Prévia da inflação avança 0,58% na RMBH

A inflação na Região Metropolitana de Belo Horizonte segue com tendência de alta. Para dezembro, na Capital, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação para o mês, subiu 0,58%. O resultado eleva para 4,72% a inflação acumulada nos últimos 12 meses.
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta teve como principal impulso o grupo de alimentos e bebidas, que subiu 1,58% no mês. Também pesou no resultado a alta no grupo de vestuário, 1,04%, e transporte, 0,49%.
O aumento registrado em dezembro foi o segundo consecutivo, já que em novembro o índice variou 0,55%. Na prévia do País, a alta ficou em 0,52%. Na RMBH, com o resultado prévio do último mês do ano, o índice de inflação acumula alta de 1,09% no trimestre e de 4,72% em 12 meses. Já no País, o avanço foi mais considerável, de 5,9% no ano.
A inflação de dezembro na Grande BH deve ser puxada pelos alimentos. O grupo de Alimentação e Bebidas foi o que apresentou a maior alta, de 1,58%, na prévia de dezembro. Os tubérculos, raízes e legumes tiveram aumento de 18,2%, seguido por hortaliças e verduras, com variação de 4,42%.
Dentre os produtos do grupo, as maiores altas foram nos preços da cebola, 39,05% e do tomate, 27,25%.
O grupo de Vestuário apresentou a segunda maior alta no período, 1,04%, puxado principalmente pelos reajustes nos preços de roupas femininas, 2,11%, e masculinas, 0,76%. No grupo, joias e bijuterias recuaram 1,01%.
No grupo de transportes, a alta ficou em 0,49% na prévia de dezembro, puxada, principalmente, pelos combustíveis, com aumento de 1,4%. Dentre as maiores variações, destaque para transporte por aplicativo, 5,34%, gasolina, 1,09%, e etanol, 4,56%.
Na região metropolitana, o grupo de Saúde e Cuidados Pessoais também ficou mais caro, com aumento de 0,40%. No período, a maior elevação foi verificada nos planos de saúde, 1,20%.
Os grupos de Despesas Pessoais e Educação variaram positivamente, 0,59% e 0,02%. Somente o grupo de comunicação teve queda, de 0,2%.
Momentos distintos
O economista do setor de Estudos Econômicos da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, explica que em 2022 tivemos dois momentos distintos para a inflação. “Na primeira metade do ano, nós tivemos uma forte pressão sobre os níveis de preços, tanto pelo lado da oferta como pelo lado da demanda. O choque da oferta estava associado à pandemia, com diversas restrições em fábricas, na distribuição, o que perdurou até pouco tempo na China. Tudo isso, causou elevação de preços no frete, na produção e a falta de muitos insumos, gerando um choque na oferta e aumentando os preços tanto dos produtos quanto do consumidor”.
Ainda segundo Almeida, do lado da demanda a pressão vivenciada estava associada ao processo de retomada econômica em diversos países, como no caso do Brasil.
“O consumidor passou a demandar mais e a demanda reprimida acabou sendo desaguada no mercado, causando desequilíbrio e impactando na inflação”.

Ao longo do ano, também foram registradas particularidades, como a guerra entre Rússia e Ucrânia que provocou um novo choque, principalmente, associado ao preço dos combustíveis. Tivemos também choque nos alimentos pelos países serem importantes produtores de alguns alimentos, como o trigo.
“Estes são dois importantes grupos que compõem a cesta das famílias, alimentação e bebidas e transportes”.
Almeida explica que, no caso dos combustíveis, estes fatores ditaram a pressão sobre os preços até meados do ano, quando o governo federal, por meio de decreto, limitou a tributação sobre os combustíveis.
“Isso causou um arrefecimento dos preços ao consumidor, principalmente, na gasolina e no etanol. Gerou um processo desinflacionário, principalmente, no componente transporte, o segundo em maior peso no orçamento familiar”.
Para ele, o ano vai encerrar em patamar mais positivo do que previsto até metade de 2022, muito em decorrência da limitação do tributo cobrado.
“Este ano é muito difícil o Branco Central entregar uma inflação dentro da meta estabelecida, que é de 3,5%, com limites de 1,5 ponto para cima ou para baixo, com um teto de 5%. Provavelmente, a meta será, por mais um ano, estourada”.
2023
Para os primeiros meses de 2023, a incerteza em relação à inflação é grande, mas, pela limitação da alíquota do ICMS ter sido proporcionado por um decreto e ser um período de reajuste das mensalidades escolares, pode ocorrer pressão em alguns grupos importantes.
“Se retomadas as alíquotas do ICMS, sem a restrição proporcionada pelo decreto, é possível que ocorra uma pressão adicional sobre os níveis de preços, principalmente, sobre os combustíveis e impactando no grupo de transportes”, disse o economista do setor de Estudos Econômicos da Fecomércio MG, Guilherme Almeida.
De acordo com o sócio sênior managing director da Pezco Economics, Helcio Takeda, para o início de 2023, os reajustes das mensalidades escolares, dos impostos e do salário mínimo irão pressionar os preços dos grupos Educação, Transportes e Despesas Pessoais.
“Ao longo de 2023, a inflação dos preços livres tende a desacelerar, em reflexo da alta na taxa de juros. Por outro lado, essa desaceleração tende a ser ofuscada pelos aumentos esperados em alguns preços administrados”.
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