Produção da indústria em Minas volta a crescer após 4 quedas consecutivas

A produção industrial em Minas Gerais voltou a crescer em março de 2024, após quatro quedas consecutivas da atividade.
De acordo com a Sondagem Industrial de março, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o índice de evolução da produção da indústria registrou alta de 5,6 pontos em relação a fevereiro (46,3 pontos) chegando a 51,9 pontos, ficando acima dos 50 pontos – limite entre queda e elevação.
Além da produção industrial, a pesquisa mostrou que o emprego cresceu pelo terceiro mês consecutivo. O indicador de evolução dos números de empregados subiu 0,6 ponto quando comparado com o mês anterior e registrou 51,6 pontos ante 51 em fevereiro. Mas, em relação a março de 2023 (52,2), caiu 0,6 ponto. É o menor para o mês nos últimos três anos.
O levantamento também fez um recorte do cenário industrial no primeiro trimestre deste ano (1T24). As empresas apontaram para a Fiemg que a elevada carga tributária (36,2%) é o maior entrave para a produção da indústria neste período. É o segundo trimestre consecutivo em que a tributação é apontada como principal dificuldade.
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Em seguida, a demanda interna insuficiente (27,6%) e a falta ou alto custo de trabalhador qualificado (25,7%) são apontados, respectivamente, como o segundo e terceiro principais desafios para o setor no 1T24.
A economista da Fiemg e coordenadora da Sondagem Industrial, Daniela Muniz, analisa que a complexidade da tributação no país é um desafio para o setor (leia a análise completa ao final do texto).
Intenção de investimento da indústria
O índice de expectativa de demanda marcou 56,7 pontos em abril, alta de 1,7 ponto ante março (55 pontos). O resultado sinalizou perspectiva de crescimento da demanda nos próximos seis meses pela 46ª vez seguida, ao ficar acima dos 50 pontos – fronteira entre recuo e expansão. Em relação a abril de 2023 (55,9 pontos), o indicador subiu 0,8 ponto.
Já o indicador da Fiemg de intenção de investimento da indústria registrou 59 pontos em abril, queda de 1,5 ponto em relação ao mês anterior (60,5 pontos). É o menor valor apurado em seis meses. Em relação a abril de 2023 (60,2 pontos), o indicador registrou queda quase na mesma intensidade, de 1,2 ponto.
Produção da indústria opera abaixo da capacidade
Ainda segundo a pesquisa da Fiemg, a indústria operou uma produção abaixo da sua capacidade no terceiro mês do ano. O índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual obteve 42,6 pontos e ficou estável em relação a fevereiro, mas recuou 3,7 pontos frente a março de 2023, quando marcou 46,3 pontos. O resultado está 0,7 ponto acima da média histórica de 41,9 pontos.
Outro fator de insatisfação dos industriais mineiros é o acúmulo indesejado de estoques. O estoque de produtos finais da indústria recuou pelo segundo mês seguido e registrou 49,5 pontos em março. Mesmo assim, os acúmulos de produtos finais voltaram a ficar um pouco acima do planejado pelas empresas, o que fez esse índice registrar 50,7 pontos na pesquisa da entidade.
Análise: taxa de juros deixa de figurar entre principais entraves da produção da indústria
Apontada na pesquisa da Fiemg como principal entrave para a produção da indústria no 1T24, a carga tributária do Brasil é historicamente alta em comparação a outros países. A economista Daniela Muniz comenta que, além da tributação ser elevada, sua complexidade também desafia o setor. “A elevada carga e sua complexidade podem afetar diversos aspectos da economia, como consumo, investimentos, e principalmente a competitividade das empresas brasileiras no mercado global”, disse.
Ela aponta a aprovação da Reforma Tributária, após longa discussão com diversos agentes da economia e política do País, como um avanço significativo em busca de uma simplificação dos impostos.
Em relação à demanda interna insuficiente como segundo principal entrave do 1T24, a economista da Fiemg ressalta o fato de a produção da indústria registrar acúmulo de estoques. Isso indica uma demanda inferior ao esperado. “Os estoques são um termômetro da necessidade de aumento da produção para suprir a demanda ou não”, afirma.
Já o aquecimento do mercado de trabalho faz com que o trabalhador fique mais valorizado, o que aumenta a dificuldade dos empresários de conseguir mão de obra qualificada.
Outro ponto de atenção na pesquisa da Fiemg é o item taxa de juros elevada, que deixou de figurar entre os cinco principais entraves da produção da indústria no trimestre. Nos três primeiros trimestres de 2023, os juros elevados foram apontados como um dos três principais. Agora, foi o sétimo.
“Certamente esse afrouxamento da política monetária tem contribuído sobremaneira para que empresários tenham uma percepção de que esse problema está sendo menos uma questão que está prejudicando tanto o consumo, como os investimentos”, declara Muniz.
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