Pressionado pelo aumento do preço da gasolina, IPCA-15 avança 1,09% na RMBH

O aumento dos preços dos combustíveis deve atingir em cheio a inflação na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Conforme a prévia divulgada ontem, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) avançou 1,09% em março na comparação com fevereiro. O crescimento foi o quinto maior entre as 11 áreas verificadas, atrás somente de Belém (1,49%), Brasília (1,44%), Goiânia (1,40%) e Curitiba (1,22%).
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revelam ainda que no acumulado de 12 meses, a alta da inflação já chegou a 6,15% na RMBH. O resultado é maior, inclusive, do que a média nacional na mesma base de comparação (5,52%).
Os números da entidade mostram que o maior impacto individual positivo no índice foi o da gasolina, que apresentou aumento de 12,66% em março. Dentro do grupo transportes, que teve alta de 5,08%, também tiveram incremento o etanol (20,58%), o óleo diesel (13,14%), o seguro voluntário de veículo (6,39%) e o transporte por aplicativo (5,73%).
“O que mais puxou o resultado foi o grupo transportes. A gasolina teve o maior impacto, pois tem um peso muito grande no índice”, afirma a analista do IBGE, Luciene Longo.
De acordo com o professor de economia do Ibmec Paulo Casaca, essa alta na inflação puxada pelos combustíveis não foi uma surpresa.
“Já era mais do que esperado que o combustível seria o principal fator que elevaria o IPCA neste mês, conforme os movimentos anteriores que já estávamos vendo”, afirma ele.
A alta da inflação, porém, não teve só o grupo transportes como motivo. Ainda de acordo com o IBGE, os artigos de residência avançaram 1,45%, com destaque para o móvel para quarto (2,86%).
Já o grupo habitação apresentou alta de 0,91%, puxada pelo preço do gás de botijão (4,82%), do aluguel residencial (1,06%) e da energia elétrica residencial (0,33%).
Também contribuiu para o aumento da inflação em março o grupo saúde e cuidados pessoais (0,51%), com destaques para plano de saúde (0,69%) e perfume (2,79%). O grupo vestuário, por sua vez, avançou 0,08%.

Alimentos
Se, por um lado, a alta dos combustíveis vem impactando a inflação, por outro, já se vê números negativos no grupo alimentação e bebidas, como destaca Luciene Longo. Em março, conforme o IPCA-15, houve queda de 0,43%. “Os alimentos vinham aumentando, mas neste mês houve redução no grupo”, diz ela.
Conforme os dados do IBGE, os impactos mais representativos nesse grupo foram verificados em tubérculos, raízes e legumes (-15,70%) e alimentação no domicílio (-0,78%). Também houve diminuição de preços da maçã (-26,19%) e da banana prata (-7,91%). Por outro lado, pão francês (1,97%) e acém (4,58%) apresentaram alta.
Paulo Casaca, do Ibmec, destaca que a redução dos preços do grupo alimentação e bebidas está relacionada à diminuição da demanda, ocasionada pelo fim do auxílio emergencial. Luciene Longo também cita que é possível que esse fator tenha impactado a demanda. Ela ainda ressalta que os preços de alguns itens foram impactados por questões sazonais.
Sobre a inflação nos próximos meses, Casaca diz que ainda há um quadro de incertezas. Além disso, ele lembra que a velocidade da vacinação contra a Covid-19 é importante para a recuperação da economia.
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