Pressionado pela alta da gasolina, IPCA de BH sobe 1,24% em março

Os vários aumentos nos preços da gasolina, anunciados pela Petrobras, fizeram com que a inflação em Belo Horizonte apresentasse a maior alta dos últimos seis anos para o mês de março. De acordo com os dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,24% no mês frente a fevereiro. Somente a gasolina subiu 14,02% no período. Com o resultado, o custo de vida na capital mineira acumulou alta de 2,51% no primeiro trimestre e de 6,32% nos últimos 12 meses.
Segundo a coordenadora de pesquisas da Fundação Ipead, Thaize Vieira Martins Moreira, ao longo de março, a gasolina foi o item que apresentou a maior alta, contribuindo para o aumento do custo de vida.
“Os vários reajustes feitos pela Petrobras impactaram no custo de vida em Belo Horizonte. Com o resultado, registramos a maior variação para o mês desde 2015”, disse.
Em relação ao custo de vida, dentre os itens que compõem o IPCA, o maior destaque, em termos de variação positiva, foi o grupo de Produtos Administrados, que apresentou alta de 4,15% no mês. Neste grupo, a elevação foi provocada, principalmente, pela alta no preço da gasolina.
Também foi verificada alta, de 1,44%, em Bebidas em bares e restaurantes e de 1,18% para Encargos e manutenção.
No período, foram verificadas quedas de 5,79% para Alimentos in natura e de 1,52% para Vestuário e complementos.
No mês, além da alta de 14,02% nos preços da gasolina, foram verificadas altas expressivas em automóvel novo, 3,5%, assinatura de telefonia fixa e internet, 18,20%, assinatura de telefonia fixa, 13,18%, e condomínio residencial, com alta de 1,2%.
Entre as quedas estão as excursões, com 4,38%, seguida pela batata-inglesa, cujo preço caiu 25,52%, maçã gala (-21,59%), e banana-prata (-21,31%.).
Já no acumulado do ano até março, cuja alta do custo de vida já está em 2,51%, a inflação foi puxada pelos Produtos Administrados, com elevação de 5,85%, habitação, 3,72%, pessoal, com alta de 1,29%, e alimentação fora da residência, 1,10%.
Dentre as quedas, destaque para alimentação na residência, com redução de 0,87%.
Cesta básica
Em Belo Horizonte, o custo da cesta básica apresentou variação negativa de 3,24% em março frente a fevereiro. O valor da cesta ficou de R$ 552,32, equivalente a 50,21% do salário mínimo. Com o resultado de março, o preço da cesta apresentou queda de 2,55% no primeiro trimestre, mas ainda está 15,93% maior nos últimos 12 meses.
De acordo com Thaize, a redução se deve à queda de preços em importantes itens, como a batata-inglesa, que caiu 25,48%, e o tomate, com retração de 21,93%.
“Alguns produtos contribuíram para a queda dos valores da cesta básica em março. Porém, na média dos últimos 12 meses, os valores estão bem superiores e, por isso, o consumidor continua sentindo a queda no poder de compras”.
Nos últimos 12 meses, produtos como o arroz e o óleo de soja acumulam altas de 63,05% e 80,96%, respectivamente.
Confiança do consumidor tem queda
O agravamento da pandemia, o aumento da inflação e as medidas mais severas para conter o vírus, que geraram novo fechamento do comércio, foram fatores que impactaram de forma negativa na confiança do consumidor.
De acordo com o Ipead, em março, mês em que o comércio operou com as mais severas restrições decorrentes do combate à pandemia, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) atingiu 29,01 pontos sendo este o nível mais baixo já observado desde o início da pandemia e também de toda a série histórica da pesquisa, que foi iniciada em maio de 2004. Queda de 19,54% no período.
O Índice de Expectativa Econômica (IEE) apresentou uma forte queda de 35,32% em comparação com o mês anterior, influenciado pela piora na percepção dos consumidores sobre todos os itens, principalmente em relação à situação econômica do País.
O Índice de Expectativa Financeira (IEF), também apresentou queda, 10,81%, em comparação com fevereiro, sendo o item Pretensão de compra o que apresentou a maior queda, 26,88%. Com a piora, o indicador voltou a patamares de abril de 2020 quando estava em 30,76 pontos, pior valor até então.
“Ao longo de março os índices que monitoram a pandemia de Covid-19 na Capital pioraram de forma expressiva e medidas mais severas foram adotadas. Dessa forma, o comércio foi novamente fechado com restrições ainda maiores do que em períodos anteriores, o que refletiu negativamente no humor do consumidor”, explicou a coordenadora de pesquisas da Fundação Ipead, Thaize Vieira Martins Moreira.
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