Produção da FPT Industrial cresce 28% em 2025, mas Selic e commodities reduzem expectativa para 2026

O volume de produção de motores da FPT Industrial, fabricante do Iveco Group, com unidade localizada em Sete Lagoas, na Região Central do Estado, cresceu 28% no acumulado deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar do forte crescimento, a expectativa para o próximo ano é bem mais modesta. Frente a um cenário com taxa básica de juros (Selic) historicamente elevada e menores preços de algumas commodities agrícolas, a marca espera aumentar a produção para algo entre 5% a 8% em 2026.
O presidente da FPT Industrial para a América Latina, Carlos Tavares, analisa que a Selic alta tem reduzido a aquisição de veículos pesados no País, o que afeta diretamente a perspectiva da marca, ainda que a Iveco tenha registrado alta em volume de produção e participação no mercado. Atualmente, a Selic está em 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006.
“A taxa de juros no Brasil está realmente numa situação que dificulta o financiamento para máquinas agrícolas, para caminhões e também para geradores de energia elétrica. E a gente é fornecedor desses três segmentos”, observa Tavares.
O executivo destaca ainda que outra ponta importante para a empresa, o agronegócio, tem vivido uma relativa estabilização nas cotações de commodities como milho, soja e trigo em patamares menores, o que reduz a perspectiva de investimentos e, consequentemente, uma comercialização maior de motores da FPT Industrial para máquinas agrícolas. “Isso também é um dificultador de crescimento neste segmento”, disse.
Mesmo com expectativas mais baixa no desempenho industrial, o presidente da FPT Industrial destaca o desempenho positivo da fabricante em meio a esse caminho das pedras, já que a produção no biênio 2025-2026 deverá registrar um crescimento acumulado expressivo. E, pelo menos até o momento, afirma Tavares, a FPT Industrial não tem de se preocupar com o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Ele explica que a empresa tem uma sólida base de fornecedores nacionais que não foi afetada pelas tarifas trumpistas. Além disso, as exportações da FPT Industrial são voltadas principalmente para o México e a empresa ainda conta com uma fábrica em Córdoba, na Argentina, caso seja preciso escapar do alvo de Trump em cima dos produtos brasileiros.
Até mesmo o fato de um cliente exportar geradores elétricos para os Estados Unidos não afeta a produção da fabricante de motores, já que ele está fora do Brasil. “Ele está no Equador, então ele usa o nosso motor como matéria-prima para a fabricação dos geradores de energia elétrica. Ou seja, para a FPT, neste momento, o tarifaço não está causando nenhum impacto comercial de volumes, não houve nenhum impacto para nós”, disse Tavares.
Motor multicombustível da FPT Industrial avança em máquinas agrícolas
A Iveco apresentou neste mês um protótipo de veículo comercial leve movido a etanol, gás natural e biometano, o Daily Multifuel, que pode representar uma nova fase no transporte urbano de cargas caso seja realmente levado ao mercado. A marca conta com uma estratégia multienergética, com veículos a gás natural, biometano e energia elétrica, e é a única montadora da América Latina com um portfólio todo movido a energia renovável.
O presidente da FPT Industrial da América Latina explica que, enquanto o Daily Multifuel vai começar a ir a campo para testes mais realistas do cotidiano dos serviços para o qual foi projetado, nas máquinas agrícolas o motor multicombustível já está em fases mais avançadas.
“Não examinamos somente o motor em si, mas a missão na qual esse motor vai estar trabalhando. Também temos testes sendo feitos com o mesmo desenvolvimento para máquinas agrícolas, tratores e colheitadeiras. A grande missão é entregar o chamado TCO (Total Custo de Propriedade, na sigla em inglês) à equivalência com o diesel”, conta.
O TCO considera não apenas a aquisição, mas gastos variáveis como manutenção e consumo de combustível, por exemplo, durante toda a vida útil do veículo. Tavares revela que os canavieiros parceiros da empresa para testar os motores informaram resultados animadores.
Eles apontaram que o propulsor já está dentro do breakeven esperado para o produto e a expectativa é de que, em algum tempo, o motor possa se tornar uma realidade tanto no agronegócio quanto para serviços urbanos.
Ouça a rádio de Minas