Prévia da inflação oficial registra uma elevação de 1,13% na RMBH

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) teve, em fevereiro, um aumento de 1,13% na Região Metropolitana de Belo Horizonte, impulsionado principalmente pelos custos de Educação. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice de fevereiro foi o terceiro maior resultado mensal entre as 11 áreas pesquisadas pelo IBGE. A RMBH ficou atrás da de São Paulo (1,20%) e de Curitiba, também com 1,13%. As variações acumuladas em 12 meses foram de 10,32% na RMBH, quinto menor resultado da pesquisa. No País, a variação mensal foi de 0,99% e a anual, de 10,76%.
Na RMBH, oito grupos apresentaram variações positivas: Educação (6,26%), Artigos de Residência (2,03%), Alimentação e Bebidas (1,38%), Despesas Pessoais (1,10%), Vestuário (1,02%), Transportes (1%), Comunicação (0,82%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,21%). Um grupo apresentou deflação: Habitação (-0,06%).
O IPCA-15 é considerado uma prévia da inflação mensal. Ele é medido entre os dias 16 do mês anterior e o dia 15 do mês de referência. E abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.
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A alta no grupo de Educação (6,26%) impactou o índice geral de janeiro em 0,32 pontos percentuais e foi causada pelo aumento das mensalidades: 7,67% no ensino superior , 10,41% na pré-escola, 10,08% no ensino médio e 8,45% no ensino fundamental.
“As mensalidades cresceram por pelo menos dois motivos. Durante a pandemia, as escolas deram descontos, porque os alunos estavam estudando on-line. Na volta ao presencial, os descontos acabaram e elas também estão repassando a inflação, pois passarão a ter custos de manutenção”, explica o coordenador da pesquisa do IPCA-15 em Minas, Venâncio da Mata.
Para se ter uma ideia, em fevereiro de 2021, o aumento das mensalidades foi de pouco mais de 3,35%. Este ano foi de 6,26% em média. Também houve uma aceleração no grupo transporte, com reajuste forte no preço do automóvel novo, de mais de 4,81%. “Também é comum nesse período, quando vira o ano e o consumidor procura um modelo mais novo. Mas nos últimos 12 meses, o aumento foi de 22%, com a queda na oferta pelas fábricas”, salienta o coordenador do IBGE.
No grupo de Alimentação e Bebidas (1,38%), o resultado foi provocado principalmente pelos aumentos da cenoura (72,90%) da alface (30,49%), da batata-inglesa (14,95%), do tomate (7,73%), do leite longa vida (3,58%) e das frutas (2,62%).
Houve quedas no preço da carne de porco (-6,90%) e do arroz (-2,82%). A alimentação fora do domicílio aumentou 0,45%.
Em Transportes (1%), os destaques foram para o seguro voluntário de veículos (7,41%), o automóvel novo (4,81%) e a gasolina (1%). No lado das quedas destacaram-se o transporte por aplicativo (- 12,64%) e as passagens aéreas (-11,09%).
Produtos
Os produtos que mais aumentaram de preço foram cenoura (72,90%), alface (30,49%) e melancia (28,29%). Também se destacaram com aumentos significativos de preços as despesas com pré-escola (10,41%) e ensino médio (10,08%), além de seguro voluntário de veículo (7,41%) e creche (7,34%).
Entre os produtos que tiveram a maior queda de preço estão transporte por aplicativo (-12,64%), banana d’água (-12,31%) e passagem aérea (-11,09%). Carne de porco (-6,90%) e frango inteiro (-4,56%) também ficaram mais baratos. “A questão da alimentação é sazonal, depende da safra e das questões climáticas. Mas os alimentos têm um grande impacto na inflação porque são produtos de grande consumo’’, diz o coordenador da pesquisa.
Segundo ele, nas duas últimas semanas de janeiro, a gasolina subiu quase 1%. Mas, no acumulado dos últimos 12 meses, o preço do combustível aumentou 43,02%, com uma grande participação no índice geral de 10,32%, devido ao seu peso no orçamento das famílias. E também na planilha de custos dos produtos, ao lado do diesel, que aumentou 42% nos últimos 12 meses.
O produto campeão em aumento foi o mamão – cujo preço ficou 108% maior, seguido pela cenoura, que teve 91% de aumento no acumulado do ano.
Margem apertada
Em janeiro, o IPCA-15 foi de 0,72%, agora ultrapassou 1%, o que, segundo o coordenador da pesquisa, não indica necessariamente uma disparada da inflação, mas aperta a margem para cumprir o centro da meta previsto pelo Banco Central para 2022, que é de 3,5%.
“É um impacto pontual esse do grupo Educação, comum nessa época do ano. Mas o grupo alimentação teve 1,47% em janeiro e 1,38% em fevereiro, um percentual alto. Não podemos prever o que vai acontecer daqui pra frente, mas se continuar nesse patamar, a inflação não cede”, diz Venâncio da Mata, que não se arrisca a dizer qual será o IPCA geral.
“A gente não pode estabelecer o que vai acontecer para influenciar o índice, que só será divulgado no início de março. Com o conflito na Ucrânia, o dólar está baixando, mas o preço do barril de petróleo está aumentando, ou seja, dois movimentos diferentes em fatores que impactam o IPCA geral”, finaliza.
Índice é o maior no País em 6 anos
São Paulo – O IPCA-15 acelerou a alta de forma expressiva em fevereiro e alcançou o maior nível para o mês em seis anos, com a sazonalidade dos custos de educação, o que levou a taxa em 12 meses para perto de 11%, num momento em que o Banco Central luta para controlar a elevada inflação no País.
Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação brasileira, subiu 0,99%, ante taxa de 0,58% em janeiro.
Essa é a maior variação mensal para um mês de fevereiro desde 2016 (+1,42%), de acordo com dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com isso, em 12 meses até fevereiro o índice acumulou alta de 10,76%, de 10,20% em janeiro, patamar mais alto nessa base de comparação desde fevereiro de 2016 (10,84%).
Essa taxa é mais do que o dobro do teto da meta de inflação para 2022 – 3,50%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Os resultados de fevereiro ficaram bem acima das expectativas em pesquisa da Reuters de avanços de 0,85% no mês.
Em fevereiro, os preços de oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram. A maior variação e o maior impacto vieram do grupo Educação, com avanço de 5,64%, diante da alta de 6,69% dos cursos regulares devido aos reajustes normalmente adotados no início do ano letivo.
Alimentação e bebidas também se destacou, com aceleração da alta dos custos a 1,20% em fevereiro, de 0,97% no mês anterior. As maiores elevações foram registradas em cenoura (49,31%) e a batata-inglesa (20,15%).(Reuters)
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