Economia

Produção da indústria de Minas tem queda pelo segundo mês consecutivo

Aumento dos estoques de produtos finais evidencia o desaquecimento da demanda por bens da indústria mostra Sondagem Industrial da Fiemg
Produção da indústria de Minas tem queda pelo segundo mês consecutivo
Indicador de emprego na indústria mineira apresentou também retração em julho, de acordo com a Sondagem da Fiemg | Crédito: Divulgação/Alpargatas

A produção industrial de Minas Gerais teve recuo pelo segundo mês consecutivo, segundo a Sondagem Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), divulgada ontem. A economista da gerência de Economia e Finanças Empresariais da entidade, Daniela Muniz, explica que o indicador mostrou queda na produção ao permanecer abaixo dos 50 pontos – limite entre retração e aumento. 

O indicador de produção cresceu 2,3 pontos em julho frente ao mês anterior (46,8 pontos), marcando 49,1 pontos. Porém, na comparação com julho do ano passado (50,4 pontos), o índice teve recuo. A queda neste tipo de comparação foi de 1,3 ponto. “Normalmente, julho apresenta um pequeno aquecimento, já que o segundo semestre é tradicionalmente melhor para a indústria”, diz.

Ela chama a atenção para o aumento dos estoques de produtos finais pelo quinto mês consecutivo, o que evidencia o desaquecimento da demanda por bens industriais. O levantamento mostra que esse crescimento está acima do planejado pelas empresas, refletindo o esforço para se adaptar a um mercado em transformação.

O indicador de emprego também não apresentou resultado positivo e recuou 1,6 ponto em relação a junho (50,9 pontos) e voltou a sinalizar queda do emprego, com 49,3 pontos em julho. Frente a julho de 2022 (51,7 pontos), o índice diminuiu 2,4 pontos, sendo o mais baixo para o mês em quatro anos.

Para a economista, os dados negativos apresentados estão relacionados com o alto endividamento das famílias, que acaba tendo relação com a elevada taxa de juros ainda vigente no País.

Pesquisa Quaest mostra que metade dos consumidores com nome sujo não consegue sair do cadastro negativo. De acordo com o levantamento, 56% dos brasileiros já foram incluídos no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e na Serasa, e 51% afirmaram que não limparam os nomes.

Ela lembra que ainda há resquícios da época da pandemia, dependendo da renda, já que a organização das finanças e o pagamento das dívidas leva tempo para acontecer, bem como o reflexo da redução dos juros. 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou a Selic em 0,50 ponto percentual no início deste mês, chegando a 13,25% ao ano. “Foi um bom começo e o BC sinalizou outras reduções de forma gradativa. Logo, vai demorar um pouco para chegar no patamar ideal”, observa. 

Diante do cenário de desaquecimento, o índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual reduziu 0,6 ponto na comparação com junho (43,7 pontos), marcando 43,1 pontos em julho. O indicador abaixo dos 50 pontos mostrou que as empresas operaram com capacidade produtiva inferior à habitual para o mês. Frente a julho do exercício passado (45,2 pontos), o índice decresceu 2,1 pontos.

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Empresariado da indústria mineira continua otimista

Apesar das dificuldades, a Sondagem Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), divulgada ontem, mostra que os industriais mineiros seguem otimistas com relação aos próximos seis meses. O índice de expectativa de demanda, por exemplo, registrou leve aumento de 0,2 ponto na comparação com julho (55,8 pontos), e alcançou 56 pontos em agosto.

O resultado sinalizou perspectiva de elevação da demanda nos próximos seis meses, ao continuar acima dos 50 pontos. Já na comparação com agosto de 2022 (59,2 pontos), o indicador caiu 3,2 pontos, sendo o menor para o mês em seis anos.

O levantamento também mostrou que índice de expectativa de compra de matérias-primas teve queda 0,5 ponto entre julho (54,9 pontos) e agosto (54,4 pontos). Apesar do recuo, o indicador mostrou perspectiva de avanço das compras de matérias-primas no curto prazo ao ficar acima de 50 pontos. Já o indicador de expectativa de número de empregados nos próximos seis meses cresceu 0,7 ponto frente a julho (52,8 pontos) e chegou a 53,5 pontos em agosto.

Outro indicativo do otimismo do empresário industrial é mostrado pelo resultado do Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), também calculado pela Fiemg. Apesar do recuo de 0,3 ponto de julho para agosto, o resultado mostra que a indústria mineira se manteve confiante pelo sétimo mês seguido, já que o indicador superou os 50 pontos (limite entre falta de confiança e confiança). O Icei chegou aos 53,1 pontos, acima de sua média histórica, de 52,8 pontos.

A economista da gerência de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg, Daniela Muniz, destaca que a sondagem mostrou que as intenções de investimento dos industriais avançaram, só que notar que atingiram o ponto mais baixo para o mês de agosto em três anos. “Esse movimento sugere um certo grau de cautela em relação às incertezas do ambiente de negócios”, diz.

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