Produção da indústria mineira de alimentos cresceu 5,6% em 2021

A produção da indústria de alimentos em Minas Gerais cresceu 5,6% em 2021, na comparação com 2020, crescimento superior ao observado no Brasil (1,8%) na mesma base de comparação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram criados 7.880 novos postos de trabalho, ou cerca de 4% a mais do que os atuais 183 mil empregos do setor no Estado. As informações são da Câmara da Indústria de Alimentos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que reúne 26 sindicatos nos setores de pão, carne, leite, massas e bebidas, entre outros.
A indústria nacional de alimentos, por sua vez, vendeu 3,2% a mais em 2021 e aumentou o faturamento em quase 17%, um indício claro do aumento de preços – sentido no bolso por qualquer consumidor brasileiro. Em Minas, as informações sobre faturamento não estão disponíveis, mas a arrecadação de ICMS cresceu 4,5%, ou seja, menos que a produção. Mas os preços também aumentaram.
“Vários fatores contribuíram para essa pressão nos preços, a começar pelos custos gerais como energia elétrica, combustíveis e as correções de salários e aluguel”, cita o presidente da Câmara da Indústria de Alimentos, Winicius Segantini Dantas, que é empresário do setor de panificação.
O setor sofre pressões específicas. Dantas cita o exemplo do pão, que subiu mais do que a inflação. Pesquisa do site Mercado Mineiro apontou que o quilo do pão francês, que custava em média R$14,56 em fevereiro do ano passado, subiu para R$16,42, um aumento de 12,79% nos últimos doze meses.
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“O trigo enfrenta problemas climáticos, como a estiagem no Sul do País. Estão plantando muita soja, que é um cultivo mais fácil e isso vai trazer problema na produção. A Argentina, por sua vez, não quer mais vender o trigo e sim a farinha. Querem agregar valor ao produto, o que já se reflete nos moinhos”, contextualiza o empresário. “O aumento dos preços tem a ver com a disponibilidade do produto e hoje é o mercado que está dando as cartas. Quem tem a mercadoria é que põe o preço”, completa.
Outra curiosidade do mercado de alimentos está no preço da carne. O filé mignon despencou. Chegou a ser vendido por R$ 100 o quilo e agora pode ser encontrado a cerca de R$ 50. “Mudou o consumo por causa do preço. Enquanto isso, o dólar cai, mas o trigo não cai, assim como a gasolina e o chocolate”, exemplifica Dantas.
Em 2021, à medida que a vacinação foi crescendo, a indústria de alimentos foi retomando a produção e crescendo. Mas teve que se adequar a mudanças rápidas, como as inovações tecnológicas e os novos formatos de consumo que forçaram o setor, por exemplo, a adotar novas embalagens.
Caso do pão doce, que antigamente era exposto. “Ele teve que ser embalado, já que o cliente passou a resistir ao produto aberto, receoso do excesso de manuseio. Quem foi trabalhar em home office ficou focado em produtos mais saudáveis e a indústria teve que responder a essas necessidades”.
Em relação à pandemia, o setor de alimentos está vindo de uma saia justa com a variante Ômicron. Só na empresa de Winicius, que tem sete padarias, em 29 dias do mês de janeiro foram 362 dias de atestado.
Perspectivas otimistas
Com o número de casos reduzindo, as perspectivas são positivas. “Tivemos muita dificuldade de manter a produção. Agora, acredito que vamos avançar. Pelo menos teremos energia elétrica, já que os reservatórios estão com o nível acima de 70%. Acredito que o próprio mercado vai se equilibrar”, espera o presidente da Câmara da Indústria de Alimentos.
Segundo ele, o consumidor é agente desse equilíbrio quando vai à padaria e, com o pão caro, compra apenas “a quantidade das cabeças”, sem deixar sobrar. A própria indústria dá seu jeito. Dantas conta que uma empresa do ramo de sorvetes está entregando seus picolés apenas amarrados, não mais nas caixas de papelão. Não é para menos: a indústria enfrentou altas no preço das embalagens que chegaram a 100%, além de restrições na oferta.
A entrada da nova safra de grãos, a partir deste mês – se confirmadas as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de expansão de até 12,5% no volume de produção – é outra boa notícia para o setor, ao melhorar a disponibilidade de matérias-primas e reduzir as pressões sobre os custos de produção.
Para Winicius Dantas, também fortalecem o otimismo do setor os esforços da Fiemg e do governo do Estado. Para ele, ambos estão na linha de frente para trazer novos negócios para Minas, o que irá gerar empregos e renda e, consequentemente, aumentar o consumo de alimentos.
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