Economia

Prefeitura de BH quer 40% dos ônibus de passageiros sustentáveis até 2030

Iniciativa faz parte do Plano Local de Mobilidade Limpa, que foi apresentado ontem ao ministro de Minas e Energia
Prefeitura de BH quer 40% dos ônibus de passageiros sustentáveis até 2030
Veículo elétrico tem autonomia para percorrer cerca de 230 km com única carga de bateria | Crédito: Rodrigo Clemente/PBH

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) pretende substituir 40% da frota do transporte público por ônibus elétricos ou de outras fontes de energias renováveis como o gás biometano ou o próprio etanol até 2030. A iniciativa faz parte do Plano Local de Mobilidade Limpa da Capital, apresentado ontem (29) pelo Prefeito Fuad Noman (PSD).

Ao anunciar a medida ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao diretor de relações institucionais da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), João Paulo Menna, e ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, o prefeito adiantou que os testes serão realizados por 30 dias para ver se adequam à realidade das necessidades das empresas e da cidade.

“Eles circularão sem passageiros. Vamos ter ônibus rodando na cidade para testar e ver a capacidade deles”, comentou o prefeito. De acordo com Noman, o Setra (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros), juntamente com a Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (Sumob), fará o estudo sobre a viabilidade. 

“Queremos saber a realidade da operação, a capacidade de carga dos ônibus, o rendimento e a capacidade das empresas de fazer esse investimento. É um teste, é um veículo novo para todos nós”, disse o prefeito.

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A Cemig esteve representada no encontro pelo diretor de Relações Institucionais da empresa, João Paulo Barreto, que afirmou que a companhia auxiliará nestes testes. “Podemos liberar carga extra pontuais às empresas para que possam atender e manter a frota”, disse.

Para trocar 40% da frota, são necessários cerca de R$ 6 bilhões. De acordo com o prefeito, enquanto um ônibus a diesel custa em média R$ 800 mil, o ônibus elétrico custa R$ 2,5 milhões. “A previsão natural de troca de ônibus é de 10 anos. Nossa estimativa é que 40% deles sejam trocados nesse período. Então, eu estou muito otimista, mas nós temos que entender a realidade. Como é que nós vamos fazer isso? O custo é mais caro, mas nos informaram que a operação é cinco vezes mais barata. Hoje, os bancos de fomento estão muito interessados em atuar nesse segmento da troca da matriz energética de diesel para elétrico ou outro como o biometano”, comentou o prefeito.

Noman explicou que hoje quem arca com a despesa dos ônibus são as empresas, mas que já estudam a viabilidade de financiamentos e contribuição do governo federal. “O BNDES tem recurso, o Banco Mundial tem recurso. Estamos trabalhando junto ao governo federal para ver o que é possível fazer”, comentou.

Veículos sustentáveis poluem menos e fazem menos barulho

O veículo elétrico possui a capacidade de alcançar uma velocidade máxima de 70 a 80 km/h e tem autonomia para percorrer cerca de 230 quilômetros com uma única carga de bateria. Já os veículos movidos a biometano emitem 90% menos gases poluentes na comparação com o diesel, com autonomia um pouco maior do que a dos veículos elétricos. Com o gás biometano, o veículo percorre em média 350 quilômetros com a carga total de gás.

A ação de eletrificação e a busca por energias limpas para a frota de Belo Horizonte faz parte do Plano Local de Mobilidade Limpa, que visa alinhar o município aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Prefeito Noman Fuad e ministro Alexandre Silveira andaram de ônibus 100% elétrico | Crédito: Rodrigo Clemente/PBH

Janela de oportunidades para o Brasil

Para o ministro Alexandre Silveira, a transição energética é uma realidade e um debate vigoroso não só no Brasil como no mundo. “O mundo inteiro discute a descarbonização para salvaguarda do planeta. Uma oportunidade para criarmos um círculo virtuoso em função das potencialidades do Brasil. Nós temos 88% de energia limpa e renovável, eólica, solar,  biomassa, biometano. O potencial hidráulico, já que nós temos 11% da da água limpa do planeta e o hidrogênio verde”, ressaltou. 

Ele enfatizou que é um momento de transição e que o Brasil é visto no exterior como grande potencial nesse mercado. “Temos uma janela de oportunidade e não podemos perder o momento para entrar nesse mercado de energias sustentáveis. Hoje somos os maiores consumidores de placas solares, mas importamos as placas da China. Não vamos perder essa chance em outras cadeias produtivas da economia verde, como o hidrogênio verde”, destacou o ministro.

O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, esteve no encontro e afirmou que a indústria mineira já trabalha em prol desse movimento. “A gente entende que é a dinâmica que vai dominar o mundo. Já temos em MInas empresas trabalhando para isso, como a Iveco. E não podemos deixar de lembrar da capacidade produtiva da nossa indústria sucroenergética com a produção do etanol que pode contribuir e muito com esse projeto”, comentou.

Mobilidade limpa nos transportes

O Plano de Mobilidade Limpa é uma iniciativa que prevê a redução na emissão de carbono na região central de Belo Horizonte e integra as ações do programa Centro de Todo Mundo que incluirão dez obras de melhorias para o centro da cidade. Entre elas, o projeto de revitalização da avenida Afonso Pena, que conta com R$ 28,8 milhões de investimento da Agência Francesa de Desenvolvimento.

O recurso será usado em melhorias implantação de ciclovias, faixas para o transporte coletivo, recapeamento de asfalto, sinalizações e intervenções urbanas em uma extensão de 4 quilômetros nesta que é uma das principais vias da cidade.

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