas sociais, ambientais e econômicos para nossas cidades. Dividir a bacia de Vargem das Flores transforma Contagem em cidade de passagem. Estamos falando da segunda maior cidade de Minas, a terceira em termos de arrecadação. Se o projeto se mantiver assim, isso tudo vai se perder”, alertou.

Marília Campos lembrou que a concepção do Rodoanel é contornar as cidades, e não passar pelo meio delas. E foi enfática ao dizer que é totalmente contra a proposta do governo estadual e que a prefeitura não deixará que o Rodoanel Metropolitano atravesse a Vargem das Flores. “A proposta do Estado é tão inviável que vai terminar em disputas judiciais. E a prefeitura de Contagem será a primeira a acionar a Justiça”, afirmou.

Brumadinho quer inserção em projeto

Já o prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo (PV), opinou que a cidade deve ser beneficiada com o projeto do Rodoanel Metropolitano, inclusive, porque os recursos provêm do acordo bilionário entre o governo mineiro e a Vale para reparação dos danos causados pelo rompimento da Barragem do Córrego do Feijão em 2019. “Fomos o município mais impactado e agora necessitamos de uma logística até as BRs 381 e 040. Esta é uma forma de a cidade ser contemplada e gerar emprego e renda”, disse.

Sobre a proposta dos municípios, Melo falou da importância do diálogo entre todas as partes. “Não adianta termos as versões de cada município. Temos que atender a maioria dos prefeitos, mas também o Estado no seu objetivo. Dialogando vamos chegar a um ponto comum”, completou.

Principais diferenças entre os projetos

O projeto recentemente atualizado pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) prevê investimentos da ordem de R$ 5 bilhões, dos quais R$ 3,07 bilhões serão provenientes do acordo com a Vale. A extensão é de cerca de 100 quilômetros. Já o projeto dos municípios estima investimentos da ordem de R$ 3,5 bilhões e extensão de 113 quilômetros.

A versão do Estado prevê: duas pistas; desapropriações com interferências em benfeitorias; fluxo de 200 mil veículos indo para Betim e Contagem; grande impacto na APA Vargem das Flores, passando por áreas densamente povoadas; maior tempo para execução em função de desapropriações.

Já a alternativa dos municípios propõe: um traçado maior, mas com três pistas e sem grandes interferências; menor custo com desapropriações, pois a maior parte seria em áreas rurais, não dividindo bairros; interligação maior entre as BRs 381, 262 e 040; e menor impacto na APA Vargem das Flores, pois o traçado passaria em áreas menos povoadas.

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